P. Ferreira-Sporting, 0-2 (crónica) - TVI

P. Ferreira-Sporting, 0-2 (crónica)

Boas ideias no primeiro capítulo do leão

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O terror da folha em branco é uma maleita comum no meio literário. Até no jornalístico, podem acreditar. O pânico de nada ter na mente, nada ser capaz de criar. Chegar ao fim do expediente e voltar a casa sem nada que se apresente. Terrível. No futebol não é diferente. Há equipas que entram, correm 90 minutos e mergulham no duche sem um único metro percorrido pelo neurónio mais estimulante.

Neste Sporting de Rúben Amorim não é assim. Há defeitos, ainda muitos, mas o bloco de notas está repleto de boas ideias. Em teoria, o que é sempre um bom começo, a equipa será capaz de apresentar um ideário de movimentos e combinações que há muitos anos não se vê pelos lados de Alvalade.

FICHA DE JOGO, NOTAS E VÍDEOS DA PARTIDA

Na Mata Real, foram essas ideias que ganharam o jogo. São ideias incompletas, muitas vezes notas soltas e pontuais, mas suficientes para alguém folhear e ficar com curiosidade para ler e ver mais. A saída sempre em passe curto e exposta ao risco, a projeção dos bons laterais (Nuno Mendes já tem um nível impressionante), a exploração do espaço interior através de Wendel (quando é preciso queimar linhas) e Luciano Vietto (quando se pede algo aproximado a um lampejo de génio).

Os primeiros 25 minutos, principalmente até ao golo de Jovane de penálti, foram francamente bons e funcionaram quase como um teaser para aquilo que o espetador leonino espera ver nesta primeira temporada completa de Rúben Amorim.

O Paços de Pepa, que tão bons sinais deixou na época anterior e em Portimão na passada semana, foi incapaz de contrariar o manual de instruções do leão e o projeto do adversário para esta primeira aparição na Liga. Houve um pontapé do poderoso Douglas Tanque, uns livres bem batidos por Bruno Costa e, francamente, pouco mais.

É verdade que a lesão de Jovane deixou o Sporting menos afinado durante alguns minutos, mas nem nesse período o experimentadíssimo Antonio Adán teve algo de importante para dizer. O espanhol foi funcionário atento, disponível para resolver um ou outro biscate básico, nada mais além disso.

DESTAQUES DO JOGO: Nuno Mendes, condenado ao sucesso

Se em posse o Sporting sabe bem o que pretende, no posicionamento defensivo também apresentou melhorias. A dupla Wendel-Matheus Nunes não convence ou, pelo menos, não dá absolutas provas de qualidade, mas já deu um passo em frente no entendimento.

O Paços foi tentando uma ou outra aproximação, sim, só que teve um Luther Singh anormalmente desinspirado e um meio-campo que exagerou nos passes para o lado e para trás. Quando tentou apertar e pressionar alto, foi surpreendido com um passe mais direto e uma segunda bola. A equipa de Pepa tem qualidade para mais, muito mais.

O segundo golo do Sporting é, de resto, o exemplo perfeito deste Paços algo… sonolento. Tiago Tomás cruzou primeiro na direita, a bola foi para a esquerda, Nuno Mendes voltou a cruzar, Feddal ganhou facilmente no ar e Coates ainda marcou em esforço. Demasiado simples.

Para estreia no campeonato, o produto apresentado por Rúben Amorim e companhia não podia ter sido melhor. O bloco de notas chegou bem recheado e sem espaços em branco. O primeiro capítulo está escrito e bem escrito.  

RESUMO VÍDEO:

 

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