Sporting-Santa Clara, 1-0 (crónica) - TVI

Sporting-Santa Clara, 1-0 (crónica)

Sporting-Santa Clara

Com papas e bolos...

Relacionados

Quem olha de fora pensa que o Sporting até está num bom momento. Afinal de contas são seis jogos sem perder, em todas as competições, e quatro vitórias nesta série de seis jogos.

Convém não ser tolo, porém.

O Sporting arrasta-se. Triste, descrente, hesitante. Soma uma vitória aqui, um empate ali, mais uma vitória acolá, mas verdadeiramente não encanta ninguém. Não sai daquele registo cinzentão.

É verdade que consegue dominar os jogos, como fez esta noite: tem a posse de bola, jogo no meio campo adversário, manda no encontro. Mas a posse de bola torna-se estéril: não traz perigo.

Convém lembrar que só chegou ao golo, por exemplo, porque o Santa Clara cometeu um erro capital: na sequência de uma bola fora, deixou Bruno Fernandes solto perto da área. Acuña foi rápido a meter-lhe a bola, aproveitando o facto de não haver foras de jogo em lançamentos laterais, Bruno Fernandes isolou-se e tocou para o lado, para o remate triunfante de Raphinha.

Veja a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Num instante isolado, o Sporting fez um golo que valeu o triunfo e a ideia de que está tudo bem.

Não está, claro.

Até porque, exceção feita ao golo, as melhores ocasiões foram do Santa Clara. Sobretudo duas.

A primeira ainda na metade inicial, num desvio de Schettine que saiu por cima da barra, a segunda num remate de Chrien na zona de penálti, com selo de golo: valeu Ristovski a oferecer o corpo à bola e a evitar que esta se dirigisse para a baliza.

O Sporting, esse, só criou uma verdadeira oportunidade de golo não concretizada: um remate de Raphinha bem puxado ao poste que Marco salvou com uma excelente estirada.

Tudo o resto que a equipa leonina fez, e foi muito o domínio que teve, foram remates que Marco encaixou facilmente e cruzamentos para a área não finalizados. Como por exemplo aquele, ainda na primeira parte, após um centro de Borja ao qual Bas Dost não chegou por muito pouco.

Raphinha jogou e marcou: os destaques da partida

Por isso, lá está: convém não ser tolo.

O Sporting não convida ninguém para se sentar à mesa de um banquete farto e fausto. Vai tentando enganar-nos com papas e bolas. O que é muito pouco, claro.

Nesta equação, de resto, convém não esquecer Marcel Keizer.

O treinador parece mergulhado numa série de dúvidas. Já tentou de tudo: três e quatro defesas, três e cinco médios, um e três avançados, oscila entre uma ideia e outra, não estabiliza a equipa, não cria uma espinha dorsal, não defende uma ideia clara.

O que os jogadores fazem dentro de campo é a tradução destas dúvidas.

É verdade que a equipa vai ganhando e permanece na luta pelo pódio, mas no fundo – bem lá no fundo, no íntimo mais fundo – fá-lo com um futebol trémulo, vacilante, temeroso.

Sem chama.

Continue a ler esta notícia

Relacionados