Há uma frase que marca indelevelmente a Guerra dos Tronos: o inverno está a chegar. É uma marca de água da obra de George RR Martin e que significa mais do que diz.
Não é apenas o inverno que está a chegar, é uma época de tormentas que se avizinha.
Ora a vitória deste sábado do Sporting sobre o Tondela anuncia, também ela, que o inverno está a chegar. O que promete ser uma marca de água nesta temporada.
Antes de mais porque esteve realmente frio em Alvalade, numa daquelas noites que aconselham um casaco grosso. Depois, e sobretudo, porque o jogo foi lento, motóno, arrastado, como acontece tantas vezes quando as noites gélidas caem sobre o país e tornam tudo mais triste.
Não foi, mas pareceu um jogo de janeiro.
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O Sporting venceu e venceu bem, porque foi sempre melhor, teve o total domínio do jogo, foi aliás a única equipa que criou situações de perigo junto da baliza adversária.
Mas isso é pouco para dizer que tenha sido uma grande noite leonina.
Não foi.
Jorge Jesus deixou Gelson e Battaglia no banco, lançando Iuri Medeiros e Alan Ruiz, o que ajuda a explicar que a equipa se tenha virado do avesso: se muitas vezes é acusada de não ter jogo interior, esta noite não teve jogo exterior, pelas alas, insistindo em furar pelo centro do relvado.
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Talvez por isso foi extremamente difícil encontrar ocasiões de perigo junto das balizas.
O Tondela porque não tinha capacidade para isso, o Sporting porque se tornava presa fácil para a condensada estrutura defensiva adversária.
Feitas as contas, por exemplo, a primeira parte só teve duas ocasiões de golo para além da bomba de Mathieu: um remate de Iuri a rasar o poste e outro de Alan Ruiz para defesa de Cláudio Ramos.
A segunda parte não foi aliás muito diferente, até Bruno Fernandes lançar outra bomba. Depois disso, sim, o Tondela foi por ali abaixo e o Sporting aproveitou para ameaçar fazer o golo por duas ou três vezes, mas antes disso o jogo estava a ser um buraco frio, frio, frio.
Ora por isso vale a pena referir que foram duas bombas a temperar o jogo.
Primeiro na marcação de um livre a trinta metros da baliza, que Mathieu bateu em jeito ao ângulo. Depois num remate expontâneo de Bruno Fernandes também ao ângulo, que confirmou uma tendência recente: o médio está de pé quente e não sabe fazer golos pouco espetaculares.
Dois golaços. Dois pozinhos de brilho numa noite severa.
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Pelo meio destas duas bombas, é preciso dizê-lo, o Tondela chegou a tornar o Sporting intranquilo.
Fê-lo mais ou menos a meio da segunda parte, quando se tornou atrevido e deixou a equipa leonina confusa: até porque a vantagem nessa altura era mínima e um percalço podia custar dois pontos.
O que só vem reforçar o que se disse no início desta crónica.
Claro que para já está tudo bem no reino do leão. O Sporting venceu, pela primeira vez ganhou ao Tondela em casa, aliás, quebrando uma ameaça que se erguia, por isso continua a somar por vitórias os seis jogos realizados no campeonato e mantém o primeiro lugar da classificação.
Sim, tudo isso é verdade, mas é melhor preparar-se: está a chegar o tempo das noites frias, das gargantas geladas, das ideias escassas e das exibições acanhadas que no final sentenciam o campeão.
Sim, o inverno está a chegar.