Benfica-Famalicão, 2-0 (crónica) - TVI

Benfica-Famalicão, 2-0 (crónica)

Grimaldo e Alexandre Guedes no Benfica-Famalicão (Manuel Almeida/LUSA)

Voltou Jesus e a águia «pregou-se» ao pódio

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O Benfica viu um raio de sol, mas ainda não saiu das trevas futebolísticas em que se meteu. Os encarnados venceram um Famalicão também ele frágil de resultados, garantiram o encurtar da diferença para Sp. Braga e FC Porto, mas ainda são uma equipa em sobressalto absoluto.

Talvez o tenham de ser. Alguém que chega à 2.ª volta do campeonato com 11 pontos de diferença para o líder, é mesmo alguém que não pode andar descansado ou ter clareza nas decisões. Deixa-se levar pela emoção, pelas incidências do jogo, nesta noite, mais pelo contexto que vive do que pelo que o marcador ditava.

O 2-0 deu uma sensação de segurança, mas a segunda parte do Famalicão mostrou claramente que até um adversário ferido ainda pode incomodar. Jesus voltou, voltaram também as vitórias e, com isso, o Benfica «pregou-se» ao pódio.

Uma entrada eficaz do Benfica elevou para 2-0 o marcador quando havia apenas sete minutos de jogo. Do ponto de vista encarnado, era um início mais do que desejado. Se o 1-0 trazia um pouco de paz nos espíritos benfiquistas, o 2-0 podia trazer alguma confiança.

Pelo menos, desta vez, ia haver alguma margem para o erro e existia também agora uma barreira no marcador que os minhotos tinham de ultrapassar, para agudizar a crise encarnada e esquecer a própria que eles vivem: perderam sete dos últimos oito jogos.

Quando Darwin atirou para o 1-0, não chutou apenas a bola. Chutou alguma da ansiedade em que ele próprio vive. Everton meteu alguma imprevisibilidade na direita, mas o toque de Taarabt no lance é fundamental, para a incursão na área e deixar a defesa famalicense em apuros. Depois, o brasileiro deixou Darwin sem opinião no lance. Era para marcar.

Sem nada mais a relatar, a diferença aumentou porque ao terceiro remate do jogo Otamendi fez golo. O segundo, diga-se, foi aquele que obrigou Luiz Junior a defender para os pés do argentino.

O jogo pôs-se nesta ideia: tranquilo no resultado, como reagiria agora o Benfica dos três empates e uma derrota nos últimos quatros jogo de campeonato? Como seria a abordagem da equipa, agora que Jesus voltou ao banco depois de um surto de Covid-19 que quase não poupou ninguém?

Até aos 25 minutos, o Benfica esteve em paz. Dominou, teve mais ocasiões e se mantivesse os níveis de eficácia haveria uma goleada. Mas o enquadramento dos remates ainda é um problema e, por isso, o 2-0 era uma teimosia que saía do desacerto dos da Luz.

Nesse período, os números indicavam o domínio do Benfica: 70 por cento de posse de bola, zero remates minhotos e mais de meia dúzia dos encarnados.

O remate ao poste de Gil Dias, aos 27 minutos, podia ter sido um acaso no jogo. Não foi. Porque depois de uma primeira parte em que apenas uma bola parada e um corte defeituoso puseram o Benfica em perigo com o tal pontapé de Dias, o segundo tempo foi muito diferente.

Silas já tinha mexido. Com 2-0, tirou Edwin Herrera e lançou Guedes. Isso provocou alteração nos três da frente e nos quatro do meio do 3x4x3 do técnico. O Famalicão foi crescendo na partida, conseguiu trocar mais a bola e no segundo tempo partiu para a baliza de Odysseas.

O jogo dos minhotos foi a prova de que este Benfica ainda precisa de mais algum tempo no divã. É verdade que os encarnados continuaram a ter ocasiões, mas deixaram de controlar o jogo. Perderam o domínio no primeiro tempo e perderam o controlo no segundo.

A ansiedade voltou a instalar-se e, aí, deve-se também a algo notório nesta equipa de Jesus: há muita gente a decidir mal na frente e, em vários momentos, isso leva o jogo para ataques e contra-ataques e o adversário fica próximo de reentrar no jogo.

Cervi decidiu mal após recuperação de bola, Grimaldo, até ele, preferiu tocar ao lado quando tinha um colega em incursão na frente com campo aberto, Darwin equivoca-se tantas vezes e Everton idem. Jesus sempre teve equipas letais na transição ofensiva. Esta versão 2020/21 do Benfica é, estranhamente, uma exceção.

Sem aumentar o score, os encarnados deixaram os famalicenses a um golo de meter a dúvida e os tais números terminaram assim: 56-44 em posse de bola, 13-10 em remates. Oportunidades várias dos minhotos houve e, para além do resultado, é isso que permanece ainda do relvado da Luz.

Ou seja, Benfica iguala o Sp. Braga, está a três do FC Porto e a oito do Sporting. Mas ainda não deu um sinal absolutamente claro de que está mais próximo em termos de jogo do que na tabela.

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