Sp. Braga-FC Porto, 2-3 (crónica) - TVI

Sp. Braga-FC Porto, 2-3 (crónica)

Sp. Braga-FC Porto

Duas detonações de onze metros e o campeão saiu da cratera que escavou

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Ao quinto duelo, o Braga de Abel voltou a perder com o FC Porto de Conceição.

O campeão nacional isolou-se à condição no comando do campeonato, com três pontos de vantagem sobre o Benfica, que só mais logo recebe o Tondela, e abriu uma distância de oito para o Sp. Braga, que a sete jornadas do fim terá dito adeus ao título.

Na antevisão, Abel socorreu-se de um provérbio: «Água mole em pedra dura…» A verdade é que o Sp. Braga picou, bateu, mas não teve como furar um campeão que soube sair a tempo da cratera que ele próprio escavou.

Hoje, o Porto, não foi de granito. Longe disso… Mas, mesmo sem ser pedra dura, dominou a batalha e salvou-se na Pedreira com duas detonações dos onze metros no espaço de dez minutos.

Recuemos ao início neste clássico nortenho e vespertino, marcado pelo regresso de muitos jogadores das seleções.

15h30: talvez pelo horário, mais cedo do que o habitual, o dragão entrou estremunhado em campo. Ainda nem tinha os olhos bem abertos e já perdia por 1-0.

Danilo e Soares facilitaram a meio-campo, Dyego mostrou a sua classe ao transportar a bola e soltar no momento certo para Claudemir, que virou para o lado contrário, onde apareceu Wilson a finalizar.

Não estivesse Casillas entretido a pedir um fora de jogo inexistente e talvez tivesse conseguido evitar uma finalização que não foi perfeita, num remate fraco e picado do novo internacional angolano.

A verdade é que quatro minutos bastaram para os Guerreiros desferirem o primeiro golpe e despertarem o dragão para a batalha.

Daí em diante, o FC Porto tomou conta do jogo. Atacou primeiro de forma atabalhoada e depois com o acerto habitual nas bolas paradas. Canto e golo, com toda a naturalidade. Corona a bater, Felipe a desviar e Soares a finalizar de cabeça, redimindo-se do erro e restabelecendo a igualdade aos 27’.

Sp. Braga-FC Porto, 2-3: ficha e filme do jogo

Com os 4-4-2 encaixados, a equipa de Conceição tentava a profundidade de Marega, uma locomotiva a carrilar sobre a direita. Depois, trocou os extremos de flanco – Otávio para a esquerda e Corona, recuperado após ter falhado o jogo do México, para a direita. O FC Porto acabou a primeira parte perto do golo: o livre de Telles (40’) e o tiro cruzado de Marega (42’) mostram isso mesmo.

Ao intervalo, a estatística não enganava: os dragões tinham o dobro da posse de bola (67%-33%) e dominavam em remates (8-3) e cantos (3-0).

Faltava, porém, imaginação perante um Braga comprometido a defender e a atacar só pela certa. Com Brahimi e Otávio no banco, pudera… Não ajuda deixar a inteligência e o talento na borda do campo quando é preciso inventar espaços.   

O argelino entrou ao intervalo para o lugar de Otávio. Mas o Dragão voltou a adormecer na forma mal soou o apito e nem dois minutos durou a ficar em desvantagem.

Casillas desentendeu-se com Militão e Murilo – veloz e habilidoso ao longo da partida – limitou-se a contornar os obstáculos para atirar para o 2-1.

Pragmático, o Sp. Braga nem precisava de criar. Bastava-lhe aproveitar os erros infantis dos dragões.

Casillas, que fez o jogo 150 pelo FC Porto, assinalou a efeméride da pior forma; com uma das exibições menos felizes desde que chegou a Portugal.

A perder, Conceição tirou Pepe, amarelado, para meter Manafá, puxando Militão para o eixo. E lá voltou o FC Porto a correr atrás do prejuízo. Desta vez, porém, o campeão nacional haveria de beneficiar também dos erros contrários. Em específico de Claudemir, que fez dois penáltis em dez minutos. Se o primeiro, sobre Éder Militão, deixa dúvidas, o segundo, sobre Fernando Andrade, é inequívoco.

Sp. Braga-FC Porto, 2-3: destaques do jogo

A reviravolta veio da marca de penálti: Telles fez o empate e lesionou-se, primeiro, antes de Soares bisar e colocar o FC Porto a vencer aos 80.

Nos dez minutos finais, inverteram-se os papéis: Braga em busca do golo, FC Porto a recuar e a saber sofrer.

Os números reequilibraram-se nesta fase final, ainda assim, o FC Porto manteve o ascendente – 63%-37% em posse de bola, 11-8 em remates, 5-4 em cantos.

O clássico nortenho ferveu até ao fim. Foi uma batalha em todo o significado da palavra. Na picardia também: escaramuças na bancada, aquando do primeiro golo do FC Porto, muita contestação dos adeptos do Sp. Braga às decisões de Jorge Sousa, Abel expulso do banco... Até os apanha-bolas entraram no jogo em diferentes períodos: umas vezes lançando as reposições rápidas do Sp. Braga, outras atrasando as do FC Porto.

Resumindo: esta matiné de futebol esteve longe de ser um chá dançante.

Terça-feira, o duelo volta a repetir-se no mesmo local: os dragões voltam à Pedreira para defender uma vantagem de 3-0 no caminho para a final do Jamor.

Se para o campeonato o FC Porto terá arrumado esta tarde as aspirações do Braga em conquistar o título (embora não de o decidir, já que o Benfica ainda jogará aqui), para a Taça os arsenalistas têm uma palavra, ainda que ténue a dizer. E também uma resposta para dar a Abel: ao sexto duelo continuará a pedra dura do bloco portista a resistir?

 

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