«Quando o Santa Clara era um cavalo sem dentes ninguém o queria montar» - TVI

«Quando o Santa Clara era um cavalo sem dentes ninguém o queria montar»

Rui Cordeiro

Presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, considera que a denúncia partiu de um acionista da SAD com vista ao ato eleitoral e negou as acusações, mostrando-se disponível para colaborar com a justiça

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Além da SAD do Benfica, a SAD do Santa Clara também foi alvo de buscas no âmbito de investigações de corrupção desportiva. Esta terça-feira, o presidente dos açorianos lembrou que o clube estava na II Liga no período que está a ser investigado, explicou que o Ministério Público foi recolher provas, confirmando que o processo está relacionado com o «putativo favorecimento ao Benfica através da compra do atleta Hamdu» para «obter ganhos desportivos nos jogos».

«Sucede que, por um lado, o contrato de cedência dos direitos desportivos cumpriu com todos os requisitos legais, e, por outro lado, na época desportiva 2016/2017 e na de 2017/18 o Santa Clara militava na segunda divisão, não tendo o dom janicéfalo de competir em duas ligas», começou por dizer em conferência de imprensa. 

«Existiram buscas com duplo alcance: o alegado relacionamento do jogador com o Benfica e o suposto aproveitamento da sua venda para beneficiar terceiros. Ficarão evidenciadas as movimentações e os fluxos financeiros e a transferência do jogador. Se houver outro material relevante que possamos esclarecer, podem bater-nos à porta», acrescentou.

O dirigente do emblema dos Açores referiu que o Ministério Público «recolheu provas, documentos, computadores e e-mails» e negou as alegadas acusações de branqueamentos de capitais na SAD do clube. 

«O único branqueamento que fazemos aqui é com lixívia javisol para limpar a roupa aos jogadores. Toda a nossa colaboração com a justiça será para esclarecer a verdade. Toda a documentação relacionada com o investidor será fornecida ao processo. Manifestamos total disponibilidade no acompanhamento das buscas e no fornecimento de todo o material probatório. Além disso, já nos oferecemos para ir prestar declarações se for necessário», vincou.

Rui Cordeiro aproveitou ainda para sublinhar que está totalmente tranquilo e que tudo será resolvido em sede própria.

«Durmo tranquilo, tirando hoje de manhã quando me bateram à porta às 7h da manhã. Durmo com consciência tranquila. Não sou um presidente, nem um pai e um amigo perfeito, tenho defeitos e virtudes, mas com esses defeitos e virtudes, estou a trabalhar para manter os Açores na Liga. Há justiça o que é da justiça. Estou disposto a colaborar na busca da verdade», disse. 

Além da investigação à SAD do Santa Clara, decorrem uma investigação sobre a suposta utilização de fundos do clube por parte do presidente para o pagamento de dívidas pessoas, conforme o próprio confirmou. 

«O Rui Cordeiro apoiou e continuará a apoiar o Santa Clara, é o que tenho a dizer. Tudo o que são suspeições serão esclarecidas em sede própria. Terei todo o gosto e prazer em esclarecer tudo o que tiver de ser», atirou antes de admitir que o Ministério Público fez buscas no seu escritório. 

«Existiram buscas no meu escritório e no âmbito dessas mesmas buscas levaram alguma documentação. Se foi apurado material relevante ou não, isso está em fase de inquérito. Abri a minha casa, o meu escritório e a sede do Santa Clara. Tudo poderá ser investigado e analisado.» 

Rui Cordeiro adiantou ainda que vai «desencadear um procedimento criminal» contra a João Pacheco de Melo, responsável pela denúncia.

«Com o ato eleitoral do Santa Clara a seis meses verificamos, infelizmente, que começaram os jogos de bastidores na luta do vale tudo. Quando o Santa Clara era um cavalo que não tinha dentes e estava raquítico e a cambalear, ninguém o queria montar. Tenta-se aniquiliar o carácter de uma pessoa com juízos de valor nas redes sociais atacando o Rui Cordeiro. Já foi apresentada queixa-crime. Não tenho medo, não me vergam. Fui eleito pelos sócios e cumprirei o mandato até ao fim. Quanto ao resto, custa-me. Gosto de sair à rua, tomar o meu café, beber a minha cerveja ao fim do dia e correr. Sinto que sou olhado de lado por algumas pessoas, mas olho-as de frente com dignidade, honra e com a consciência tranquila», garantiu.

Por último, o responsável máximo do Santa Clara garantiu que todos vão «sair mais fortes e competentes» após este processo.

«Vamos sair mais fortes, mais competentes, com mais raça e vontade de vencer. Quanto mais nos tentarem rebaixar ou colocar numa situação incómoda, mais fortes vamos sair dessa mesma situação. Já tivemos dois processos dos sub-23 e outro pela falta de habilitações do treinador, e eu o Diogo passámos muito para ter o Santa Clara na Liga. É o Rui Cordeiro que estão a acatar. Atacam os cidadãos em questão, mas separamos a nossa vida social», concluiu. 

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