Benfica: «hacker» assume ser denunciante no Football Leaks - TVI

Benfica: «hacker» assume ser denunciante no Football Leaks

Advogados de Rui Pinto vão opor-se à extradição do jovem detido na Hungria

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Os advogados de Rui Pinto, o alegado hacker que terá acedido ilegalmente a e-mails do Benfica, defenderam a sua conduta, por denunciar «práticas criminosas», e vão opor-se à sua extradição da Hungria, onde foi detido.

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Em comunicado, os advogados William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota dizem que Rui Pinto, de 30 anos, é um amante de futebol «indignado com práticas vigentes neste desporto» e que «decidiu contribuir para o conhecimento público da extensão dessas práticas criminosas».

«O Sr. Rui Pedro Gonçalves Pinto tornou-se num importante denunciante europeu no âmbito dos chamados Football Leaks, relembrando-se que muitas revelações feitas ao abrigo destas partilhas de informação estiveram na origem da publicação, durante vários anos, de notícias que deram lugar à abertura de muitas investigações em França e noutros países europeus», acrescenta o comunicado.

Os causídicos alegam que, ao longo deste processo, Rui Pinto «foi seriamente ameaçado, sendo o seu silêncio o objetivo de muitos intervenientes no mundo do futebol».

Na sua opinião, «as autoridades portuguesas (...) ter-se-ão precipitado na detenção do seu cliente», influenciadas pelas alegações do fundo de investimento Doyen Sports, que apresentou uma queixa-crime em Portugal contra Rui Pinto.

Os advogados manifestam «estranheza» relativamente à rapidez com que o mandado de detenção foi executado e, «juntamente com os seus colegas em Budapeste, opor-se-ão ao pedido de extradição».

«Não pode deixar de se notar, em particular, o incrível paradoxo que resulta da tentativa de criminalização do seu cliente, quando, na verdade, o seu gesto cívico e as suas revelações permitiram a numerosas autoridades judiciais europeias um avanço histórico no conhecimento das práticas criminosas no mundo do futebol», sublinham.

Os advogados dizem ainda que o seu cliente cumpre os critérios de proteção dos lançadores de alertas [whistleblowers], resultantes das últimas disposições da legislação europeia e de muitos países europeus.

«Ao contrário do que pretendem aqueles que têm vindo a perseguir o Sr. Rui Pedro Gonçalves Pinto, a importância da indústria do futebol não deve ser utilizada para manter na opacidade as práticas gravemente contrárias à lei que no mundo deste desporto se verificam», completam.

Na quarta-feira, sem nunca confirmar o nome do suspeito, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de um cidadão português em Budapeste, em cooperação com a congénere húngara, mas fonte policial confirmou à Lusa tratar-se de Rui Pinto.

O diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ, Carlos Cabreiro, disse ser «prematuro» associar o suspeito a crimes cometidos contra algumas instituições desportivas, como Benfica, FC Porto, Sporting ou Doyen, embora tenha adiantado que o mesmo «é detido por tentativa de extorsão, acesso ilegítimo e exfiltração de dados de algumas instituições, inclusive do próprio Estado».

«Agora, seguir-se-ão os trâmites normais de transferência de detidos quando ocorrem no âmbito de um mandado de detenção. A extradição para Portugal acontecerá dentro de um prazo razoável, entre três semanas a um mês», transmitiu o diretor da UNC3T.

De acordo com Carlos Cabreiro, o hacker pode incorrer numa pena de prisão «até 10 anos», embora «haja várias penas associadas aos vários tipos de crime».


 

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