FC Porto-Sp. Braga, 1-2 (crónica) - TVI

FC Porto-Sp. Braga, 1-2 (crónica)

FC Porto-Sp Braga

Terrores noturnos, o drama de um dragão sem cabeça

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Suspense. Dois penáltis falhados pelo FC Porto, um de Alex Telles e outro de Soares.

Thriller. Ação interminável, o Sp. Braga a marcar cedo e o FC Porto a empatar aos 58, antes de cair em definitivo de joelhos com a cabeçada de Paulinho.

Mistério. Crime, disse ele. Mbemba falhou na marcação ao ponta-de-lança do Sp. Braga e Marchesín já nada pôde fazer. A culpa não foi do mordomo.

Drama. O FC Porto perde em casa contra o Sp. Braga, 15 anos depois, e fica entregue aos humores do dérbi lisboeta. Se o Benfica ganhar, os dragões iniciarão a segunda volta a sete longínquos pontos. Deja vú em mundos invertidos.

FICHA DE JOGO E NOTAS AOS ATLETAS

Só uma equipa sobre-humana conseguiria sobreviver ao atentado que o Sp. Braga perpetrou no Dragão. E o FC Porto é bem terreno, nas suas muitas virtudes e alguns defeitos.

Só uma equipa monstruosa e muito superior ao adversário em causa seria capaz de desperdiçar duas grandes penalidades, falhar três ou quatro oportunidades claras e errar gravemente em duas bolas paradas defensivas sem disso sofrer consequências.

A diferença entre o FC Porto e o Sp. Braga não é assim tão grande.

É verdade que no momento em que Soares – dez golos nos últimos dez jogos – fez o 1-1, a 32 minutos do fim, todo o Dragão sentiu que o clássico nortenho iria cair para o lado azul e branco.

Afinal, os portistas tinham finalmente o escalpe bracarense nas mãos e os olhos raiados de sangue e vingança. O problema é que mesmo sem o cabelo composto, os homens de Rúben Amorim continuaram vivinhos da silva. E a respirar ainda melhor. Talvez seja tudo uma questão de aerodinâmica.

DESTAQUES DO JOGO: Fransérgio encheu o campo, Paulinho decidiu

Os Guerreiros do Minho fizeram 30 minutos muito bons, seguros e personalizados. O FC Porto fez uma pressão altíssima sobre o trio de centrais desde o início, mas a saída de bola pensada por Rúben Amorim acabava sempre por ter um corredor aberto para Esgaio e Sequeira – os laterais/médios do 3x4x3 bracarense.

Ora, a ganhar 0-1 e razoavelmente confortável neste contexto, o Sp. Braga jogou com a ansiedade agressiva do FC Porto. Os dragões tinham um Otávio impressionante, sim, mas também Corona e Marega em noite decididamente infeliz – perdoem-nos o eufemismo.

A partir da meia-hora, o FC Porto acertou a sintonia na pressão, engoliu o adversário naquele futebol de conquistador abrutalhado, mas os sintomas predominantes eram de ansiedade crónica e perturbação inquietante, como se a cabeça se separasse do corpo e já estivesse em Alvalade.

Conceição terá razões de queixa das bolinhas da fortuna e de algumas decisões da arbitragem (o primeiro golo validado ao Sp. Braga, após ter sido inicialmente anulado, é de facto um lance de complexa análise), mas o FC Porto perdeu porque não teve a frieza e a qualidade que se exigem a um campeão. Ou a um candidato a campeão, pelo menos.

A vitória do Sp. Braga foi épica? O termo é excessivo e usado vezes a mais no futebol, mas a sobrevivência minhota em momentos cruciais definiu o argumento deste grande jogo – teve suspense, mistério e drama, não se esqueçam – e só pode ser celebrada como se disso realmente se tratasse: há vida nas ideias de Rúben Amorim (três jogos, três vitórias).

Os Guerreiros merecem um banho de espuma, um copo de champanhe e velas aromáticas. Os dragões perderam num dia em que isso era absolutamente proibido. Revela insegurança e traumas passados em forma de demónios presentes.

Nota final para as substituições no FC Porto: Aboubakar e Luis Díaz entraram mal, mas mais intrigante foi ver Danilo sair (Sérgio Oliveira entrou) já depois do minuto 90. Para quê?

O resumo do FC Porto-Sp. Braga, da 17.ª jornada da Liga:

 

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