Dérbi de estreias nos bancos: Keizer e Lage frente a frente - TVI

Dérbi de estreias nos bancos: Keizer e Lage frente a frente

Keizer/Lage

Há sempre um novo enredo para acrescentar à história e o Sporting-Benfica de domingo tem algo raro, os dois treinadores em simultâneo no seu primeiro dérbi. Os dados que dão a medida do que eles fizeram até agora, a lançar o grande jogo

O dérbi é centenário mas tem sempre um novo enredo para acrescentar à história. E novos protagonistas. Agora tem Marcel Keizer e Bruno Lage, ambos a estrearem-se no Sporting-Benfica do próximo domingo, para a 20ª jornada da Liga. Algo de novo para ambos, de um lado o treinador holandês que chegou a Portugal há dois meses, do outro o técnico português que orienta pela primeira vez uma equipa na Liga.

Algo raro também no passado do dérbi. Só aconteceu por duas vezes neste século ambos os treinadores em simultâneo serem estreantes em dérbis. A última vez foi em 2004/05, com José Peseiro de um lado, na sua primeira passagem pelo Sporting, e Giovanni Trapattoni do outro, um triunfo dos «leões» por 2-1, uma volta antes de o dérbi da Luz, na penúltima jornada, garantir o título para o Benfica. E antes disso aconteceu em 1999/00, com uma singularidade. Jupp Heynckes era o treinador do Benfica, mas estava ausente por doença e foi o seu adjunto, o espanhol Martin Delgado, quem esteve no banco no dérbi do início de Janeiro. No Sporting estava Inácio, que tinha substituído Giuseppe Materazzi, e o resultado foi um 0-0, também a fechar a primeira volta da época em que o Sporting seria campeão.

Keizer e Lage juntarão agora os seus nomes aos livros da história do dérbi, naquele que será o 304ª duelo entre os rivais de Lisboa. O holandês será o 71º técnico a orientar um dérbi pelos «leões», o português o 44º treinador do Benfica frente ao rival de Lisboa. Não terão muito tempo para digerir o duelo de domingo em Alvalade, porque haverá outro dérbi daqui por menos de uma semana, para a Taça de Portugal: na próxima quarta-feira reencontram-se na Luz, para a primeira mão da meia-final.

Mas o foco para já é no dérbi de Liga, que chega com o Benfica em segundo lugar, a cinco pontos do líder FC Porto e com cinco de vantagem sobre o Sporting, quarto. Chega também no meio de um ritmo alucinante de jogos para ambos, com dois treinadores que não começaram a época, outra particularidade da abordagem a este dérbi, e têm pouco tempo de trabalho com as suas equipas. Um pouco mais Keizer, que chegou em novembro e já tem 17 jogos no banco do Sporting, nove deles na Liga. Bruno Lage, que assumiu a equipa no início de janeiro, fez seis jogos, quatro deles na Liga.

O treinador do Benfica venceu todos os jogos que fez até agora para a Liga e também a partida dos quartos de final da Taça com o V. Guimarães. Perdeu o primeiro jogo com outro «grande», a meia-final de Taça da Liga com o FC Porto. Keizer arrancou com sete vitórias consecutivas nas várias competições, até perder com o V. Guimarães à 14ª jornada, em cima do Natal. Para a Liga sofreu ainda nova derrota com o Tondela e atrasou-se mais ainda na corrida na última jornada, com o empate em Setúbal.

Pelo meio já levou um troféu para Alvalade, a Taça da Liga conquistada no sábado passado nos penáltis frente ao FC Porto. Foi o segundo duelo com os «dragões»: o primeiro clássico, para a Liga, terminou 0-0. No saldo geral o treinador do Sporting leva 11 vitórias, quatro empates e duas derrotas. Na Liga foram cinco vitórias, dois empates e duas derrotas.

Keizer levou ao Sporting uma forma de pensar o jogo mais dinâmica e orientada para a produção ofensiva, Bruno Lage também mudou o sistema dos «encarnados», recuperando o 4x4x2 e mudando algumas das opções. Ambos têm na Liga melhores registos ofensivos que os seus antecessores. Marginal no caso de Keizer, que viu a média entusiasmante de golos do arranque prejudicada pelos resultados mais recentes. Tem 18 golos marcados em nove jogos, Peseiro tinha o mesmo número em 10 rondas. Quanto ao Benfica, tem uma média de três golos marcados por jogo na Liga com Bruno Lage, bem acima daquela que tinha Rui Vitória (31 em 15 rondas), ainda que com uma amostra bem mais curta.

Também nos golos sofridos Lage melhora o registo em relação a Rui Vitória: tem 3 golos sofridos em quatro jogos, contra 15 em 15 com o anterior treinador do Benfica. Keizer, que curiosamente fez apenas um jogo na Liga sem sofrer golos e foi o clássico com o FC Porto, em que os leões tiveram uma abordagem mais conservadora, tem um registo marginalmente inferior ao de Peseiro: 10 golos sofridos em nove jogos, contra 10/10.

Na comparação entre ambos, o registo de golos de Bruno Lage na Liga também é melhor que o de Keizer, como é possível ver no quadro com os dados recolhidos para o Maisfutebol pelo SofaScore, através dos dados da Opta relativos à prestação no campeonato nacional.

Os números mostram de resto um Sporting mais rematador, mas o Benfica a conseguir criar melhores oportunidades de golo.

O tempo médio em que as equipas têm a bola na sua posse desde a chegada dos dois treinadores é semelhante e mostra duas equipas que têm apresentado melhor controlo que os adversários, mas o Benfica faz mais passes por jogo, embora o grau de precisão seja semelhante para ambos. Os «encarnados» apostam mais do que o rival nos passes longos, e com maior eficácia, e têm também maior capacidade de circulação da bola no meio-campo adversário.

É esperar para ver como encaixarão as duas equipas no domingo, num estádio que tem sido fortaleza para o leão, que ainda não sofreu nenhuma derrota em casa para o campeonato e cedeu apenas um empate. Resultado que tem sido aliás tendência do dérbi: os últimos quatro confrontos entre Sporting e Benfica acabaram empatados, incluindo o da primeira volta do atual campeonato, na Luz. O último dérbi com um vencedor foi na primeira volta de 2016/17, triunfo do Benfica na Luz por 2-1. Os encarnados tinham ganho também o dérbi anterior, em Alvalade, o último da temporada 2015/16, que tinha tido antes disso três triunfos dos «leões», na primeira época de Jorge Jesus no Sporting.

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