Vitória ou Jesus: um deles fará a décima seguida em português - TVI

Vitória ou Jesus: um deles fará a décima seguida em português

Jorge Jesus e Rui Vitória

Ou águias ou leões, um deles será campeão: assim, o título vai continuar a ser ganho por um treinador português

Benfica e Sporting jogam domingo a última jornada da Liga e então se saberá quem será o campeão nacional 2015/16. Mas já há uma certeza dependente do triunfo de qualquer um dos clubes: o 82º título de campeão será ganho por um treinador português.

Rui Vitória ou Jorge Jesus sucederão a... Jorge Jesus. E assim tem sido desde há nove épocas. Esta será a décima temporada consecutiva com um treinador português a ganhar a Liga. Nunca se tinha visto números assim.

A maior série anterior à atual era de cinco títulos ganhos pelos técnicos portugueses entre 1996 e 2001. Atualmente, não só se vai para o dobro da marca, como também se assinala a tendência; do que agora passou a ser uma regra quando, no início da prova, era precisamente ao contrário.

O campeonato português arrancou com onze triunfos comandados por treinadores estrangeiros. Só à 12ª temporada Augusto Silva estreou o nome de um técnico português na lista de campeões naquele que é o único título do Belenenses. Cândido de Oliveira fez o primeiro «bi» pouco depois ao serviço do Sporting. Mas, então, seguiu-se a maior série de temporadas ganhas por estrangeiros: 12 (de 1949 a 1961).

O primeiro «tri» luso chega no final da década de 1970, o primeiro «tri» de um único português só foi conseguido por Jesualdo Ferreira, pelo FC Porto, já na primeira década deste século, com os três campeonatos que começaram a presente série e que vincam a tendência.

Títulos de campeão nacional ganhos por treinadores portugueses

1945/46 Augusto Silva (Belenenses)

1947-49 Cândido de Oliveira (Sporting)

1961/62 Juca (Sporting)

1969/70 Fernando Vaz (Sporting)

1973/74 Mário Lino (Sporting)

1975/76 Mário Wilson (Benfica)

1977-79 José Maria Pedroto (FC Porto)

1979/80 Fernando Mendes (Sporting)

1984-86 Artur Jorge (FC Porto)

1988/89 Toni (Benfica)

1989/90 Artur Jorge (FC Porto)

1993/94 Toni (Benfica)

1996-98 António Oliveira (FC Porto)

1998/99 Fernando Santos (FC Porto)

1999/00 Augusto Inácio (Sporting)

2000/01 Jaime Pacheco (Boavista)

2002/04 José Mourinho (FC Porto)

2006-09 Jesualdo Ferreira (FC Porto)

2009/10 Jorge Jesus (Benfica)

2010/11 André Villas-Boas (FC Porto)

2011-13 Vítor Pereira (FC Porto)

2013-15 Jorge Jesus (Benfica)

2015/16 Rui Vitória (Benfica) ou Jorge Jesus (Sporting)

Esta tendência começou a ganhar a primeira forma precisamente naquela década de 1970... «Havia até aos anos 70 uma cultura do treinador estrangeiro. E quem foi furando isso foi o Vaz, o Mário Lino, o Juca [no Sporting], no Porto o Pedroto, no Benfica o Mário Wilson», recorda Toni ao Maisfutebol acrescentando que o seu antigo treinador «apareceu no meio de uma cultura que estava instalada» que deu ao Benfica treinadores estrangeiros campeões como Jimmy Hagan, Milorad Pavic, John Mortimore ou Lajos Baroti.

A estes precursores do atual domínio lusitano no seu campeonato seguiram-se Artur Jorge e o próprio Toni a abrirem um caminho que o FC Porto fez mais do que ninguém nas últimas duas décadas: 11 títulos com técnicos portugueses.

Uma década de campeonatos ganhos só por treinadores portugueses «tem a ver com a afirmação do treinador português na sua qualidade e com a formação de treinadores». Toni explica que «a qualidade fez com que começasse a haver apostas», que «os dirigentes portugueses passaram a ter consciência do treinador português» e que «os resultados começaram a surgir».

«E o treinador português também passou a ser solicitado para trabalhar no estrangeiro», como ele próprio também foi, assim como, mais uma vez Artur Jorge o tinha antecedido, como cá em Portugal: «O abandono do treinador estrangeiro teve a ver com a qualidade do português.» teve a ver com «os grandes saltos do Mourinho e do Artur Jorge». Foi «a afirmação do treinador português pelos resultados e pela qualidade».

Toni frisa que «houve uma evolução na função de treinador em Portugal» e que «isso também se vê pela exigência do curso de treinador» da Faculdade de Motricidade Humana, «onde estão treinadores estrangeiros e muito frequentado pelos de leste».

«Não é o período de contenção [financeira] que se vive que não faz vir treinadores estrangeiros. Como na década de 70 não era pelo dinheiro que vinham estrangeiros», destaca Toni: «O futebol de agora vê-se no profissionalismo e na qualidade do trabalho que há.»

«Basta ir a uma equipa do distrital de Lisboa e vê-se como trabalham, como se organizam... o que era impensável há uns anos...» Como era impensável quando o campeonato começou ter portugueses a treinar. Hoje, com lembrou Toni, «em 42 equipas de I e II Liga há três ou quatro estrangeiros».

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