Benfica-V. Setúbal, 1-0 (crónica) - TVI

Benfica-V. Setúbal, 1-0 (crónica)

De iluminado só o espectáculo pirotécnico

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É tão evidente que não adianta negá-lo. Este Benfica é uma sombra da equipa da segunda metade da época passada e até da que arrancou 2019/20 a atropelar Sporting e Paços de Ferreira nos dois primeiros jogos oficiais.

O campeão nacional atravessa uma crise: de confiança, de lesões ou de convicções.

E este sábado, ainda que o triunfo sobre o V. Setúbal (pela diferença mínima) não ofereça contestação, as dificuldades para bater um adversário com recursos incomparavelmente inferiores revelaram, uma vez mais, que há motivos para preocupação no reino encarnado.

FILME E FICHA DE JOGO

Num jogo em que as águias voltaram a aproximar-se do onze base – a única novidade foi a presença de Gedson a acompanhar Seferovic no ataque –, a equipa de Lage apresentou um futebol pálido e pouco escorreito durante boa parte dos 90 minutos. De iluminado na tarde/noite, só mesmo o espectáculo pirotécnico que antecedeu o duelo.

Convém dizer que, curiosamente, o V. Setúbal apresentou-se na Luz mais solto do que em alguns dos seis jogos anteriores do campeonato.

Há quem diga que a equipa de Sandro tem uma proposta de jogo limitada, que irrita os puristas do golo, mas a verdade é que os sadinos até iniciaram a partida a procurar sair com critério para o ataque: defensivamente organizados, mas a procurar ferir o adversário, sobretudo através da velocidade de Hildeberto pelo corredor direito.

Com Pizzi em sub-rendimento, Rafa a ter dificuldades em furar linhas e Gedson desconfortável no papel de auxiliar de Seferovic, foi Taarabt a gerir o compasso do futebol ofensivo do Benfica. Numa primeira parte apagada da equipa da casa, quase tudo passou pelo marroquino, sozinho na procura da verticalidade, e só a partir da troca de corredores entre Rafa e Pizzi é que a estratégia da equipa de Sandro abanou.

Levemente.

Ao intervalo, Lage decidiu-se pela troca de Fejsa por Gabriel. Com os encarnados mais subidos no terreno e sem um pronto-socorro capaz de estancar com eficácia as transições que passam as primeiras linhas de pressão, o Vitória assustou a Luz: duas vezes entre os 46 e os 50 minutos, uma por Mansilla e outra por Hachadi.

Os sinais eram preocupantes, mas o técnico das águias empurrou a equipa ainda mais para a frente, numa altura em que o público alternava manifestações de descontentamento pela lentidão da equipa e pelos muitos passes falhados no meio-campo ofensivo, com críticas ferozes ao trabalho da equipa de arbitragem perante aquilo que era entendido nas bancadas como uma excessiva condescendência para com as reposições de bola do guarda-redes sadino.

Lançado aos 59 minutos para render Pizzi, Carlos Vinícius marcou pouco depois, numa jogada na qual manteve a bola na posse das águias e depois meteu por cima de Makaridze antes de rematar de pé direito para o golo.

Se serenou as bancadas? Tentou, até porque a seguir as águias estiveram perto do segundo por Rafa, mas a noite não estava para isso.

Aos 80 minutos, o Benfica ficou reduzido a dez unidades, após entrada dura de Taarabt sobre Zequinha, a primeira unidade a sair do banco do Vitória.

A reta final do jogo foi um teste à resistência dos corações dos adeptos encarnados, que viram a sua equipa ter de acionar um botão de auto-sobrevivência poucas vezes utilizado na era Lage.

O Vitória cresceu em direção do último terço, mas esbarrou nos problemas que lhe são crónicos: dificuldades em criar ocasiões de golo.

O Benfica soma mais três pontos, mas após mais uma exibição pálida. Agora até já há Gabriel, mas os problemas são mais profundos do que isso e há um jovem que anda por Madrid que ajuda a explicá-los.

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