Benfica-V. Setúbal, 4-2 (crónica) - TVI

Benfica-V. Setúbal, 4-2 (crónica)

Adição pela liderança à prova de estados de alma

Mais de 24 horas após a vitória do FC Porto em Portimão, o Benfica entrou em campo na Luz com vontade de reassumir o lugar que lhe tem pertencido desde a vitória no dragão.

Rafa inaugurou o marcador ainda mal o relógio tinha dobrado o primeiro minuto, mas quem esperava por uma noite recheada de golos percebeu com o passar do tempo que a noite não seria como tantas outras da era Lage.

Não que os 90 minutos tenham sido recheados de sobressaltos para os encarnados, mas a forma como o V. Setúbal se recompôs após o golo madrugador, que provavelmente forçou Sandro a acionar o plano B, merece uma nota de destaque neste arranque de crónica, não obstante a derrota por números algo expressivos com que regressa a casa.

FILME E FICHA DE JOGO

O Benfica apresentou-se em campo com cinco alterações relativamente à equipa que alinhou de início diante do Eintracht Frankfurt, enquanto os sadinos, que vinham de dois triunfos consecutivos, remediaram com Sávio a ausência importante do castigado José Semedo.

Se os visitantes entraram nervosos no jogo, foram estabilizando os batimentos à medida em que os encarnados não conseguiam capitalizar com mais golos a supremacia evidenciada.

Não faltaram oportunidades para isso, é certo. Dos onze metros, Pizzi permitiu a defesa de Makaridze, e Rafa dispôs de uma dupla ocasião para bisar, numa altura em que a pressão inicial dos encarnados já se tinha esvaziado um pouco.

O 2-0, novamente assinado por Rafa, surgiu aos 36 minutos. Vasco Fernandes comprometeu em zona proibida, Félix ficou com a bola e abriu para o companheiro, que solto na esquerda atirou para o 12.º golo da conta pessoal no campeonato.

Na antevisão ao jogo deste domingo, Bruno Lage disse que, no futebol, o número de ações negativas supera o de decisões acertadas.

E este Benfica, ainda que cheio de virtudes, também tem defeitos visíveis. É, no fundo, a transposição para uma equipa das inconstâncias de um adolescente. Alterações constantes de estados de humor, incapacidade de ser ponderado e momentos de magia misturados com precipitações aqui e ali.

O jogo com o V. Setúbal teve isso. Quando os encarnados, após o 2-0, pareciam arrancar para uma noite tranquila e que talvez até lhes permitisse gerir os níveis de desgaste numa fase de sobrecarga competitiva, os sadinos reduziram por Nuno Valente.

Intrépidos, os homens de Sandro intranquilizaram a Luz e instantes antes do apito para o descanso chegaram mesmo a escutar-se alguns assobios abafados logo de seguida pelos aplausos pedidos por Bruno Lage.

O Vitória esticou o suspense até onde pôde, mas aos 56 minutos João Félix, que já tinha servido Rafa para os dois primeiros tentos do jogo, ficou a dever menos um golo ao técnico das águias. Finalização poderosa a passe de Pizzi da direita.

A superioridade do Benfica era evidente, mas os visitantes ainda espreitaram a reentrada no jogo. Na última ação em campo, Berto atirou para defesa fantástica de Vlachodimos quando ainda havia cerca de meia hora por jogar.

Tempo suficiente para Seferovic marcar. O avançado suíço recebeu de Rafa e atirou para o quarto das águias e o 19.º na Liga, consolidando o estatuto de melhor marcador da prova.

A Luz estava saciada, os golos dos encarnados ficaram por aí, mas os sadinos ainda atenuaram a derrota. Está a ver os estados de alma de um adolescente? Rúben Dias atingiu Vasco Fernandes na cara e Rui Costa apontou para a marca dos onze metros depois de ver as imagens.

Cádiz, que até ao golo de Nuno Valente era o autor de todos os golos do Vitória na segunda volta da Liga, aplicou uma «Panenka» a Vlachodimos e fez o 4-2 final numa noite de futebol agradável e de mais um triunfo incontestável do Benfica, curiosamente pelos mesmos números de há três dias e com novo denominador comum: mais uma extraordinária exibição de Félix, desta vez acompanhado de perto por Rafa.

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