- Faça favor, meu caro.
- Não, não. O amigo primeiro.
- Oh, faço questão.
- Seria incapaz… Por quem me toma?
- Oh, mas o amigo está em casa.
- Por isso mesmo, meu caro. Por isso mesmo.
- Nem me sentiria bem. Depois de si, vá.
Aborrecido, não?
Ora, mas o V. Setúbal-Portimonense foi muito isto. 90 minutos de total cortesia. E um natural 0-0 que deve ter agradado a todos... menos a quem viu o jogo de fora.
É que resumindo, assistiu-se a uma espécie de pacto de não-agressão num relvado.
Ou então duas equipas que preferem um sorriso amarelo a sorriso nenhum. Que se contentaram em guardar um mal menor ao invés de procurar algo que realmente lhes agradava, mas que podia deitar o pequeno ganho a perder.
E quem viu os primeiros minutos até esperava bastante mais da partida.
O V. Setúbal entrou com tudo e respondeu duas vezes com perigo à tentativa de Portimonense controlar a posse de bola e construir ataques com princípio meio e fim.
Só que essas duas ameaças dos sadinos em velocidade foram o princípio do fim da emoção na partida.
A equipa algarvia decidiu então oferecer a iniciativa de jogo ao adversário… que mostrou enormes dificuldades em criar perigo a partir desse momento.
E esse momento aconteceu por volta do quarto de hora de jogo.
Daí para frente, a bola foi trocada de pé para pé, sem rasgo e com muito pouca velocidade, o que foi enervando os adeptos nas bancadas.
Só que não havia nada a fazer. O Portimonense pareceu querer colocar cobro a um ciclo de três derrotas consecutivas, mesmo que tivesse de abdicar da sua identidade. É verdade que na segunda parte assumiu mais a posse de bola, mas só isso.
Já o V. Setúbal, depois de ter alcançado a primeira vitória na jornada passada, achou que mais um zero-zero não era assim tão mau.
E vão quatro para a equipa de Setúbal. Para o Portimonense foi o segundo. Mas representou o tão desejado quebrar de ciclo de derrotas.
Pronto. Um ponto para cada e não se fala mais nisso.
- É mesmo isso!