Livros de reclamações: quase 600 queixas por dia

Se no ano passado fez alguma queixa no livro mais «temido» pelos comerciantes e empresas, contribuiu para as 576 reclamações que foram registadas todos os dias de 2009. O balanço do ano passado vem assim engordar o baú de queixas efectuadas desde 2006: no total, os consumidores já fizeram 618 502 reclamações. Na verdade, já são mais de 500 as reclamações escritas diariamente nos Livros de Reclamações obrigatórios em vários serviços, nos últimos quatro anos.

As estatísticas da Direcção Geral do Consumidor, divulgadas esta sexta-feira pela agência Lusa, retratam a evolução dos consumidores desagradados ao longo dos últimos anos: foram registadas 562 queixas diárias em 2008, 330 em 2007 e 224 em 2006.

Ou seja, o descontentamento daqueles que pretendem obter um serviço tem sido crescente ao longo do tempo, dado que pode reflectir a maior exigência dos portugueses quando decidem consumir, já que em tempos de crise as pessoas só compram quando precisam e querem, por isso, ver satisfeitas as suas necessidades, com serviços de qualidade.

As percentagens ajudam a explicar esta tendência: do total de reclamações conhecidas, 13,2% ocorreram em 2006, 19,5% em 2007, 33,2% em 2008 e, no ano passado, ascenderam a 34,1%.

A Autoridade da Segurança e Actividades Económicas (ASAE) foi quem encaminhou o maior número de queixas (quase 329 mil), perfazendo mais de metade (53,1%) do total de reclamações contabilizadas. Seguem-se a Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM) com 98 mil (16%) e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), com 55,5 mil queixas (9%).

Já para o Banco de Portugal foram encaminhadas 33,6 mil queixas e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu mais de 20 mil. O Instituto Nacional da Aviação Civil recolheu 10,8 mil, enquanto o Turismo de Portugal contou 10,5 mil.

Incluem ainda a lista das áreas com mais queixas a energia, os seguros e alguns bens essenciais: a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) recebeu 8 mil queixas, o Instituto de Seguros de Portugal (ISP) 7,4 mil e a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) 4 mil reclamações de consumidores descontentes.