«Renato Sanches é uma planta que precisa de amor e carinho» - TVI

«Renato Sanches é uma planta que precisa de amor e carinho»

Entrevista do Maisfutebol a Luís Campos, diretor desportivo do Lille, que conta como recuperou Renato Sanches ao ponto de hoje voltar a estar em grande forma e recorda o que viu em Bernardo Silva na equipa B do Benfica

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Luís Campos diz, em entrevista ao Maisfutebol que Renato Sanches ganhou a aposta em transferir-se para o Lille, porque no clube francês encontrou tempo, paciência e gente que acredita nele. Em breve o diretor desportivo acredita que vai conseguir triplicar o valor investido no jogador. Pelo caminho revelou que a recuperação de Renato Sanches tem muito mérito também de José Fonte, que está a ser um ótimo professor para o jovem internacional português, como a projeção de Bernardo Silva teve muito mérito de João Moutinho, que foi importantíssimo para o esquerdino do Man. City.

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Como é que conseguiu convencer o Renato Sanches a aceitar o projeto do Lille?

Para mim é uma resposta fácil. Entendo que sair do Bayern Munique para o Lille para muitas pessoas é um passo atrás muito grande, mas está a provar-se que não fui. Não foi difícil convencer o Renato Sanches, porque ele sentiu quanto o queríamos. Sentiu o carinho, sentiu atenção, sentiu que estávamos disponíveis, e tínhamos condições, para o ajudar a encontrar-se a ele mesmo, o seu estilo, a sua intensidade, o seu ritmo, a sua qualidade. Deixámos que o Renato Sanches falhasse, nunca o pressionámos, pelo contrário, sempre o incentivámos. Aí o trabalho de Christophe Galtier foi espetacular, tal como foi o do José Fonte. A verdade é que o Renato Sanches é como uma planta que precisa de carinho para crescer, e hoje temos um Renato pronto para ajudar a seleção nacional no futuro, porque é de facto um jogador extraordinário.

No fundo ele tem a beleza de uma planta dentro dele, só preciso de água, sol e calor...

Preciso de amor, precisa que as pessoas o compreendam, que o deixem de uma forma natural crescer e encontrar o seu próprio ritmo. Foi isso que aconteceu. O Lille deu tempo ao Renato para crescer e deu-lhe todas as condições para o fazer. Essa é aliás uma das armas fortes dos projetos em que tenho entrado ultimamente: a capacidade de criar um clima de desenvolvimento destes jogadores. Não basta recrutar jogadores de talento, é preciso dar-lhes condições para crescer. E isso consegue-se recrutando uma equipa técnica capaz e disponível, e jogadores mais experientes que saibam ser professores do savoir-faire dos mais novos em campo.

Como é que acreditou na contratação de Bernardo Silva quando o Benfica ainda não acreditava?

Quem sou eu para criticar o Benfica... Antes de mais, o Benfica nessa altura tinha uma grande equipa, uma equipa fortíssima. Para além disso, o Bernardo Silva tem um estilo próprio e nem sempre um jogador que é bom para um estilo de jogo ou modelo de jogo, e não são bons para outro estilo de jogo ou modelo de jogo. É muito difícil encontrar os chamados jogadores universais, que são capazes de jogar em vários campeonatos e estilos de jogo. Também por isso é importante um bom scouting, para perceber que um jogador pode dar no nosso estilo de jogo. Também acho que sair da zona de conforto e do seu clube desde pequenino ajudou o Bernardo a crescer mais depressa.

E ele cresceu muito no Mónaco...

Esta nossa criação de um clima favorável para que os mais jovens possam crescer, tem muito a ver com a escolha dos jogadores mais velhos. Se o Renato Sanches tem muito a agradecer a Christophe Galtier, pela forma como o tem ajudado a explodir em campo, há também um José Fonte que no campo e no treino o ajuda a baixar ansiedades ou a concentrar-se no que é verdadeiramente essencial. Já o Bernardo, se é hoje o que é, tem muito a agradecer a João Moutinho. Acompanhei-o de perto e sei que que o deve muito ao João Moutinho, pela forma como o ajudou. E isto passa-se também com jovens franceses em relação a jogadores mais experientes franceses.

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