Andebol: guia para ‘totós’ do Mundial que deixa Portugal sonhar - TVI

Andebol: guia para ‘totós’ do Mundial que deixa Portugal sonhar

Mundial Andebol

27.ª edição do Mundial de andebol realiza-se no Egipto e começa nesta quarta-feira

Arranca nesta quarta-feira a 27.ª edição do Mundial de andebol, que se vai jogar até ao dia 31 no Egipto.

Este artigo pretende ser um guia básico para a competição na qual Portugal vai ter a quarta participação em mundiais, chegando com «as mais altas expectativas de sempre», apesar da ausência de 18 anos.

O Maisfutebol apresenta-lhe aqui o que de mais importante precisa de saber sobre a competição que, pela primeira vez, será disputada por 32 equipas.

Portugal

Após um rigoroso sorteio, calhou que comecemos este artigo por falar sobre os ‘Heróis do mar’, cognome da seleção lusa no Mundial.

A seleção orientada por Paulo Jorge Pereira chega a esta competição depois do brilharete no Europeu de 2020, quando alcançou a melhor classificação de sempre: o sexto lugar.

No Egipto, Portugal ficou colocado no grupo F, juntamente com a Islândia, Argélia e Marrocos.

Em teoria, a seleção lusa vai decidir o primeiro lugar do grupo com a Islândia, seleção que conhece bem.

Na última semana, Portugal defrontou duas vezes os nórdicos: venceu por dois em Matosinhos e perdeu por nove em Reiquejavique.

A Islândia foi também adversária de Portugal no último europeu, com a vitória a sorrir aos ‘maus’ na segunda fase da competição.

A Argélia tem também alguma tradição na modalidade, tem vários jogadores no campeonato francês, um dos mais fortes do mundo, e poderá intrometer-se na luta pelo primeiro lugar do grupo.

Já a seleção de Marrocos, que se estreia em fases finais, é, teoricamente, o adversário menos cotado.

New Capitol Sports Hall, no Cairo, onde Portugal vai jogar a fase de grupos

Onde podemos chegar?

Na hora dos prognósticos, jogamos ao lado de João Pinto, mítico capitão do FC Porto e preferimos fazê-los só no fim.

Pronto, pronto. Não foi para isso que aqui vieram, já sabemos.

Vamos lá, então.

Só uma hecatombe impedirá Portugal de se apurar para a segunda fase, para a qual seguem os primeiros três classificados de cada grupo.

Posto isto, passar em primeiro lugar será fundamental para ambicionar chegar depois aos quartos de final.

Isto porque o grupo de Portugal cruza, numa segunda fase de grupos, com o da Noruega, um dos principais favoritos ao título, e França (de boa memória nos últimos tempos!!), que, apesar da atual irregularidade, é a seleção mais titulada da última década.

Mas os quartos de final são uma meta, perfeitamente alcançável. E foi o objetivo traçado com todas as letras pelo selecionador nacional.

Mas Paulo Jorge Pereira também não foge da ambição de chegar às meias-finais. E alguns especialistas apontam Portugal como uma das prováveis surpresas da competição… muitos deles falam mesmo nas medalhas.

Mas não digam a ninguém. Nós não nos comprometemos... para não agoirar.

Figura: Alfredo Quintana

Blá blá blá. Blá blá blá. Clichê!

Parece um clichê, admitimos, mas Portugal vale sobretudo pelo coletivo.

Isso mesmo mostrou no Europeu do ano passado, ao qual chegou sem Gilberto Duarte, apontado como principal figura da equipa e que falhou a competição por lesão.

Este ano, o lateral do Montpellier está na comitiva, mas chega ao Egipto como incógnita devido a um problema nos adutores que o tem afetado e que o afastou dos dois jogos disputados na semana antes do início do Mundial.

Nesse sentido, a escolha do Maisfutebol para figura da seleção portuguesa recai no guarda-redes Alfredo Quintana. Há um ano foi fundamental no trajeto histórico, agora, o guardião do FC Porto, sem favores apontado como um dos melhores do mundo, será novamente uma das principais esperanças lusas para o sucesso.

Atenção a… André Gomes

O lateral esquerdo do FC Porto, de 22 anos, tem um potencial físico incrível. Com a cabeça no sítio certo, será uma arma poderosíssima para Paulo Jorge Pereira. No Europeu deixou muitos de boca aberta… Agora terá todos os olhos em cima e um potencial para confirmar. Porque além do Europeu, tem brilhado pelos dragões na Liga dos Campeões. No sangue, além do potencial físico, corre-lhe também a capacidade de aguentar a pressão. É hora de colocar tudo em campo.

Historial

Esta é a quarta participação de Portugal num Mundial.

Nas três anteriores, a participação não foi famosa… mas foi sempre a subir.

- 1997 (Japão) – 19.º lugar

- 2001 (França) – 16.º lugar

- 2003 (Portugal) – 12. Lugar

Calendário

1.ª jornada: Portugal-Islândia, 14 de janeiro, às 19h30;

2.ª jornada: Marrocos-Portugal, 16 de janeiro, às 17h;

3.ª jornada: Portugal-Argélia, 18 de janeiro, às 17h.

Portugal joga a fase de grupos no New Capitol Sports Hall, no Cairo e os jogos serão transmitidos na RTP2.

Como funciona a competição?

Nesta primeira edição em formato tão alargado, as 32 seleções vão estar inicialmente divididas em oito grupo de quatro.

Três equipas de cada grupo apuram-se para uma segunda fase de grupos (Main round), levando para essa fase os pontos somados diante dos adversários que se apuram.

Ou seja: antes do início da main round são retirados os pontos ganhos por todas as equipas frente ao único adversário do grupo que não segue para a segunda fase.

Cada grupo da main round é composto por seis equipas: os três primeiros do grupo A e os três do grupo B; os do grupo C cruzam com o D… e por aí fora.

Dos quatro grupos da main round, seguem em frente os dois primeiros classificados para os quartos de final.

Nessa fase entra o habitual mata-mata até à final.

Quem são os principais favoritos ao título?

Dinamarca: a campeã mundial e olímpica em título tem uma equipa recheada de estrelas. No Europeu, de forma absolutamente surpreendente, caiu logo na fase de grupos. Também por isso, vai procurar no Egipto mostrar que o último Europeu foi um percalço.

Espanha: a bicampeã europeia tem de ser, naturalmente, uma das maiores favoritas ao título mundial. Chega ao Mundial com uma equipa muito semelhante à que venceu o Europeu e vai procurar recuperar o título que já conquistou em 2013 e 2005. Perdeu os três jogos que fez antes do Mundial (com Croácia, Argentina e Rússia), mas costuma ser a competir a sério que os espanhóis se costumam revelar.

Noruega: finalista vencida nas duas últimas edições de Mundiais, a Noruega anda há anos a apalpar um grande título, ainda sem sucesso. Tem uma das equipas mais equilibradas ‘por cima’, com muitas e boas opções para todas as posições, chegando a este mundial em ponto 'rebuçado' para vencer finalmente uma grande competição.

Croácia: é a seleção vice-campeã europeia e cerca de uma semana antes do início do Mundial, venceu a Espanha por três golos, numa reedição da final do Europeu. A equipa croata tem em Cindric e Duvnjak dois dos melhores criativos do mundo, capazes de encontrar soluções ofensivas quando elas parecem não existir.

Possíveis surpresas

Egipto: a grande potência africana no andebol joga em casa e pode ser uma surpresa para a luta pelos primeiros lugares. Não só por jogar em casa – ainda que sem o apoio do público -, mas porque tem uma equipa muito interessante, com alguns jogadores que se sagraram campeões do mundo de sub-19, há dois anos.

Eslovénia: semifinalista no Europeu de há um ano, a Eslovénia pode voltar a surpreender neste mundial, ao qual chega com alguns dos nomes mais promissores do andebol mundial, além de consagrados como Bombac, Zarabec ou Dolenec.

Atenção às estrelas!

O norueguês Sagosen é um candidato forte a MVP do Mundial

Sander Sagosen: o primeira-linha norueguês - cuja história o Maisfutebol contou há um ano - é dos jogadores mais difíceis de travar do mundo. Ainda jovem, com 26 anos, é já o líder da Noruega e acabou de ajudar o Kiel a sagrar-se campeão europeu de clubes, ele que foi eleito o melhor do mundo em 2018. Há um ano, foi o melhor marcador (65) e o jogador que fez mais assistências (53) no Europeu. É um jogador tão imprevisível que em julho começou a ser estudado… por cientistas.

Mikel Hansen: é considerado por muitos o melhor jogador do mundo. Ameaçou não ir ao Mundial se fosse autorizada a presença de público nas bancadas, mas vai estar mesmo em solo egípcio e muito do que a Dinamarca pode vir a fazer vai depender do rendimento da sua grande estrela… apesar de ser uma seleção que mais parece uma constelação.

Domagoj Duvnjak: o MVP do último Europeu é um verdadeiro jogador de equipa e o cérebro do jogo croata. Joga e faz jogar, além de ser muito importante na defesa 5x1 que os croatas costumam apresentar. Também ele se sagrou campeão europeu pelo Kiel em dezembro.

Alex Dujshebaev: filho de um dos melhores andebolistas de sempre, o canhoto não envergonha em nada o nome que carrega – juntamente com o irmão Dani, também jogador da seleção espanhola. Na equilibrada seleção roja, é um dos jogadores que mais se destaca tanto em termos de golos como de assistências.

Niklas Landin: no andebol é habitual ouvir-se que o guarda-redes vale 50 por cento de uma equipa. E não é necessário ver muitos jogos para apurar a veracidade dessa afirmação. Nesse sentido, podíamos destacar o espanhol Pérez de Vargas, ou até o dinamarquês Kevin Moller. Mas a escolha vai para outro dinamarquês. Landin, também vencedor da Champions pelo Kiel, e eleito melhor jogador do mundo em 2019, é um autêntico ‘monstro’ nas balizas e um dos mais capazes de levar uma equipa a vencer um jogo desde a defesa.

Seleções com mais títulos mundiais

França – seis vezes campeã do Mundo.

Suécia – quatro vezes campeã do Mundo.

Roménia – quatro vezes campeã do Mundo.

Estreantes em fases finais

Cabo Verde

Marrocos

Congo

Uruguai

E a pandemia, pá?

É verdade que conseguimos chegar a este ponto sem escrever as palavras malditas: ‘pandemia’ e ‘covid-19’.

Mas o novo coronavírus está muito presente neste Mundial, como não podia deixar de ser.

Desde logo, depois de um longo debate, foi decidida na última semana que a competição não iria ter público nas bancadas, ao invés do que estava definido até então, quando se apontava a uma capacidade reduzida, mas com público.

Isso levou mesmo alguns dos melhores jogadores do mundo a criticarem e até ameaçarem não comparecer, com receio da contaminação.

Mas muitos outros jogadores não se deixaram convencer nem com a garantia de que o Mundial se disputaria sem público. Sobretudo, na Alemanha, mas também noutros países, alguns atletas abdicaram da participação no Mundial.

Todos os outros, aqueles que viajaram para o Egipto, vão viver durante o próximo mês numa ‘bolha’, sem saídas permitidas, e com cores nos edifícios onde podem ou não estar.

Além disso, todos os elementos das comitivas vão ser testados dia sim, dia não.

Nos dias que antecederam o início da competição foram chegando notícias sobre vários casos positivos em diversas seleções.

Alguns dos casos, no mínimo insólitos.

As seleções da República Checa e dos EUA, com surtos grandes, desistiram da participação na véspera (!!) do arranque do Mundial.

A seleção norte-americana chegou a comunicar que iria viajar para o Cairo com apenas 12 jogadores, depois de 18 casos positivos, mas acabou por abdicar da participação.

Essas duas desistências abriram caminho, respetivamente, a Macedónia do Norte e Suíça.

Além disso, há pelo menos mais um caso que pode vir, ou não, a resultar em desistência: a seleção de Cabo Verde, que se pode estrear em Mundiais, encontra-se retido em Portugal após terem sido detetados com sete casos positivos e aguarda autorização para viajar.

Também o Brasil vive nesta altura com algumas dúvidas, já viajou para o Cairo, mas o selecionador e o capitão ficaram em Portugal, onde a seleção brasileira estagiou, por terem testado positivo. Espera-se que possam juntar-se à restante comitiva na segunda fase da competição, depois de cumprirem o respetivo isolamento profilático.

Certo, certo, mesmo certo é que o apito inicial da competição está marcado para as 17 horas (Portugal) desta quarta-feira, num jogo entre o Egipto e o Chile. 

Que role o Mundial!

*no grupo E, os EUA vão ser substituídos pela Suíça e no grupo G, em vez da Rep. Checa, estará a Macdónia do Norte

 

Continue a ler esta notícia

Mais Vistos

EM DESTAQUE