Marcelo diz que harmonia entre espécies no Oceanário é "um bom retrato" da política portuguesa - TVI

Marcelo diz que harmonia entre espécies no Oceanário é "um bom retrato" da política portuguesa

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  • RL - atualizada às 19:32
  • 21 mai 2020, 18:55

Marcelo Rebelo de Sousa diz que tem havido ao longo dos meses unidade no diálogo na ação e que isso é algo "que os portugueses respeitam e louvam, porque obviamente para vencer a pandemia é muito importante esta unidade"

O Presidente da República considerou esta quinta-feira que a harmonia entre espécies no Oceanário de Lisboa "é um bom retrato" da realidade política portuguesa atual, com "unidade no diálogo e unidade tendencialmente na ação" face à Covid-19.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma visita ao Oceanário de Lisboa que durou cerca de duas horas e meia, durante a qual se mostrou curioso com o convívio entre espécies de oceanos diferentes e ouviu explicações sobre os equilíbrios e hierarquias nos aquários, ficando a saber que neste caso quem manda é uma garoupa que comeu um tubarão.

Sem querer comentar diretamente a opinião do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de que a sua personalidade e a do primeiro-ministro, António Costa, "combinam harmoniosamente", o chefe de Estado preferiu falar em termos mais gerais, numa "unidade" em que incluiu também o presidente do PSD, Rui Rio, e a restante oposição.

Eu acho que o Oceanário é um bom retrato daquilo que tem sido o enfrentar da pandemia nos últimos meses: a harmonia entre Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, Governo, líder da oposição, partidos da oposição, em sessões epidemiológicas, no debate franco e na aprendizagem de um caminho comum", declarou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "tem havido ao longo dos meses essa harmonia e essa unidade, unidade no diálogo e unidade tendencialmente na ação", e isso é algo "que os portugueses respeitam e louvam, porque obviamente para vencer a pandemia é muito importante esta unidade".

Só assim foi possível pôr de pé o estado de emergência pela primeira vez na democracia portuguesa, renová-lo por duas vezes e continuar agora, numa diversa situação jurídica, o combate a uma pandemia que não desapareceu, que continua presente na vida de todos nós e que nós queremos que seja controlada ao mesmo tempo que abrimos a economia e a sociedade", defendeu.

Interrogado se entende que o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, está neste momento fragilizado, o Presidente da República respondeu que "não formula juízos sobre a realidade governativa, a não ser para dizer que, neste momento em que há um combate conjunto à pandemia, a convergência do maior número é fundamental".

"É preciso compatibilizar espetáculos culturais com dados de saúde pública"

O Presidente da República declarou-se esta quinta-feira "muito sensível" à situação dos profissionais da cultura, mas defendeu que é preciso compatibilizar o regresso dos espetáculos com os dados disponíveis em termos de saúde pública.

Todos estamos com vontade de fazer face à situação dolorosa do mundo da cultura e do mundo do espetáculo durante muitos meses, todos. E, por outro lado, todos percebemos como é compreensível a sua vontade de começar mais cedo, mais depressa, o convívio com todos nós", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que respondia a questões dos jornalistas no final de uma visita ao Oceanário de Lisboa, acrescentou: "Vamos tentar compatibilizar isso com os dados disponíveis, daqui até ao final do mês e no início de junho, no domínio da saúde pública".

Declarando-se "muito sensível a essa preocupação", Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "tem havido a ideia da parte das autoridades sanitárias de chegar a um equilíbrio nos vários espetáculos".

O Presidente da República referiu que já recebeu representantes do setor cultural no Palácio de Belém, no dia 25 de Abril, e adiantou que na próxima semana irá receber o compositor e cantor André Sardet, "que representa umas centenas de protagonistas do mundo do espetáculo".

À saída do Oceanário de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi também questionado sobre uma carta do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, a pedir a sua intervenção para que os próximos jogos do campeonato sejam transmitidos em canal aberto, matéria que recusou comentar.

"Eu por acaso não recebi a carta, mas li-a na comunicação social", começou por dizer o chefe de Estado, acrescentando: "Eu não vou pronunciar-me sobre uma matéria que não é da competência do Presidente da República".

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que se trata de "uma matéria sensível, que envolve realidades contratuais entre várias instituições" e argumentou que qualquer opinião da sua parte seria uma forma de se intrometer em matérias em que não deve.

Marcelo pede visitas ao Oceanário e aponta "economia azul" como estratégica

O Presidente da República convidou hoje os portugueses a visitarem o Oceanário de Lisboa e apontou a "economia azul" como um desafio estratégico para Portugal, na retoma económica e a médio e longo prazo.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma visita ao Oceanário de Lisboa, em que logo no início elogiou o trabalho da Fundação Oceano Azul, ligada à Fundação Francisco Manuel dos Santos, à qual o anterior executivo PSD/CDS-PP atribuiu em 2015 a concessão deste espaço por um período de 30 anos.

"Fizeram aqui um trabalho notável porque isto estava muito degradado, muito antigo, correspondia a uma museologia de há décadas", comentou o chefe de Estado, enquanto caminhava na plataforma de entrada no Oceanário, em conversa com José Soares dos Santos, presidente da Fundação Oceano Azul.

À saída, cerca de duas e meia mais tarde, o Presidente da República afirmou que esta sua visita "é um convite a que muitos mais venham ao Oceanário, que é realmente uma realidade espantosa e que soube adequar-se aos desafios destes tempos de pandemia" de covid-19, com normas que incluem a utilização obrigatória de máscara e um distanciamento de dois metros entre visitantes.

Pudemos fazer a visita ao mesmo tempo que havia visitantes de várias gerações respeitando as regras de segurança e de saúde pública. Fica aqui feito o que é um convite virado para o futuro também. Porque esta fundação e este oceanário vão ser peças chaves na estratégia portuguesa no domínio dos oceanos", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "os oceanos são uma vocação natural" do país e que "a economia azul é um grande desafio para Portugal e para o mundo - mas em particular para Portugal, em termos de liderança nos próximos anos, nas próximas décadas".

Não é por acaso que iremos ter em Portugal para o ano a conferência das Nações Unidas sobre os oceanos, marcada para este ano e adiada devido à pandemia. Não é por acaso que temos centros de excelência trabalhando no domínio da biodiversidade, da riqueza dos oceanos", considerou.

A chamada "economia azul", segundo o chefe de Estado, "é importante para a retoma da economia, mas é muitíssimo mais importante a pensar estrategicamente no futuro a médio longo prazo".

Nós temos de fazer um esforço para aproveitar o tempo que vai até à conferência do ano que vem, mas muito para além dela, para que Portugal assuma um papel liderante que vocacionalmente pode e deve assumir. Nós temos o mar que temos. Não há na Europa muitos como nós a terem este mar. Não há mundo muitos como nós a terem este mar, e a terem a possibilidade de diálogo em torno dos oceanos como nós temos", argumentou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que no interior do aquário teve uma visita guiada por João Falcato, presidente do conselho de administração do Oceanário de Lisboa, assinalou que se celebram este ano "22 anos de vida" deste espaço inaugurado durante a Expo98.

"Nós recordamos esse tempo, em 1998, sendo Presidente da República Jorge Sampaio e primeiro-ministro o atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, era eu líder da oposição. Foi um passo muito importante que foi dado, no quadro da Expo98, o avanço deste Oceanário. Era um salto qualitativo a todos os níveis na sociedade portuguesa", referiu.

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