A conspiração política que chega a Belém e o homem da armadilha - TVI

A conspiração política que chega a Belém e o homem da armadilha

  • Ana Peixoto
  • 15 jan 2016, 17:50

Crónica da campanha da candidatura de Marisa Matias à Presidência da República

A surpresa nesta campanha de Marisa Matias foi mesmo o discurso de João Semedo. O antigo líder bloquista, recuperado de uma doença que o retirou da vida politica ativa, veio dar o apoio político à candidata. Assertivo no alvo recorrente desta campanha, acusou Marcelo de querer conspirar em Belém caso seja eleito, de tentar “mudar o regime para um regime presidencialista".  

Semedo resgatou a história política de Marcelo Rebelo de Sousa para perguntar "onde estava durante as lutas estudantis em 1969, em Coimbra? Do lado do regime de Américo Tomás."  E, no desenrolar dos factos políticos diz: "Não escolhemos a família, Marcelo não tem culpa de ter tido um pai que apoiasse o regime, mas o facto de ter ele próprio apoiado,  já foi escolha".  João Semedo acusou ainda Marcelo Rebelo de Sousa de durante anos " ser amigo do poder e de quem manda, de ser fiel aos amigos e leviano com a democracia". Marcelo representa "os tios e as tias à beira de um ataque de nervos e os portugueses não serão os seus sobrinhos bem comportados".

João Semedo, com o humor que lhe é característico, disse que "só mesmo a Marisa faria alguém sem cordas vocais vir discursar". A atitude João Semedo fez com que a emoção se apoderasse da sala. Para Marisa Matias, "foi uma grande prova de amor" a atitude de Semedo.
    
Em casa, em Coimbra, onde estudou, Marisa Matias ouviu ainda o professor Boaventura Sousa Santos a dizer "que perdeu uma grande cientista para a política" e que a apoiava por ser necessário "acabar com o pesadelo" de décadas de poder de Cavaco Silva.

José Manuel Pureza, também em casa, aproveitou para fazer um discurso empolgado contra o suspeito do costume nesta campanha. Marcelo é o protagonista do filme que o deputado bloquista idealizou para acabar com os "mitos" da campanha intitulado "O Homem da armadilha". Pureza elencou os vários episódios da fita:
"Esta campanha aparentemente despolitizada" é um engulho, "é uma armadilha em que Marcelo é catedrático", "fez sempre escolhas fazendo de conta que não escolhia". O mito do candidato independente que foi à Madeira acompanhado por Miguel Albuquerque e Alberto João Jardim. O candidato sem campanha, mas que é afinal "a campanha mais meticulosa e mais trabalhada". E ainda o candidato do bom senso, a figura do "árbitro", ao que José Manuel Pureza pergunta: "Contra quem apitou Marcelo no caso BES?"  De frame em frame, Pureza vai ainda às palavras de agradecimento de Marcelo a Cristiano Ronaldo: "Gosto muito do Ronaldo, mas as primeiras palavras de um presidente da República quando tomar posse devem ser para os desempregados e para os idosos..."

Um dia de emoções para a candidata presidencial, que recebeu nas ruas de Coimbra o apoio dos pais e amigos. No comício no pavilhão Centro de Portugal dirigiu o discurso para a necessidade de proteger o ambiente e deixou ainda a promessa de exercer o cargo a favor dos desprotegidos e não a favor " dos donos disto tudo".
 
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