«E o galo fez Tuck»: o dia em que o Gil ganhou ao Benfica - TVI

«E o galo fez Tuck»: o dia em que o Gil ganhou ao Benfica

Gil Vicente-Benfica

Viagem à primeira vitória dos minhotos contra as águias pela mão do herói desse jogo. Fala-se da doença de Artur Jorge, da Operação-Coração e do treinador vencedor em 1994. Quem? Vítor Oliveira

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A falta de iluminação artificial rouba o jogo a Barcelos. O Gil Vicente pega nas trouxas e ruma a Braga, como noutras tantas vezes, para receber o Benfica. Estamos em outubro de 1994 e os galos ainda vivem com a timidez própria de quem só há quatro anos experimenta a I Divisão.

No 1º Maio, anfiteatro bracarense, o Gil tem mais uma oportunidade para derrotar as águias. É a quinta tentativa para fazer história. O Benfica chega ao Minho abalado pela notícia sobre a doença do treinador Artur Jorge, obrigado a submeter-se a uma cirurgia ao cérebro, e pela lesão do dono da baliza, o titularíssimo Michel Preud’Homme.

Zoran Filipovic assume os comandos dos da Luz no banco, Neno pega nas luvas e substitui o colega belga. A noite não lhes corre nada bem. Perto do fim, já nos descontos, o Gil Vicente beneficia de uma grande penalidade. Oportunidade única para Tuck, médio nado e criado em Barcelos, cuja alcunha esconde o portuguesíssimo BI de João Carlos Novo de Araújo Gonçalves.

Tuck quando era treinador do Sacavenense

Tuck não treme, o Gil festeja, o Benfica cai. É a primeira vitória de sempre dos galos frente ao Benfica. Há mais de 26 anos. No dia seguinte, o jornal A Bola escreve na primeira página uma manchete inspirada: «E o galo fez Tuck».

À boleia da 20ª visita do Benfica a casa do Gil Vicente – agora em Barcelos, segunda-feira às 19h30 -, o Maisfutebol convida o herói de 94 para um desfile de memórias. Tuck tem a história na ponta da língua.

«Fizemos um bom jogo, olhos nos olhos, e no final não tremi no penálti. O Neno estava a jogar no lugar do PreudHomme e bati bem na bola. Lembro-me bem que toda a gente só falava da ausência do Artur Jorge, por doença. Tivemos de nos afastar disso tudo e levar os três pontos para Barcelos.»

Tuck soma mais de 200 jogos oficiais pelo Gil Vicente e divide a carreira de mais de 20 anos entre os galos e o Estádio do Restelo, ao serviço do Belenenses. Que Gil era esse em 1994?

«Um clube cumprir e que procurava estabilizar na primeira divisão. A cidade já gostava muito de desporto, não só de futebol, e por isso era fácil ver o pequenino Ribeiro Novo cheio. Como o clube ainda se estava a profissionalizar, ainda não tinha iluminação e por isso era obrigado a jogar em Braga, em Famalicão ou na Póvoa quando não havia transmissão televisiva.»

O antigo médio, agora com 50 anos e treinador de futebol – esteve com Jorge Jesus no Belenenses e na Arábia, e no Amora já esta temporada – sublinha mais três pormenores curiosos à volta desse jogo que o eleva à condição de imortal no livro de recordes gilistas.

«Já não se devem lembrar, mas nessa temporada também fomos vencer à Luz (0-1, Mangonga), numa fase em que o Benfica realizava a famosa Operação-Coração. O clube procurava a ajuda dos sócios para resolver dificuldades de tesouraria. E quem era o nosso treinador? O mister Vítor Oliveira, pois é. Tantos anos depois, aí está ele outra vez.»

Tuck é próximo de Vítor Oliveira e um admirador dos métodos «únicos» do treinador. «Não trabalho com ele desde Belém, mas é um homem muito forte na gestão do grupo, coerente e racional. É próximo dos atletas, mas sabe distinguir os momentos de trabalho e de diversão.»

Nove temporadas nos seniores do Gil Vicente, o privilégio de acompanhar o clube da terra até ao escalão maior e de privar o balneário com futebolistas de «qualidade máxima». Tuck escolhe três nomes grandes do Gil nos anos 90: «Drulovic, Capucho e Dito.»

Tuck ao lado de Filgueira e Marinho Peres nos tempos do Belenenses

Festa do título de 1994 começou na casa do Gil

A peça abre com a primeira vitória de sempre do Gil na receção ao Benfica, mas a casa gilista, emprestada ou não, até é de boa memória para as águias. Nos 19 jogos lá realizados, os lisboetas têm duas derrotas, cinco empates e 12 vitórias.

Um dos triunfos, de resto, tem um sabor especial. Também em Braga, o Benfica vence por 3-0 em maio de 1994 e assegura a conquista do campeonato nacional. João Vieira Pinto faz dois golos e Kulkov completa o score.

VÍDEO: a vitória do Benfica por 3-0 contra o Gil Vicente (imagens RTP)

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