"Extremamente resistente", "muito inteligente", "dedicado" e "focado". Será António Costa à prova de bala? A entrevista ao ministro da Economia - TVI

"Extremamente resistente", "muito inteligente", "dedicado" e "focado". Será António Costa à prova de bala? A entrevista ao ministro da Economia

  • Paulo Magalhães
  • 3 fev 2023, 23:27

Temos ouvido o Governo a dizer maravilhas da economia, de como o défice e a dívida estão a descer, de como a recessão vai passar ao largo, mas sentem e veem este país? Estas e outras respostas dadas pelo ministro da Economia e do Mar numa entrevista exclusiva

O Governo de António Costa, que celebra agora um ano, foi abalroado por casos e casinhos que fizeram cair pelo menos 11 ministros e secretários de Estado. Houve mais duas baixas, mas por motivos de saúde. Perante isto, a questão que se coloca é: o Governo está mal visto aos olhos dos portugueses? O ministro da Economia e do Mar acredita que não, mas só as próximas eleições o dirão. 

"Extremamente resistente", "muito inteligente", "dedicado" e "focado". Foram alguns dos adjetivos que António Costa e Silva atribuiu ao primeiro-ministro que, acredita, "vai retirar o Governo desta fase menos boa". 

"Eu penso que o senhor primeiro-ministro já teve oportunidade de dizer e de reconhecer que foram cometidos alguns erros por parte do Governo. Eu, como muitos portugueses, tenho uma confiança muito grande no senhor primeiro-ministro, penso que ele é o politico mais notável da sua geração, conseguiu ganhar com maioria absoluta uma eleição depois de quatro anos de Governo, é, portanto, um líder. (...) é extremamente resistente, muito inteligente, é dedicado e é focado. E eu penso que a liderança aqui é crucial e é essa liderança que vai retirar o Governo desta fase menos boa."

O ministro da Economia e do Mar acredita que António Costa pode ser à prova de bala, mas não mete as mãos no fogo: "Os portugueses julgarão na altura própria". Foi precisamente por tantas questões de natureza política que surgiu um questionário para os futuros governantes. Questionado sobre se o preencheu, António Costa e Silva disse: "Preenchi-o na minha cabeça, aliás, antes de tudo aquilo que tem de ser submetido ao Tribunal Constitucional, e estou perfeitamente tranquilo e sereno em relação a tudo". 

"Vamos ter um ano económico acima das expectativas"

A visão otimista do governante estende-se também à economia do país e ao ano que agora decorre. Apesar de ser "racional e frio", António Costa e Silva lembra que "o crescimento da economia em 2022 é o segundo maior da União Europeia e o maior em Portugal desde 1987". 

"A minha perspetiva para 2023 é que, [com base na descida da inflação subjacente], e com base no facto de alguns países europeus, provavelmente bastantes, vão evitar a recessão, a Alemanha, a Espanha, os nossos grandes parceiros, muito provavelmente vamos ter um ano económico 2023 acima das expectativas que tínhamos no fim do ano passado", explicou. 

Do ponto de vista das famílias, e do esforço que estas têm feito para fazer compras no supermercado, pagar uma renda, ou meter combustível no carro, o ministro da Economia acredita que "à medida que 2023 se for desenvolvendo e com a descida da inflação subjacente, estou em crer que vamos sentir mais melhorias e mais alívio do ponto de vista das famílias".

Pegando especificamente na habitação, Costa e Silva foi posto à prova com um exemplo muito concreto. Há um ano, um empréstimo de 250 mil euros a 30 anos, equivalia a uma prestação de €800. Agora, já com a subida dos juros de quinta-feira do Banco Central Europeu, essa prestação subiu cerca de €390. Contudo, nenhum apoio do Governo nem nenhum salário chegou a um valor equivalente. Perante isto, o ministro da Economia garantiu que tanto o seu ministério como outros, que não especificou, estão a dialogar com os bancos "no sentido se os sensibilizar para renegociarem os contratos, fazerem periodicamente a avaliação da taxa de esforço das famílias e providenciarem possibilidades de opções de reequilíbrio dos empréstimos e dos prazos". 

Questionado sobre se todo este processo ser lento, Costa e Silva admitiu que "a Administração Pública tem ritmos próprios" e que esse "é um dos grandes problemas que temos de ter no país, que é acelerar a capacidade de resposta".

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