A dias de um transplante de rim, compete nos Mundiais de Atletismo

À primeira vista, o norte-americano Aries Merritt é só mais um a competir nos Mundiais de Atletismo, em Pequim. Campeão olímpico e detentor do recorde do mundo de 110 metros barreiras, o atleta de 30 anos está na China para vencer, mas o principal obstáculo que tem de ultrapassar está fora das pistas e, na próxima semana, haverá um frente-a-frente.
 
Com apenas 20 por cento da função renal, quatro dias depois do final dos Mundiai, Merrit será submetido a um transplante de rim, que será doado pela irmã.
 
A poucos dias de uma operação tão delicada, Merrit continua a tentar focar a atenção nas pistas. Esta quarta-feira, durante as qualificações, foi o vencedor no seu grupo e segundo no total, apenas 0,10 segundos atrás do compatriota David Oliver.
 
«A operação é assustadora. Na verdade, esta pode ser a última vez que compito, caso as coisas não corram bem. Penso nisso, lá no fundo, mas, para já, concentro-me nos Mundiais. Uma corrida de cada vez», afirmou o atleta aos jornalistas.
 
Foi em 2013 que Merritt começou a sentir-se doente e nessa altura consultou médicos, que o informaram de que tinha uma rara doença genética. Passou seis meses no hospital, até abril de 2014. Não conseguia comer em condições e perdeu muito peso. «A doença deixa-me cansado, nunca estou a 100 por cento», revelou.
 
«Disseram-me que não poderia voltar a correr e o meu mundo parecia ter acabado. Correr é ótimo para a minha sanidade mental. Concentro-me nos Mundiais para não me focar no transplante». Apesar da doença, o atleta garante que não foi a Pequim apenas para competir, mas para ganhar. «Penso que posso sair daqui com uma medalha», afirma confiante.
 
Menos confiante está em relação à operação, mas não deixa de frisar: «A minha irmã vai dar-me vida». E depois? «Espero conseguir chegar aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro».