Vanessa Fernandes: «Agora tento viver na simplicidade e é um alívio enorme» - TVI

Vanessa Fernandes: «Agora tento viver na simplicidade e é um alívio enorme»

Vanessa Fernandes (Estela Silva/Lusa)

Antiga atleta fala do que ganhou ao afastar-se do desporto e diz querer resgatar a parte feminina

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Vanessa Fernandes assume que procura agora as coisas simples da vida, na «ressaca» de uma carreira no triatlo, abrilhantada com a conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, um título mundial e cinco europeus.

A antiga atleta esteve presente na antestreia da curta-metragem «72 horas antes», produzida pela casa de apostas Betclic e reailzada por Miguel C. Saraiva, que aborda os três dias anteriores à prova olímpica, em que competiu já com o diagnóstico de depressão e terminou atrás da australiana Emma Snowsill

«Durante a entrevista, senti muita libertação. Foi um bocado terapêutico ver como foi a minha história, sem me massacrar com ela. Aceitei, sem sentir pena ou querer causar pena. A vida é para andar para a frente, mas até me reencontrar ainda bateu durante algum tempo», referiu no final aos jornalistas.

«Quero abrir uma porta e sensibilizar as pessoas para a saúde mental», reconhecendo que esta questão ficou no auge com as desistências da ginasta norte-americana Simone Biles nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, no último verão.

«Sempre tive muitos apoiantes, Portugal sempre me apoiou, e também acho que devem saber onde estou, porque desapareci muito rapidamente. Estão a ver uma ressaca? Foi mais ou menos assim. Quando saí do desporto senti esse impacto. É o desvincular de uma identidade, quebrando tudo o que acreditei sobre mim durante a carreira, para entrar numa nova vida e uma nova linha de pensamento. A viver o mais simples possível.

Vanessa Fernandes diz por isso que a mudança foi radical e relaxante.

«Fui tão habituada a viver com estímulos, para ganhar, para conquistar prémios, dinheiro, fama e patrocínios. E agora tenho de saber viver nessa simplicidade e é um alívio muito grande. Preciso de pouco para me amar e é nessa simplicidade que me vou encontrando e me sinto bem. E tenho também tentado resgatar a minha parte feminina, que foi aniquilada durante muitos anos.»

Aos 36 anos, a atleta diz que gostava de ser treinadora ou ter um papel na formação de jovens e assume ter «muitos sonhos, muitas coisas que gostava de construir», deixando alguns conselhos a jovens atletas que possam estar a replicar o seu percurso: «Respeita sempre os teus limites e faz apenas o que estás preparada para fazer. E dizer não, quando tivesse de dizer não.»

«Não era a questão de desistir, acho que era de fazer as coisas de maneira diferente e de enfrentar o outro. Às vezes encaramos os treinadores como deuses, quem manda, a quem não se pode dizer que não. Se calhar, quando estava a ser difícil, devia ter dito basta, tendo uma comunicação completamente diferente.»

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