Judoca Bárbara Timo confessa depressão: «Muitos atletas passam pelo mesmo» - TVI

Judoca Bárbara Timo confessa depressão: «Muitos atletas passam pelo mesmo»

Bárbara Timo (Benfica)

A ausência da família, a pandemia de covid-19 e os Jogos Olímpicos foram alguns fatores que contribuíram para a depressão da atleta. A brasileira acabou por mudar de categoria e reergueu-se

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A distância da família no Brasil, os Jogos de Tóquio e a pandemia de covid-19 foram alguns dos fatores que contribuíram para a depressão da judoca Bárbara Timo.

«Foram vários fatores de stress que levaram a isto [à depressão], não é um estigma, agora já me sinto confortável para falar, sei também que muitos atletas estão a passar por isso, foi um período muito complicado [o da pandemia] não só para os atletas, para o mundo todo», disse, à Lusa.

Os primeiros sinais vieram com a perda inexplicável de peso, mas Bárbara Timo reconhece que foi um aglomerado de situações que contribuíram para essa depressão ainda em 2020, que se prolongou e para a qual procurou ajudou médica já este ano.

«Foram vários fatores, momentos de stress que levaram a esse diagnóstico, mas o pico de stress foram mesmo os Jogos Olímpicos, e depois foi difícil, por tudo o que procurei, tudo o que troquei na minha vida», justificou. 

Foi em 2018 que a atleta deixou a vida no Brasil por uma carreira desportiva em Portugal, primeiro quando assinou pelo Benfica, e, depois, a partir de 2019, já ao serviço da seleção, pela qual chegou a ser vice-campeã mundial em -70 kg.

Mas um ano depois a pandemia abalou a estrutura da judoca, que já tinha alcançado várias conquistas pela seleção, num período em que as fronteiras fecharam e ficou sem poder estar com a família, o que habitualmente fazia duas vezes por ano.

«Foi muito complicado. Não só de não os ver, mas a incerteza em relação à saúde. Um tio meu faleceu de covid-19», lembrou Bárbara Timo.

Logo de seguida, chegaram os primeiros sintomas depressivos, o que a levou também a questionar a motivação em continuar no judo, sabendo que já tinha conquistado uma série de medalhas [Grand Slams, Europeus, Mundiais], com exceção dos Jogos Olímpicos.

«Já tinha as medalhas, faltava mesmo a dos Jogos Olímpicos, mas ao mesmo tempo eu adoro esta vida, adoro treinar, competir, adoro estar no meu clube, na seleção», referiu. 

Para isso precisou de ter novos estímulos e fez das fraquezas forças, ao projetar novas metas e desafios, especialmente com a mudança de categoria, sabendo que a perda de peso era consequência da depressão.

«Parei de treinar após os Jogos e quando fui ver o meu peso já estava em 67 kg, então podia subir ou podia descer. Acho que faço sempre o caminho inverso a todo o mundo, vou por outra estrada», adiantou.

Bárbara prepara-se agora para deixar os -70 kg, que lhe deram o vice-título mundial em 2019 ou o bronze nos Europeus de Lisboa, já este ano, e assumir a competição nos -63 k, categoria em que chegou a competir até aos 21 anos.

«Considero sempre novos caminhos e acho que é isso que me motiva, sabendo que sou capaz, descobrir até onde posso ir, é mesmo por aí. Juntei forças em consequência de tudo e isso dá-me muita motivação, estou animada», sublinhou. 

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