Foi o melhor português na Maratona de Lisboa e tudo começou num café - TVI

Foi o melhor português na Maratona de Lisboa e tudo começou num café

Edgar Matias (DR - Câmara Municipal de Grândola)

Edgar Matias, de 42 anos, é engenheiro e natural de Melides. «Estava a tomar uma cerveja e passaram uns amigos a correr. Perguntei-lhes se queriam uma e disse, na brincadeira, que na semana seguinte ia correr com eles». Assim começou em 2017

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É engenheiro, corre regularmente há apenas quatro anos e foi, no domingo, o melhor atleta português na Maratona de Lisboa. Um feito ainda mais notável para Edgar Matias, de 42 anos, natural de Melides, no concelho de Grândola, quando se percebe que tudo começou por «brincadeira», quando bebia uma cerveja num café.

Matias completou a distância, na capital portuguesa, em 02:29:13 horas, a melhor marca pessoal naquela que foi apenas a sua quinta maratona oficial desde que, em 2017, decidiu começar a correr «para ver como é que o corpo reage».

«Numa sexta-feira, depois do trabalho, estava num café a tomar uma cerveja e passaram a correr uns amigos que faziam uns treinos. Perguntei-lhes se queriam beber uma, que pagava eu, e disse-lhes, na brincadeira, que na semana seguinte ia correr com eles», relatou Edgar Matias, em declarações à Lusa.

Sem que os amigos acreditassem muito naquilo, certo é que Matias, que há mais de 20 anos «tinha percebido, no Desporto Escolar, que tinha algum jeito para o atletismo», embora nunca se tenha dedicado a sério, foi para casa «a pensar que era porreiro começar a correr outra vez». «Comecei sozinho, vi que a adaptação ao esforço até foi rápida, a recuperação também, a coisa foi surgindo assim e os resultados aparecendo», explica o atleta do Grupo Desportivo e Recreativo de São Francisco da Serra, que é «sem dúvida o maior clube de atletismo da região» e que teve importância na evolução de Matias.

«Comecei a ter melhores resultados e a evolução tem sido exponencial. Comecei a treinar com o Rui Dolores, um atleta de elite de xterra [triatlo de ‘todo-o-terreno’], de Grândola, e a partir do momento em que comecei a assimilar os treinos dele, a minha evolução, no último ano e meio, tem sido incrível», garantiu Matias, que foi 13.º classificado na geral masculina da Maratona de Lisboa e 19.º na geral da prova.

A primeira maratona foi ao fim de cerca de dois anos. Em 2019, em Sevilha, Espanha, conseguiu logo ficar abaixo das três horas, com uma marca de 02h51m. A partir daí, e graças às «características morfológicas favoráveis», foi sempre a melhorar a sua marca pessoal até ser campeão nacional do escalão V40, na Maratona de Lisboa, em prova integrada no campeonato nacional da distância, pela Associação Nacional de Veteranos (ANAV).

«O meu objetivo era bater o meu recorde pessoal e, com isso, tentar ser campeão português do escalão V40. Ser o primeiro português a cortar a meta foi a surpresa maior porque, de todo, não estava à espera», assumiu o atleta.

A iniciativa solidária na «maior distância de praia»

Ao longo dos últimos anos, o gosto que Edgar Matias ganhou pela corrida fê-lo aumentar mais a popularidade na terra natal, a que ajudou ao sucesso de uma iniciativa solidária quando, em agosto de 2020, decidiu correr «a maior distância de praia da Europa». Matias percorreu, no verão do ano passado, o areal «desde a praia do Cabo Norte, em Sines, até à marina de Tróia». Foram 65 quilómetros e «cerca de 5 mil euros» angariados para o lar de idosos da Casa do Povo, numa ideia que surgiu após o cancelamento da Maratona Atlântica em 2020 - que se corre anualmente entre Melides e Tróia - devido à pandemia de covid-19.

De resto, o contacto com a natureza é outro ponto fundamental na corrida. Tanto que não gosta «de correr com música». «A corrida liberta-me, porque é, de facto, o que sinto quando estou a correr. Enquanto corro, não penso em problemas, só penso em coisas boas. Gosto mesmo de absorver tudo o que a natureza me consegue dar», sublinhou.

Engenheiro de Automação, Controlo e Instrumentação de uma empresa do ramo da indústria petroquímica, em Sines, Edgar Matias vai agora continuar treinos diários de «uma hora a uma hora e meia, no máximo», sem resultados em mente. Afinal, o objetivo é só um: «sempre superar-me a mim próprio e tentar bater o meu recorde pessoal», rematou.

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