Simone Biles: «Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio» - TVI

Simone Biles: «Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio»

Simone Biles

Ginasta conta o que viveu em Tóquio2020 e aponta: «Se virem tudo que passei nos últimos sete anos, nunca deveria ter participado de outra equipa olímpica»

Relacionados

Depois da magnífica prestação nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, as expectativas em cima de Simone Biles eram muitas para as olimpíadas de Tóquio, mas, a contas com questões de saúde mental, a ginasta acabou por desistir da maioria das provas.

Bile conta, em entrevista à New York Magazine, que foi aterrador o sentimento de estar no ar e não ter noção de onde estava, não conseguir ter o mapa mental do chão para saber onde aterrar. «A minha perspetiva nunca mudou tão rapidamente, de querer estar em um pódio para querer poder ir para casa sozinha e sem muletas», afirmou, garantindo: «Se eu ainda tivesse noção no ar e tivesse sido apenas um dia mau, teria continuado, mas foi mais do que isso.»

«Imaginem que até aos 30 anos conseguiam ver perfeitamente e um dia acordam e não conseguem ver nada. As pessoas dizem-te para continuares a fazer o teu trabalho como se ainda tivesses visão. Sentir-te-ias perdido, não é? Fiz ginástica durante 18 anos, mas um dia acordei perdida. Como devo continuar?», explicou.

A ginasta admitiu mesmo: «Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio.»

«Se virem tudo que passei nos últimos sete anos, nunca deveria ter participado de outra equipa olímpica», continuou a atleta que, em 2018, revelou ter sido uma das vítimas do ex-médico da equipa norte-americana Larry Nassar, condenado por abuso sexual de mais de 250 ginastas, a maioria delas menores.

«Quando Larry Nassar estava na imprensa, era demais. Mas eu não queria deixar que ele me tirasse tudo, tudo aquilo para o qual trabalhei desde os seis anos. Eu não iria deixar que ele me tirasse essa alegria, então fui além do que podia durante o tempo que a minha mente e o meu corpo permitiram», explicou.

«Provavelmente será algo em que terei de trabalhar durante 20 anos. Só quero que um médico me diga quando estiver curada. Como quando somos operados e nos dão alta. Por que motivo ninguém me diz que em seis meses tudo vai acabar?», lamentou.

Continue a ler esta notícia

Relacionados