Ciclismo de volta: «Estão em causa muitos postos de trabalho» - TVI

Ciclismo de volta: «Estão em causa muitos postos de trabalho»

Ciclismo (Foto: FP Ciclismo)

Pelotão luso voltou à estrada este domingo, num contrarrelógio individual em Sangalhos. Ausência de público estranha

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O pelotão do ciclismo português regressou este domingo à estrada, com um contrarrelógio individual em Sangalhos, em Aveiro. O retorno à competição fez-se com cerca de uma centena de corredores de equipas portuguesas de elite e sub-23 e alguns lusos do pelotão WorldTour.

Sob apertadas medidas de segurança, devido à pandemia da covid-19 que suspendera todas as provas do quadro nacional desde março, não houve público na partida para «abraços e tirar fotografias», ausência que estranhou ao pelotão que foi tomando posição, com um ciclista à vez, à porta do Centro de Alto Rendimento de Sangalhos.

Ciclistas, equipas técnicas, organização e elementos da comunicação social acreditados: todos passaram por um controlo médico, com medição da temperatura e resposta a um inquérito sobre sintomas de covid-19. Nesta altura, é obrigatório o uso de máscara mesmo ao ar livre, por cada uma das comitivas do pelotão, que esteve afastado vários meses como nunca.

Entre a elite portuguesa estava Rui Oliveira, da UAE Emirates, equipa que levou outros dois compatriotas: o campeão mundial de 2013, Rui Costa, bem como o seu irmão, Ivo Oliveira. «Queremos começar a correr e mostrar a todo o Portugal que é possível fazer corridas sem comprometer a segurança de todos», afirmou, em declarações à agência Lusa.

Rúben Guerreiro, um dos portugueses no WorldTour, ao serviço da equipa norte-americana Education First, demonstrou satisfação com o retorno neste contrarrelógio de 22 quilómetros, após um período «ingrato para todos». «Mas é melhor que nada. É um passo para que tudo volte à normalidade», contrapôs, evidenciando, contudo, o «estranho» facto de «correr só a partir de julho», altura em que, por exemplo, o calendário mundial estaria nos primeiros dias de uma das grandes provas, a Volta a França.

Vencedor de duas Volta a Portugal, o espanhol Gustavo Veloso (W52-FC Porto), classificou também o momento como «estranho», mas espera «um ano excecional», defendendo que o ciclismo é «o desporto do povo». «Que seja um ano excecional e, depois, possamos voltar a desfrutar da companhia uns dos outros», expressou, configurando o que está a ser um «momento duro psicologicamente», pela ausência de provas e o treino «sem objetivos».

Outro dos corredores de renome nacional, Tiago Machado, da Efapel, destacou o «profissionalismo» do pelotão, que tem de «honrar patrocinadores». Criticou, ainda, «algumas autarquias que fogem às responsabilidades, quando dizem que não há condições de segurança e não fecham os shoppings e deixam as praias abertas».

«Temos de olhar para todos e o ciclismo é fonte de rendimento para muitas famílias. Estão em causa muitos postos de trabalho. Ninguém quer estar a viver no fio da navalha. Os adeptos do ciclismo ainda hoje mostraram [respeito], numa corrida normal teríamos muita gente de volta dos autocarros, o que não se verifica. Sabemos estar no desporto como muito poucas modalidades sabem», assinalou, à partida para o crono.

Junto às ‘fitas amarelas’ na parte inicial do percurso estavam alguns adeptos, impossibilitados de marcar presença na partida ou na meta. Ainda assim, quiseram assistir ao regresso da competição, mesmo com o muito valor que se fazia sentir, com mais fãs da modalidade ao longo do percurso.

Um deles era Paulo Pereira, de 42 anos que viajou de Aveiro com a namorada após «90 quilómetros de bicicleta de manhã», dado que é atleta de triatlo do Galitos. Contou que, perante uma situação que «as pessoas têm de respeitar», acaba por ser algo natural que o público queira assistir «à primeira prova» após a suspensão. «Ainda por cima, é a primeira vez que vejo um contrarrelógio ao vivo», assinalou.

Rui Costa vence

Com um tempo de 28.10 minutos, Rui Costa foi o melhor ao longo do percurso de 22 quilómetros, a partir do Velódromo de Sangalhos, num exercício individual que marcou o regresso das corridas em Portugal.

Rafael Reis (Feirense) foi segundo classificado, a três segundos, enquanto o espanhol Gustavo Veloso (W52-FC Porto) acabou no terceiro lugar, a 22.

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