Há poucos dias a carreira de Marcus Willis estava encerrada, e agora está no ponto mais alto. O tenista inglês de 25 anos já estava conformado com a ideia de dar aulas a outros para ganhar a vida, mas agora vai defrontar aquele que é considerado o maior jogador de todos os tempos – Roger Federer -, no mais conceituado torneio de relva.
Willis chegou a ser uma promessa do ténis britânico, mas as lesões e a necessidade de um sustento fizeram com que deixasse os sonhos de lado e se dedicasse a uma carreira de treinador. Em janeiro ponderou até mudar-se para os Estados Unidos, mas a namorada Jennifer, uma dentista de 30 anos, convenceu-o a continuar a jogar.
«Ela é amorosa. É muito positiva mesmo, e faz-me pensar bem. Acumulei algumas dívidas, mas nada de especial. No final do ano passado sofri uma lesão a jogar nos Estados Unidos e no início deste ano estava mesmo mal, não queria sair da cama. Não encontrava motivação para nada. Estava mesmo preparado para arrumar as coisas. Precisava de ganhar algum dinheiro», recordou o tenista.
Willis só conseguiu disputar a pré-qualificação do torneio de Wimbledon devido à desistência de um compatriota. Agarrou a última vaga e depois teve de vencer seis jogos para chegar ao quadro principal, o que lhe garantiu desde logo um prémio de 50 mil libras (mais de 60 mil euros). Como treinador ganhava 30 libras por aula (cerca de 35 euros).
Com a família na bancada, o tenista inglês conseguiu adornar ainda mais o sonho, nesta segunda-feira. Bateu o lituano Ricardas Berankis, nº 54 do Ranking ATP (Willis é o 772º), sem perder qualquer «set» (6-3, 6-3 e 6-4), e vai agora ter o privilégio de defrontar Roger Federer no court central de Wimbledon.
É quase certo que o sonho vai terminar, mas haverá forma melhor de despertar para a realidade do que a cumprimentar o melhor jogador de todos os tempos?