A Volkswagen vai confiar a um historiador independente a investigação sobre o seu papel na ditadura brasileira, na qual a empresa alemã é acusada de ter colaborado.
“Queremos que se faça luz sobre o período sombrio da ditadura militar e o comportamento dos responsáveis da época no Brasil e possivelmente também na Alemanha”, declarou em comunicado a diretora do departamento jurídico do grupo, Christine Hohmann-Dennhardt.
O professor Christopher Kopper, da Universidade alemã de Bielefeld, vai analisar as queixas de que a Volkswagen é alvo por ter permitido perseguições e a tortura de trabalhadores que se opunham ao regime militar entre 1964 e 1985).
“Vamos determinar o papel da empresa durante a ditadura militar no Brasil com a perseverança e coerência necessárias, da mesma forma que o fizemos de forma precoce e exaustiva em assuntos como o passado nazi e recurso ao trabalho forçado”, afirmou Hohmann-Dennhardt.
Segundo a acusação, 12 trabalhadores foram detidos e torturados na altura na fábrica da Volkswagen de São Bernardo do Campo, nos arredores de São Paulo. A empresa é ainda acusada de ter elaborado “listas negras” de opositores à ditadura.
No comunicado, o grupo alemão indicou que está a procurar um novo diretor para a divisão de comunicação histórica, depois da saída do responsável por este departamento.
Manfred Grieger deixou a empresa no final de outubro, depois de ter criticado publicamente um estudo interno sobre o passado nazi da Audi, uma das marcas do grupo, considerando que essa análise estava incompleta e minimizava os factos.
De acordo com a agência alemã DPA, a saída estaria relacionada com uma reprimenda da administração sobre essa tomada de posição sem autorização.