Danilo como Nani ou Simão: difícil é chegar com todos à fase final - TVI

Danilo como Nani ou Simão: difícil é chegar com todos à fase final

Danilo recebeu placa a assinalar os 25 jogos pela Seleção Nacional (foto FPF)

Em praticamente todas as fases finais que disputou, Portugal teve de arranjar substitutos para prováveis convocados. Danilo Pereira é o último caso, a dois meses do Mundial da Rússia

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[artigo original publicado a 05-04-2018 23:52]

Danilo Pereira é a primeira dor de cabeça séria para Fernando Santos. O médio do FC Porto é carta fora do baralho para o Mundial da Rússia, depois de ter sofrido uma rotura parcial do tendão de Aquiles, e «inaugura» um dado comum a quase todas as fases finais em que Portugal participou: as baixas forçadas, devido a lesão.

Fernando Santos, que já há dois anos, antes da epopeia que terminou em Paris no pontapé de Éder, tinha perdido Fábio Coentrão e Danny, sabe que voltará a não poder escolher livremente os 23 que levará à Rússia. Danilo é baixa certa, mas até 14 de junho, data em que começa o Mundial, e numa altura em que as Ligas entram na fase decisiva, ainda muita coisa pode acontecer.

Nesta altura, para já, só o caso de Danilo preocupa consideravelmente. João Moutinho está de baixa mas não é grave, Pepe voltou a jogar recentemente e Raphael Guerreiro também está parado, numa época conturbada, mas não há indícios de que a lesão seja limitadora.

Há, contudo, o caso de Ricardo Ferreira, central bracarense que Fernando Santos chamou à seleção e se lesionou entretanto. Não é hipótese para o Mundial, mas a sua presença seria sempre uma surpresa, ainda que seja de notar a escassez de defesas centrais.

Ora, chegar a uma fase final sem um jogador importante lesionado seria raríssimo. Em praticamente todas as fases finais houve, pelo menos, uma baixa marcante. Já citámos as de 2016 e a verdade, porém, é que no Mundial do Brasil até nem houve registo de grandes baixas. Até ao início do torneio, os casos mais mediáticos eram os do benfiquista Sílvio e o de Bruma, então no Galatasaray, ambos lesionados com gravidade. Porém, nenhum deles tinha estatuto de indiscutível.

Aliás, no torneio brasileiro o problema com as lesões que não apareceu antes...apareceu em força durante. Fábio Coentrão, Hugo Almeida, Rui Patrício, Hélder Postiga e André Almeida sofreram problemas físicos durante o torneio.

Portugal-Alemanha foi o único jogo de Coentrão no Brasil 2014

Nani, Jorge Andrade, Humberto Coelho, Fernando Mendes...

A primeira participação portuguesa numa fase final de uma grande competição de seleções foi o Mundial da Inglaterra, em 1966, com o sucesso que se conhece. Nesse torneio houve um grande ausente, por lesão. Fernando Mendes foi o 23º Magriço, depois de ter-se lesionado gravemente num jogo de apuramento frente à Checoslováquia.

Em 1984, quando Portugal voltou a uma fase final o grande ausente foi Humberto Coelho, o capitão da seleção já em fase final de uma longa carreira, também por lesão. Dois anos depois, não houve grandes lesões a lamentar, embora um poblema com doping tenha afastado Veloso do torneio.

Nos Euros de 1996 e 2000 também não há registo de grandes baixas, embora Sá Pinto, que era apontado como titular no torneio da Bélgica e Holanda, tenha começado a prova com problemas físicos, o que levou à explosão de Nuno Gomes, já que Pauleta, o outro ponta de lança, não podia jogar o primeiro encontro por castigo.

Em 2002, ano do Mundial do Oriente, voltam as lesões mediáticas. Num particular de má memória, contra a Finlândia, no Estádio do Bessa, pior do que o pesado 4-1 sofrido foi mesmo a lesão grave sofrida por Simão Sabrosa, então no Benfica, que o impediu de dar o seu contributo à seleção de António Oliveira. Sá Pinto, agora sim, ficou em terra para ser operado e ainda há o também famoso caso de Kenedy, ausente devido a um controlo antidoping positivo.

Dois anos depois chega o Europeu organizado em Portugal, em que o principal ausente é Ricardo Quaresma, à data jogador do Barcelona. De qualquer forma, não seria um convocado indiscutível, embora tivesse hipóteses.

No Mundial da Alemanha a baixa é mais visível: Jorge Andrade. O titular do Euro 2004 ao lado de Ricardo Carvalho no centro da defesa começou um longo calvário que só terminaria no final da carreira e também o tirou do Europeu da Suíça e Áustria. Também de fora do Mundial 2006 ficou Bruno Vale. Pode não parecer relevante nesta altura, mas a verdade é que o guardião era um dos convocados mas partiu uma perna no Euro Sub-21, jogado pouco antes, e ficou a ver pela televisão o grupo de Scolari chegar ao quarto lugar.

Jorge Andrade desfalcou Portugal em 2006 e 2008

No Euro 2008, além do referido Jorge Andrade houve a lamentar a lesão de Quim, já perto do arranque da prova e numa altura em que se discutia se deveria ser ele ou Ricardo o dono das rendes.

Em 2010 houve o Mundial da África do Sul e mais uma lesão mediática: Nani. Já no estágio na Covilhã o avançado sofreu uma lesão na clavícula depois de cair mal após uma acrobacia aérea. Carlos Queiroz já não contava, nessa altura, com Bosingwa, Silvestre Varela e Ruben Micael, uma das revelações da época, todos por lesão. De recordar ainda que Pepe só não falhou o torneio sul-africano pela persistência de Queiroz que o incluiu nos eleitos mesmo sabendo que estaria limitado e só poderia jogar, talvez, a partir da fase de grupos. Acabou por regressar no terceiro jogo, com o Brasil.

Por fim, o grande ausente do Euro 2012 foi Danny que, como se disse, repetiu o feito pouco desejável quatro anos mais tarde, em França.

E lá por fora, quem fica de fora?

Felizmente, ao contrário de outros anos, ainda não há, para já, grandes ausências a lamentar devido a lesões. O torneio da Rússia, para já, vai tendo intactos os principais craques, sendo que até as lesões mais graves que têm surgido parecem recuperáveis a tempo da prova, como é o caso do brasileiro Filipe Luís ou do inglês Harry Kane.

O belga Steven Defour, antigo médio do FC Porto, é, contudo, baixa confirmada, sendo que recentemente também surgiu a notícia da mais que provável ausência do veterano Obafemi Martins, que poderia emprestar experiência ao ataque da Nigéria.

Em 2014, por exemplo, por esta altura já a Colômbia fazia contas ao estado físico de Radamel Falcao, lesionado com gravidade quando estava em bom momento no Mónaco. Acabou mesmo por falhar o Mundial, tal como o alemão Marco Reus, o francês Ribéry, o inglês Walcott ou o holandês Van der Vaart.

Falcao foi uma das grandes baixas do Mundial 2014

David Beckham, Michael Owen ou Michael Ballack em 2010; Djibril Cissé em 2006; Santiago Cañizares, depois de deixar cair um perfume no pé, em 2002; Romário e Ravanelli em 1998; ou Marco Van Basten no EUA 94 são apenas alguns exemplos, mais recentes, de estrelas azaradas em ano de Mundial.

Até junho, muitos selecionadores e adeptos das 32 seleções presentes, vão certamente bater na madeira à espera de espantar o azar. Quem gosta de futebol e quer ver os melhores, não os censura.

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