Canções para viver futebol: paixão com banda sonora, e um bónus - TVI

Canções para viver futebol: paixão com banda sonora, e um bónus

Tottenham-Liverpool

Uma viagem por temas que nos transportam de imediato para o ambiente do jogo, entre melodias universais, humor, provocações e algum gosto duvidoso, faz parte

Há melodias que são uma ligação direta aos momentos que não se vivem por estes dias, aos sons do futebol, à vibração de um estádio. O Maisfutebol foi à procura de algumas dessas canções que nos transportam de imediato para o ambiente do jogo, numa seleção que passa por temas universais - alguns deles sem fronteiras, adaptados e replicados -, por símbolos de identidade e paixão, e também por grandes sucessos de gosto mais ou menos duvidoso, faz parte. Uma viagem por memórias com banda sonora.

No final da semana passada, quando milhões de pessoas pela Europa já estavam em isolamento social, por causa das medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus, centenas de estações de rádio passaram em simultâneo, numa iniciativa que partiu de um animador da rádio holandesa NPO, aquela que é a mais simbólica das canções associadas ao futebol.

When you walk through a storm

Hold your head up high

And don't be afraid of the dark

At the end of a storm

There's a golden sky

And the sweet silver song of a lark

Walk on through the wind

Walk on through the rain

Though your dreams be tossed and blown

Walk on, walk on

With hope in your heart

And you'll never walk alone

You'll never walk alone

A letra dá ainda mais força a You’ll Never Walk Alone neste tempo, mas não é preciso sabê-la para sentir a força de um estádio a cantar a canção que é um original dos anos 40 adaptado nos anos 60 pela banda Gerry & The Pacemakers e adotado pelos adeptos do Liverpool, mas também do Celtic ou do Borussia Dortmund. E que está no coração de quem a ouve, universal.

Há mais canções que levam aos estádios a identidade de um clube, ou de um país. Entre tantas, sempre especial a música que os adeptos da Irlanda converteram em hino, Fields of Athenry, um original dos anos 70 de Pete St John que evoca um momento crítico do país, a Grande Fome de meados do século XIX. Como muitas outras, passou fronteiras em versões e adaptações. Também por cá, importada pelos adeptos do Sporting na canção Força Brutal. Aqui, a arrepiante interpretação dos adeptos irlandeses no Euro 2012, frente à Espanha.

Há tantos exemplos de canções que ganharam muitas vidas. Algumas deixaram esquecido no tempo o tema original, para dar vida a adaptações que correm mundo. Como esta, um original de 1985 do duo italiano Righeira, L’Estate sta finendo, que começou por se ouvir nos estádios em Itália, foi também adaptada pelos adeptos do FC Porto, na música A ganhar ou a perder, e do Dragão saltou também para Liverpool, depois de os «reds» terem jogado no Porto em 2018. Aqui a versão dos adeptos do Nápoles, Un giorno all’improviso. Que se tem ouvido por estes dias a partir de muitas janelas e varandas da cidade italiana.

Há canções que passaram a confundir-se com desporto. De We are the champions, dos Queen, a Heroes, de David Bowie. Outras foram adotadas um pouco por todos os estádios, o refrão adaptado à ocasião. Como Seven Nation Army, dos White Stripes, aqui num momento tão especial para Portugal.

A cultura britânica foi aquela que mais profusamente cruzou futebol e música, com bandas de topo a arriscarem a incursão pelo tema. E há sons que perduram. Como Vindaloo, da improvisada banda Fat Les, para o Mundial 98, ou Three Lions- Football is coming home, o hino da Inglaterra no Euro 96, dos Lightning Seeds, com a participação dos comediantes David Baddiel e Frank Skinner.

Houve muitas incursões de bandas mais ou menos famosas por temas dedicados ao futebol e a maioria não deixou grande marca. Algumas tiveram «timing» falhado, como o Goal, Goal, Goal dos James, a canção da Inglaterra para o Mundial 1994, prejudicada pelo pequeno contratempo de a Inglaterra ter falhado o apuramento. Quatro anos antes os New Order tinham criado um tema para o Mundial 90, World in Motion, que tem como extra, chamemos-lhe assim, a participação de alguns jogadores da seleção inglesa.

Vem dos anos 70 o hábito de promover «hinos» ou canções «oficiais» para as grandes competições. A grande maioria deixa muito a desejar, ainda que muitos desses temas, independentemente do gosto duvidoso, façam parte da memória de quem os viveu na juventude. Para os quarentões, El mundo unido por um balón, do México 86, continua a despertar sorrisos. Quatro anos mais tarde, Un estate italiana embalou aqueles que seguiram o Mundial 90. Mais comerciais e bem menos saudosas foram importações de temas como Copa de la vida, a canção de Ricky Martin para o Mundial 1998, ou o Waka Waka de Shakira no Mundial 2010, que é ainda, de acordo com a revista Billboard, o mais bem sucedido hino de um Mundial de sempre, com 2.4 mil milhões de visualizações até hoje no Youtube. Pronto, cá vai ela. Dançar também faz bem.

As grandes competições são sempre pretexto para a criação de novos temas e alguns deles ganharam em popularidade aos hinos oficiais. Muitos também associados a campanhas e patrocinadores, alguns com mensagens fortes. Como a canção de K’naan, músico de origem somali, para o Mundial 2010. Waving Flag é uma homenagem a África, um tema que cativou pela melodia e pela mensagem.

E depois há temas que ganham vida própria, muito para lá das fronteiras de um país. Como o fenómeno bem mais recente que foi Will Grigg’s on fire, versão adaptada do original Freed from desire, da italiana Gala, misturando futebol e humor, como só os britânicos sabem fazê-lo, à boleia da participação da Irlanda do Norte no Euro 2016. O ritmo passou de bancada em bancada, para os bares e para a rua, cantado por adeptos de todos os países em França, enquanto o avançado que o «inspirou» se sentava no banco a cada jogo, sem ter jogado um único minuto.

O futebol faz-se de paixão e isso quer dizer também rivalidade. A banda sonora dos estádios vive também de provocações aos adversários. Entre tantas, o Diceme que se siente entoado nas bancadas e um pouco por todo o lado no Mundial 2014 tornou-se um marco, no campeonato à parte que é a rivalidade entre Argentina e Brasil. A música entoada pelos adeptos argentinos é uma adaptação de Bad Moon Rising dos Creedence Clear Water Revival.

Para o fim, claro, o hino da Liga dos Campeões. Atualmente, não haverá melodia tão universalmente associada a futebol como esta, composta pelo inglês Tony Britten em 1992.

Esta viagem pelos sons do futebol termina com uma ligação a Portugal, em jeito de «bonus track»: os hinos de cada um dos principais clubes portugueses, recordando uma iniciativa do Maisfutebol para eleger os melhores. É por aqui.

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