A primeira vez dos Linda Martini no Primavera Sound

Uma semana antes da edição portuense do festival, os Linda Martini levaram a música portuguesa a Barcelona.



Eram seis da tarde quando os primeiros acordes da «Efémera» se fizeram ouvir. Em palco, os Linda Martini propunham-se a uma tarefa quase impossível: ultrapassar a barreira da língua para dar a conhecer o trabalho do quarteto a um público que pouco ou nada conhecia da banda. E, nesse sentido, o convite para marcarem presença na edição de Barcelona do festival Primavera Sound empurrou o grupo para fora da sua zona de conforto - longe de casa, longe da audiência fiel que é imagem de marca do conjunto. Essa distância física e emocional fez-se sentir no arranque do concerto, mas a banda soube reagir. Fez da tensão força e, à segunda música, já a curiosidade tinha levado a melhor dos mais preguiçosos e aqueles que, até aí, tinham preferido o (des)conforto de uma conversa sentada no alcatrão aguçavam, finalmente, o ouvido. A meio do «Amor Combate» já as cabeças balançavam ao ritmo e quando a «Ameaça Menor» terminou havia um sentido de normalidade recuperada - a banda solta, descontraída, feliz a fazer aquilo que melhor sabe fazer para uma audiência cada vez mais rendida à novidade.

É um facto que o público não era muito. Meio milhar, talvez, se quisermos ser generosos nas estimativas. Nada de estranhar, contudo: afinal era fim de tarde de um dia de trabalho, o recinto do festival estava praticamente despido e nenhum dos álbuns da banda tem distribuição discográfica em terras de nuestros hermanos. Podia ter corrido mal, mas não correu. Muito pelo contrário. À medida que o concerto foi avançando, cresceram o número de espetadores e a empatia.

Com 45 minutos para mostrarem o que valem, os Linda Martini viajaram entre o longa-duração de estreia, Olhos de Mongol, e o mais recente Casa Ocupada: entre o «Dá-me a tua melhor faca» e o «O amor é não haver polícia» do primeiro e a «Juventude Sónica» e o «Belarmino» do último. Para o fim sobrou «Cem Metros Sereia», com o seu refrão orelhudo impróprio para menores de idade. Depois dos «muchas gracias» e dos «obrigados», restou um público aparentemente satisfeito, a pedir mais, a mostrar que há mais para exportar em Portugal que apenas pastéis de nata.



Setlist



Efémera

Nós os outros

Amor combate

Ameaça menor

Dá-me a tua melhor faca

Juventude sónica

O amor é não haver polícia

Belarmino

Cem metros sereia