Ute Lemper revisita carreira com concerto em Lisboa - TVI

Ute Lemper revisita carreira com concerto em Lisboa

Ute Lemper

Centro Cultural de Belém recebe a cantora alemã na segunda-feira para a apresentação do espetáculo «Last Tango in Berlin»

O espetáculo que a cantora alemã Ute Lemper apresenta na segunda-feira, em Lisboa, «Last Tango in Berlin», representa uma viagem artística pela sua carreira e é mais teatral e aberto à improvisação, disse à agência Lusa

Ute Lemper, cantora e atriz que é conhecida sobretudo por interpretar o repertório do compositor alemão Kurt Weill, atuará no Centro Cultural de Belém, poucos meses depois de ter estado em Portugal, com outra formação.

Acompanhada apenas por Vana Gierig, ao piano, e Victor Villena, no bandoneon, Ute Lemper revisitará o repertório de Kurt Weill e Bertolt Brecht, de Edith Piaf e Jacques Brel, de Astor Piazzolla e da música norte-americana, uma travessia por toda a carreira.

«Já toquei com orquestras, com formações clássicas, mas este espetáculo é muito bonito, intimista, dá-me mais liberdade e tem muita improvisação. A minha vida tem tantos capítulos, que estão aqui espelhados e que passam pela Alemanha, onde nasci, por Paris, onde vivi, por Nova Iorque, onde vivo agora, e por Buenos Aires», disse.

Ute Lemper, que completa 50 anos em julho, estudou canto e dança na Alemanha, passou por uma banda punk na adolescência e integrou musicais, ganhou notoriedade ao interpretar o repertório de Kurt Weill, que considera ainda hoje um desígnio de carreira, mas também o cancioneiro da canção francesa e do jazz.

Ao revisitar a carreira com este «Last Tango in Berlin», Ute Lemper admite alguma nostalgia, porque a faz recordar que saiu de um país no qual não se revia.

«Queria sair porque queria uma vida mais internacional, não estava feliz no meu país. Percebo que hoje muitas pessoas sejam forçadas a sair [emigrar, por razões económicas], mas o fator esperança é muito importante», afirmou.

Ainda a este propósito, Ute Lemper considera que «a ideia de União Europeia falhou, porque há países que não se encaixam» nesse conceito, mas «não está certo culpar apenas Angela Merkel e a Alemanha».

«Lá não há corrupção, é tudo transparente, pagam-se mais impostos, é uma vida diferente, com mais sacrifícios. Os países do Mediterrâneo são diferentes, dão mais valor à família, não pensam só em produtividade, têm uma vida mais vagarosa», comparou.

Ute Lemper regressa a Portugal numa altura em que finaliza um novo álbum, com poemas de amor do chileno Pablo Neruda, a editar no verão, e que espera apresentar ao vivo em Portugal.

A cantora, que se sente confortável a cantar em inglês, francês, italiano ou espanhol, não arrisca a língua portuguesa, muito menos o fado, porque «soaria a falso».

«Adoro cantar e atuar ao vivo, até numa perspetiva mais espiritual. Acho que esta viagem contínua pelas canções será sempre o meu objetivo de vida», rematou.
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