Há já algum tempo que Peter Murphy vinha a «ameaçar» nos seus concertos a solo - alguns dos momentos mais altos passavam pelo recordar da obra dos Bauhaus. Em ano do 35º aniversário da fundação da banda britânica, o vocalista decidiu finalmente dedicar uma digressão inteira às canções que fazem parte da história do rock gótico e suas ramificações.
E uma vez que uma nova reunião do grupo parece estar longe de acontecer novamente (a última terminou com o lançamento de um disco de originais em 2008), Murphy recupera o repertório dos Bauhaus com a banda que o acompanha habitualmente. Lisboa recebeu esta quinta-feira a Mr. Moonlight Tour num palco já familiar para o cantor de 55 anos, o Coliseu dos Recreios.
A sala esteve suficientemente bem composta de público (muita gente na zona da plateia e bancadas, camarotes praticamente vazios) pronto a fazer a prometida viagem no tempo ao final dos anos 1970, início da década de '80. Uma viagem inicialmente atribulada, marcada por vários problemas tanto no microfone de Peter Murphy como no som geral da banda, que prejudicaram os primeiros temas da noite.
Murphy, que desta vez não atuou descalço (ao contrário do que fez há dois anos no mesmo palco), foi cumprindo o seu papel de protagonista da história - não faltaram os trejeitos teatrais, umas quantas brincadeiras com a luz de uma lanterna e uns quantos passos de dança e rodopios.
De «In The Flat Field» a «Too Much 21st Century», passando por «Kick In The Eye», «Silent Hedges» e «King Volcano», Peter Murphy e a sua banda não deixaram de fora nenhum dos cinco álbuns editados pelos Bauhaus entre 1980 e 2008.
Mas mais do que uma revisão da matéria dada, esta foi também a oportunidade de mostrar a força de canções que continuam a fazer mexer os muitos trintões, quarentões e cinquentões que não quiseram faltar à chamada no Coliseu de Lisboa. «She's In Parties», «Bela Lugosi's Dead» e «The Passion of Lovers» contaram com refrães partilhados entre Murphy e os seus fãs.
Porém, nem só com canções dos Bauhaus se pode contar a história deste concerto. E foram, aliás, temas da carreira a solo de Peter Murphy, como «A Strange Kind Of Love», e versões de outros artistas que animaram ainda mais uma plateia já habituada a esta incursão do músico britânico pela obra de outros nomes incontornáveis da década de 80.
Prostrado no chão, já depois de ter partido uma corda da guitarra elétrica em «Dark Entries», Murphy cantou «Severance» na mesma noite em que os seus autores, os Dead Can Dance, atuavam mais a norte, no Optimus Primavera Sound, no Porto.
Já no final, nos dois encores do espetáculo, foram «Ziggy Stardust», de David Bowie, e «Transmission», dos Joy Division, que salvaram definitivamente um concerto que não tinha arrancado da melhor forma.
Alinhamento do concerto:
1. King Volcano
2. Kingdom's Coming
3. Double Dare
4. In The Flat Field
5. God In An Alcove
6. Boys
7. Silent Hedges
8. Kick In The Eye
9. Too Much 21st Century
10. A Strange Kind Of Love
11. Bela Lugosi's Dead
12. The Passion Of Lovers
13. She's In Parties
14. Stigmata Martyr
15. Dark Entries
16. Severance (Dead Can Dance)
Encore 1
17. Subway
18. Cool Cool Breeze
19. Ziggy Stardust (David Bowie)
Encore 2
20. Spirit
21. Transmission (Joy Division)
Peter Murphy levou Bauhaus, Bowie e Joy Division a Lisboa
- João Silva
- Paulo Sampaio (fotos)
- 31 mai 2013, 03:23
Coliseu dos Recreios recebeu a digressão que o vocalista preparou para celebrar os 35 anos dos Bauhaus, mas as versões também animaram a noite
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