Por estes dias vivemos com a necessidade de nos mantermos isolados e, por isso, podemos aproveitar o tempo para fazer precisamente aquilo que nos queixávamos de nunca ter tempo para fazer: ler livros.
Os índices de leitura podem beneficiar e muito com esta necessidade de recolhimento. E para ajudar quem está em dúvida sobre que obras escolher, nós damos uma ajuda. Ou melhor, pedimos ajuda e desafiámos quem habitualmente usa as palavras para as cantar, para escolher livros para estes dias.
São músicos portugueses, de diferentes gerações e géneros musicais. Pedro Abrunhosa, Fábia Rebordão, Ricardo Ribeiro, David Fonseca, Ana Moura e Capicua aceitaram partilhar as suas leituras.
Começamos com o músico que sabe ser “Espiritual” como o seu último disco: Pedro Abrunhosa.
Conta mais de 25 anos de uma carreira que começou com uma “Viagem”. Pedro Abrunhosa usa o poder das palavras nas suas canções para falar de temas sobre o mundo. E foi de uma vontade de recolhimento, de se voltar para dentro, que nasceu o oitavo disco de originais. Chamou-lhe “Espiritual”. Álbum lançado em 2018 e que carrega no título a palavra para guardar por estes dias em que buscamos força vital.
Mas desta vez, deixamos a música, para lhe pedir para partilhar outra das suas grandes paixões: a Literatura, porque o livro é uma outra forma de viajar, de descobrir outro lugar e outro tempo. E nesta ‘viagem’ Pedro Abrunhosa começa com o “Épico de Gilgames” (tradução erudita assinada por Francisco Luís Parreira). Geralmente considerado o mais antigo poema longo a chegar até aos nossos dias. O livro fala dos fascinantes e comoventes feitos heróicos de Gilgamesh e da sua busca solitária da imortalidade.
Nesta seleção literária, o músico escolhe um outro livro que considera essencial para estes tempos: “A Bíblia”, com tradução de Frederico Lourenço.
Porque as crianças estão em casa, Pedro Abrunhosa sublinha a importância dos hábitos de leitura começarem desde cedo, o que aliás confessa que aconteceu com ele próprio. E por isso, deixa sugestões de leitura também para os mais novos: “Os Três Mosqueteiros”, “O Robin dos Bosques” ou “A Ilha do Tesouro”.
Pedro Abrunhosa seleciona também autores portugueses.
É exemplo disso, Mário de Carvalho, com “Rondas das Mil Belas em Frol”. Sublinha ser “um autor para redescobrir, que fala sobre o nosso tempo, numa obra extremamente sensual”.
Também em português, o músico destaca Gonçalo M. Tavares com o livro “Uma Viagem à Índia”. O autor, nascido em 1970 já publicou livros de diferentes géneros literários e está traduzido em cinquenta países. Sobre esta obra o músico do Porto diz “é incrível a leitura deste livro, porque não só nos faz atravessar a transcendência do lugar, que nos faz ultrapassar as fronteiras físicas das paredes, para nos levar para um outro tempo e para um espaço que não julgávamos existir dentro de nós”.
A viagem literária do músico fecha com um título premonitório “Combateremos a Sombra”, de Lídia Jorge.
Nos tempos de pandemia em que vivemos, ler pode ser a vacina para a alma.