Armando Teixeira: «O que fica são as canções» - TVI

Armando Teixeira: «O que fica são as canções»

  • João Silva
  • Paulo Sampaio (imagem) e Nuno Miguel Silva (edição imagem)
  • 4 dez 2012, 13:23

«Canções» é o título do novo disco dos Balla, composto e produzido pelo músico que confessa a sua paixão pelos sintetizadores analógicos

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Há quase 30 anos na música, Armando Teixeira esteve na génese de bandas como os Bizarra Locomotiva e os Da Weasel. Em 2000, o músico e produtor criou os Balla, que agora editam o sexto disco, intitulado «Canções».

«Neste disco apercebi-me, de facto, que o que se tratava era disso, era de canções. Há uma necessidade mais óbvia de respeitar e privilegiar a estrutura de canção», contou Armando Teixeira em entrevista ao IOL Música.

Apesar da parte instrumental e de produção também serem importantes em qualquer disco, o músico acredita que «são as canções que ficam para sempre».

«No fundo, o que fica são as canções. São as notas, são as melodias, são as palavras. As outras partes são todas fait divers, são roupagens, são acessórios», explicou.

«Ossos» com Joaquim Albergaria

Nas oito canções compostas e produzidas por Armando Teixeira encontramos algumas participações especiais. Casos de Gomo, Rita Reis (Mesa), Inês Lopes Gonçalves (Soulbizness) e de Joaquim Albergaria, vocalista dos extintos The Vicious Five e atualmente um dos bateristas dos Paus.

«Foram todas participações de acaso, não foi nada escolhido, não foi nada programado. No caso do Joaquim, eu estava aqui no meu estúdio a fazer um tema com o Samuel Úria e eu e o Joaquim estávamos a participar vocalmente. E achei que ficava bem a voz dele em contraste com a minha», recorda Armando.

«Tinha mesmo ali um tema à espera ("Ossos"), era o último tema do disco, que eu não sabia se iria ficar ou não. E ficou.»

A paixão pelos sintetizadores analógicos

Criado e gravado no estúdio caseiro de Armando, «Canções» é um álbum pop marcado inevitavelmente por aquele que é o instrumento preferido do músico: o sintetizador.

«É um instrumento de que gosto bastante e também tem muito a ver com o facto de eu trabalhar muito sozinho. Desde cedo me habituei ao facto de, quando se trabalha com computadores ou eletrónica e sintetizadores, não tens uma orquestra à tua disposição. E tenho uma paixão muito grande pelos sintetizadores analógicos», revelou.

Os teclados eletrónicos de outras décadas preenchem cada espaço do estúdio de Armando Teixeira, mas o mentor dos Balla não se vê como um colecionador: «Vejo isto com o único objetivo de usar [os sintetizadores] e de obter sons diferentes de cada um».

«Cada um deles tem um som diferente. É como aqueles instrumentistas que sentem qualquer coisa quando tocam um determinado instrumento, sentem-se inspirados por eles. E os sintetizadores têm isso (...), quando nós, de facto, gostamos deles, inspiram-nos a compor. E isso é o mais importante», contou.

«A única maneira de subsistir na música é fazer de tudo»

Para além dos novos concertos dos Balla, os próximos projetos do músico vão passar por um disco de poesia com Rui Reininho e pelo primeiro álbum dos Bulllet desde 2004. Para Armando Teixeira, viver a fazer música é um privilégio que se alcança trabalhando arduamente.

«[Fazer música] é aquilo que eu gosto de fazer. Sinto-me privilegiado por poder fazer música. Mas eu desde cedo optei por fazer muitas coisas - não dependo só dos Balla, nem dependo só dos Bulllet, nem dependo só das produções. Gosto de fazer tudo», afirmou Armando, que tem também em mãos um novo projeto com o humorista Ricardo Araújo Pereira - uma música para o programa de rádio «Mixórdia de Temáticas».

«Tenho bastantes coisas para onde me virar. Faço publicidade, de vez em quando, quando me convidam. Agora o mercado está pior, mas há outras coisas para fazer. Mas não me queixo, acho que a única maneira de subsistir na música é fazer de tudo.»

«Canções» já está à venda nas lojas e pode também ser descarregado gratuitamente em formato digital no site da editora Optimus Discos.
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