Linda Martini: «Os ratos somos nós» - TVI

Linda Martini: «Os ratos somos nós»

Banda falou sobre o novo álbum, «Turbo Lento», e esclareceu o significado original do single «Ratos», que, afinal, nada tem a ver com política

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Fazem dez anos de vida, mas em vez de os encontrarmos a apagar velas e a celebrar aniversários, é numa pequena sala de ensaios em Lisboa que os Linda Martini mantêm bem acesa uma chama que lhes ilumina novos caminhos. 2013 é, acima de tudo, ano de novo disco e o terceiro longa duração dá pelo nome de «Turbo Lento».

De refrão gritado a plenos pulmões, o primeiro single chama-se «Ratos». Mas desengane-se quem pensa que a canção foi escrita a pensar em qualquer governante ou político.

«Fala, sobretudo, de nós fazermos coisas de que não gostamos, mas que sentimos que temos de fazer para manter um certo status, nível de vida ou alguma aparência de algum género», esclareceu André Henriques em entrevista ao tvi24.pt.

«Os ratos somos nós, não é o primeiro-ministro. É o rato que está dentro da nossa cabeça a andar na rodinha e a fazer coisas que, se calhar, não são as que queremos fazer», acrescentou o vocalista e guitarrista da banda.

Bem mais próximo do contexto atual de Portugal está «Febril (Tanto Mar)», cuja letra foi inspirada no tema que Chico Buarque dedicou à Revolução de Abril.

Com o novo disco, os Linda Martini iniciam também um novo capítulo ao assinarem pela primeira vez com uma editora de grande dimensão, a Universal. E a banda garante que isso nunca irá interferir na sua liberdade criativa.

«[Assinar com a Universal] prendeu-se, essencialmente, com a necessidade de ter o disco bem distribuído nas lojas (...) e [de ter] uma promoção mais continuada. Se tu tens pessoas que trabalham o ano inteiro na promoção, o teu disco tem uma duração mais longa», contou o baterista Hélio Morais.

«Há sempre aquela ideia do bicho papão das editoras grandes que querem que sejas comercial, que vendas milhares, e que vão mudar-te o registo. Mas não há isso - há duas vontades que se encontram para fazerem um disco juntas, para o promoverem e para as pessoas nos verem [a tocar] ao vivo», desmistificou André Henriques.

Nascidos já numa realidade em que poucos conseguem viver exclusivamente a fazer música em Portugal, os Linda Martini preferem aproveitar a viagem, com cada vez mais fãs e maior reconhecimento. A paixão pelo que fazem impede-os de pensar sequer em desistir.

«Como não fizemos a banda para "fazer vida" nem para ganharmos dinheiro, nunca chegou uma altura em que pensámos: "Se calhar isto não está a resultar como queríamos, vamos arrumar as botas"», disse o guitarrista Pedro Geraldes.

As novas canções começaram a ser escutadas online antes mesmo da chegada do disco às lojas, esta semana. E é exatamente pela Internet que os Linda Martini recebem o maior feedback dos fãs.

«É aí que tu vês como é que está a ser a reação. Agora, isso tem de interessar no seu devido lugar, não pode ser uma coisa desmedida. O que interessa é que nós estejamos contentes com o disco», afirmou a baixista Cláudia Guerreiro.

Até agora, as reações dos fãs «têm sido todas boas», mas a banda já está preparada para alguns «velhos do Restelo».

«Toda a gente diz que quer que faças uma coisa diferente, mas toda a gente quer que faças o primeiro disco. Isto é uma daquelas verdades basilares», comentou André, explicando que a luta dos Linda Martini tem sido «fazer coisas diferentes» dentro da «estética» musical criada desde 2003.

Lançado o álbum, é agora a vez de «Turbo Lento» saltar para os palcos. Os concertos de apresentação acontecem a 5 de outubro no Hard Club, no Porto, e no dia 12, na Sala Tejo da MEO Arena, em Lisboa.
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