Pedro Barroso lança «Sensual Idade» (vídeo) - TVI

Pedro Barroso lança «Sensual Idade» (vídeo)

Um trabalho com bolinha vermelha que assinala os 40 anos de carreira do cantautor

Se ensinou os seus filhos a acreditar que os bebés são entregues por cegonhas, esqueça. A avó da província que já só reza o terço deve também ser, carinhosamente, afastada da sala durante a audição de «Sensual Idade», o último trabalho de Pedro Barroso.

Os conselhos são do próprio cantautor, que aceitou cantar ao vivo e, em exclusivo, para o IOLMúsica «Cheiro», um dos temas deste último álbum.



«Sensual Idade» é um trabalho que fala sobre a intimidade, afinal o último reduto de nós próprios: «São histórias de vida, sobre um travesti grotesco de alguém que se mascara e celebra o Carnaval de forma equívoca. Ou então sobre a mulher gueixa, a mulher entrega, a allumeuse, que procura (quanto a mim tristemente), o amor de uma vida numa discoteca, os amantes clandestinos, o amor no masculino, enfim é um CD para adultos».

E o aviso está bem explícito na bolinha vermelha visível na capa do CD. As ilustrações são da autoria de Pedro Chora, afinal um heterónimo de Pedro Barroso, mas que é um tudo ou nada diferente deste Pedro Barroso que se nos revela: «A sensibilidade tem a mesma origem, mas o Chora é mais excessivo, imprevisível, só pinta mulheres nuas (risos!), é muito ordinário! Tem que ter algum freio».

O freio foi completamente largado em «Sensual idade» o último trabalho do cantautor que assinala assim, de forma irreverente, os 40 anos de carreira de Pedro Barroso.

Quatro décadas de muitos abraços, dados dentro e fora de Portugal, que ficam na retina quando um dia se retirar: «São 40 anos de emoções. Há um povo deixado por essa estrada fora e há um consumir de emoções enorme que não se pode ignorar».

Autor, compositor, poeta, intérprete anda numa espécie de onda íntima que faz com que chegue a diversos pontos do país e consiga salas cheias de pessoas que se emocionam com ele. Continua a assumir-se como um contra-corrente, até porque considera que há fome de sinceridade em cima do palco.



«A corrente mainstream anda divorciada da alma do que é ser português. Coisas como a humanidade e a violentíssima ternura com que eu faço os concertos. E as pessoas revêem-se nisso».

Poeta assumido sente-se afinal como um artesão em luta contra a grande indústria da música internacional:

«Vejo muitas lantejoulas, macaquices e truques para se ser vedeta em cima do palco. Se o tema «Sexy Motherfucker» do Prince fosse traduzido em português era apreendido pela PSP de Braga. Eu faço aquilo que filosoficamente e intelectualmente têm dignidade e profundidade e me interessa fazer»

Barroso pertence à geração do Zeca e do Adriano, artistas que ajudaram a conquistar a liberdade de Abril: «Sou dos últimos a ficar e tenho o prazer de ter sido uma voz desse Abril de sonho que consubstanciou todo o sonho e utopia que de certo modo sentimos que não está tão consumado como gostaríamos».

E ao homem que canta a pedra filosofal perguntámos que sonhos lhe comandam a vida que não sabemos nem sonhamos: «O espectáculo perfeito ainda está para vir. É entrar de robe e chinelos num palco e ter uma espécie de conversa íntima com os amigos, porque no fundo a minha pose é a não pose. A minha forma de estar no palco é a naturalidade com que sirvo canções como quem diz «Amigo vem cá, queres um bolo? Vamos ficar aqui na chalaça...»

Pedro Barroso está a preparar um DVD com o resumo dos 40 anos de carreira recorrendo ao arquivo da RTP e que deve sair antes do final do ano.

Quanto ao último trabalho, Barroso escreve na capa do CD: «Agora desfrute, ame e viva. E escolha, em livre mente, do cardápio, tudo o que quiser, ao melhor gosto da sua sensual idade».
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