Com Arcade Fire, o fim do Alive foi uma festa em família - TVI

Com Arcade Fire, o fim do Alive foi uma festa em família

Win Butler e companhia foram os mestres da cerimónia que reuniu uma enorme massa humana junto ao palco principal. No Palco Heineken, Grimes estreou-se em Portugal com um concerto explosivo. A décima edição do NOS Alive chegou ao fim, mas a organização já confirmou as datas para o próximo ano

Um concerto de Arcade Fire é sempre sinónimo de festa e celebração. O público português sabe-o bem. Dito isto, dificilmente haveria melhor maneira de encerrar a décima edição do festival NOS Alive do que com um concerto dos canadianos. Win Butler e companhia foram os mestres da cerimónia que reuniu uma enorme massa humana junto ao palco principal, nesta noite de sábado.

É preciso recuar até 2005 para se falar da primeira vez que a banda de Montreal atuou em Portugal, mais a norte, no festival Paredes de Coura. Na altura eram praticamente desconhecidos do público português. Hoje, com um vasto leque de fãs e depois de vários concertos em solo nacional, quase que se pode dizer que já fazem parte da família. E como é bom reencontrar familiares que já não vemos há algum tempo.

É certo que não trouxeram nenhum álbum novo ao Passeio Marítimo de Algés – o último, "Reflektor", é de 2013, - mas isso não importou.

Win Butler, vestido de branco, e Régine Chassagne, com um vestido prateado, lideraram um espetáculo que foi, acima de tudo, de comunhão. E que teve um alinhamento que terá agradado à grande maioria.

Os Arcade Fire visitaram os quatro álbuns, "Reflektor", "Neon Bible", "The Suburbs" e "Funeral". Recordaram canções que são verdadeiros hinos da música indie como "Rebellion (Lies), "No Cars Go"  ou "Neighborhood #3 (Power Out)" e passaram por temas mais recentes (salvo seja, porque são de há três anos) como "Here Comes the Night Time II", "Reflektor" (a música que dá nome ao disco) ou "Afterlife". A idade não passa por eles. E os anos não passam por estas canções.

Pelo meio, houve bolas de sabãos, uma chuva de confetis e Win Butler com um cachecol de Portugal. E, claro, o recinto naturalmente ao rubro. Só que depois veio a "Wake up". "Woah oh, oh oh oh oh", cantavam os fãs a uma só voz. O reencontro, a festa... estava tudo prestes a acabar.

Grimes, rainha da "pop gótica"

A figura frágil de Claire Boucher, ou Grimes, pode ter levado alguns festivaleiros ao engano. É que o concerto que a canadiana deu neste último dia do NOS Alive foi verdadeiramente explosivo. Com eletrónica que é pop e, ao mesmo tempo, gótica, bailarinas imparáveis e um intenso jogo de luzes, Grimes estreou-se este sábado em Portugal. E que estreia.

Eram já 1:30 quando começou a atuar no Palco Heineken. com uma bandeira gay às costas. Veio apresentar o último álbum, “Art Angels”, lançado este ano. O disco dividiu os fãs, uma vez que a canadiana se aproximou das melodias pop mais convencionais – afinal ela é admiradora de artistas como Katy Perry. Mas a julgar pela enchente (provavelmente a maior neste palco) e pelo entusiasmo com que foi agraciada do início ao fim, ninguém diria.

Temas como "Flesh Without Blood", "REALiTi" ou "Kill V. Maim" ganharam uma nova força ao vivo e deixaram o público do NOS Alive em delírio, com saltos e corpos frenéticos.

Além deste último trabalho, o anterior "Visions", esse com mais experimentações e texturas mais densas, também teve lugar no alinhamento. "Genesis" e "Oblivion" responderam aos desejos dos fãs.

Entre as músicas que tocou e cantou de forma enérgica, Grimes falou várias vezes com o público numa forma tão tímida quanto encantadora - "Oh ela é tão fofa", diziam ao nosso lado. O público esteve em êxtase durante uma hora, que é como quem diz, durante todo o concerto. O Palco Heineken foi dela.

A eletrónica para sonhar dos M83 e a música do anúncio

Ao mesmo tempo que Grimes – uma sobreposição de meia hora – tocava M83 no Palco Principal, o projeto de música eletrónica lidrado por Anthony Gonzalez.

Um concerto que começou atrasado. Pedindo desculpa pelos dez minutos que os fãs estiveram à espera, os M83 entraram em palco ao som de "Reunion" – tema de Hurry Up, We're Dreaming", lançado em 2012.

Durante uma hora, os franceses conquistaram o público e souberam pô-lo a dançar. Bem, nem todos. A imagem que mais se repetiu ao longo de todo o evento - a de grupos que aproveitaram as laterais do palco principal (e dos outros também) para se sentarem - voltou a verificar-se esta noite, um pouco por todo o lado. 

 

Mas até esses mesmos fãs abanaram o "pézinho" quando a banda francesa trouxe ao palco "Midnight City" e "Go", duas das suas músicas mais conhecidas - a primeira faz parte de um anúncio a uma marca de automóveis e foi usada pela BBC como tema do especial dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Os que já estavam de pé fizeram a festa em grande e, em poucos segundos, saltaram, pularam, gritaram.  

Pouco tempo depois do momento alto do concerto, o público começou a dispersar. Em pequenos grupos, muitos foram virando costas ao que se passava no palco principal, rumando para outros palcos ou até mesmo para casa. Enquanto muitos dos presentes no Passeio Marítimo de Algés pediam o regresso da banda, muitos corriam - sim, literalmente - para fora do recinto do festival na esperança de não ter de fazer a CRIL a pé.

A décima edição do festival NOS Alive teve lotação esgotada nos três dias e festivaleiros de 88 nacionalidades. Boas notícias para quem pretende regressar: a organização do festival confirmou que a próxima edição irá ocorrer nos dias 6,7 e 8 de julho. É caso para dizer: para o ano há mais!

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