Final electrónico levou 41 mil pessoas ao Sudoeste 2010

A 14ª edição do festival Sudoeste chegou ao fim este domingo ao som dos Air, Massive Attack e David Guetta. Apesar de amanhã ser segunda-feira, o recinto esteve bem composto de público e, segundo a organização, 41 mil pessoas passaram pela Herdade da Casa Branca neste último dia do evento.

Em estreia no festival da Zambujeira do Mar, os bracarenses Peixe:Avião não acusaram o peso da responsabilidade em abrirem as hostilidade no palco principal.

A banda portuguesa mostrou estar à altura e protagonizou uma actuação sólida e que serviu para apresentar quatro novos temas de um segundo álbum que só chegará às lojas a 20 de Setembro.

No regresso ao palco onde tinha brilhado em 2009 com os Faith No More, Mike Patton trouxe consigo um espectáculo bem diferente e bem menos conhecido do público português. No concerto que marcou a passagem do dia para a noite, o músico norte-americano mostrou o seu mais recente projecto, «Mondo Cane», um repescar de clássicos da música italiana das décadas de 1950 e '60.

Até poderá ser apenas mais um capricho de um músico impossível de catalogar musicalmente, mas a verdade é que as canções de «Mondo Cane» acabam por soar frescas, mesmo apesar da pronúncia italiana demasiado anglo-saxónica de Patton.

Com o músico e a sua habitual banda composta por italianos, estiveram também em palco elementos da Orquestra do Algarve. O alinhamento passou pela melodia clássica de «Il Cielo in Una Stanza» ou «Deep Deep Down», mas também houve momentos Pattonianos no violento e berrado «Urlo Negro» e num «Che Notte» que não dispensou o megafone que o norte-americano tanta gosta de usar em concertos.

Apesar da dedicada falange de fãs que povoou as primeiras filas de público em frente ao palco (havia quem vestisse t-shirts anunciando que «Mike Patton é deus»), este foi um espectáculo que, tal como aconteceu com os The Flaming Lips, passou ao lado de muitos jovens festivaleiros mais adeptos do pop rock ligeiro e da música electrónica com o volume no máximo.

Pela terceira vez no nosso país em 2010, os franceses Air fizeram o que lhes competia sem recursos a grandes fórmulas especiais. Sem grandes mudanças em relação aos concertos em Lisboa (Janeiro) e no Porto (Junho), a banda de Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel voltou a apresentar-se em formato trio com a ajuda de um baterista, prosseguindo com o lema adoptado em palco que «menos é mais».

O novo álbum, «Love 2», continua a ser ponto de passagem obrigatório ao longo de grande parte da actuação, mas o público reage melhor aos inevitáveis «Kelly Watch The Stars!» e «Sexy Boy», as grandes referências desta dupla que há 15 anos dá cartas no panorama da electrónica feita em França.

Quanto aos Massive Attack, que foram recebidos por um mar de gente de quase perder de vista, a actuação do grupo inglês também não esteve muito longe da realizada durante a última passagem de Robert Del Naja e Grant Marshall por Portugal, em Novembro de 2009.

A apresentação de temas do novo «Heligoland» e o leque de convidados, que inclui Horace Andy, Martina Topley-Bird e Deborah Miller, são a constante e o alinhamento não fugiu muito ao interpretado no Campo Pequeno.

A boa prestação em palco foi alicerçada por «Teardrop», «Mezzanine», «Angel» e «Inertia Creeps», todos de 1998, e a crítica político-social voltou a estar presente, sagaz e inteligente, nos ecrãs de LED que a banda monta em palco.

Depois de uma das boas passagens pelo novo álbum com «Splitting The Atom», Deborah Miller puxou pelos agudos num aplaudido «Unfinished» e a apoteose final deu-se em «Atlas Air», derradeiro tema levado até aos extremos pela competente banda que acompanha a dupla inglesa.

A fechar por definitivo o Palco TMN, David Guetta mostrou que é um dos DJs mais seguidos em Portugal. O público esteve ao rubro como em poucos momentos neste festival e dançou até mais não poder. «Sexy Bitch» e «Gettin' Over You» foram banda-sonora na despedida ao Sudoeste 2010.