O heavy metal está vivo, que o digam os Iron Maiden - TVI

O heavy metal está vivo, que o digam os Iron Maiden

  • Élvio Carvalho
  • 12 jul 2016, 02:15
Iron Maiden no MEO Arena

Três anos depois do último concerto, os Iron Maiden regressaram a Portugal para apresentar “The Book of Souls”, o álbum mais recente da banda britânica. Saíram como entraram: lendas do heavy metal

Com quarenta anos de história, milhões de discos vendidos e mais dinheiro faturado que dezenas de outros artistas combinados, os Iron Maiden podiam ter-se tornado numa daquelas bandas arrogantes que entram e saem de um concerto sem tentar agradar ao público. Podiam, pois já não têm nada a provar a ninguém. Mas não o fazem, que o digam os cerca de 18.000 fãs que esta segunda-feira foram à MEO Arena, em Lisboa, para os ver.

Três anos depois da última atuação, a banda britânica veio apresentar “The Book of Souls”, o último álbum, lançado em setembro do ano passado, e saíram do palco como entraram: lendas do heavy metal. Bem-disposto e comunicativo, o sexteto britânico terminou o concerto com a audiência a pedir mais um ou dois temas, mas com o dever cumprido.

O alinhamento preparado para as duas horas que estiveram em palco foi equilibrado, misturando grandes clássicos da banda com temas mais recentes, de forma a apresentar “The Book of Souls”, sem esquecer os fãs que os acompanham há tantos anos.

“If Eternity Should Fail” e “Speed of Light”, ambas do novo álbum, deram o tiro de partida. Ainda pouco conhecidas do público - que ainda cantava a medo, e apostava nos refrões sem se aventurar muito pelo resto das letras - prepararam os ouvidos da audiência para o que ainda estava para vir. Seguiu-se a primeira intervenção, de várias, do vocalista Bruce Dickinson que anunciava “Children of the Damned”, uma música lançada quando “muitos dos que aqui estão ainda não eram nascidos” – “estamos velhos”, acrescentou entre risos. Aqui o ânimo já foi outro, mas ainda assim longe do entusiasmo demonstrado mais para o final (já lá vamos).

Entusiasmo que, diga-se, não faltou a todos os elementos da banda, especialmente a Bruce Dickinson que não parou um minuto durante toda a atuação. Aliás, o vocalista fez questão de trocar de roupa várias vezes para combinar com o cenário, que ia mudando quase de música para música, identificando o álbum de que fazem parte (por vezes ficava a sensação de que estávamos num autêntico musical). Vale destacar a entrada em palco de Dickinson para interpretar “The Trooper”: o cantor entrou com uma bandeira do Reino Unido ao ombro, representando praticamente uma réplica viva da capa do single lançado em 1983.

Bandeira essa que não foi a única vista esta noite na MEO Arena. No dia seguinte à vitória da seleção nacional de futebol, no Campeonato da Europa, eram muitas as bandeiras portuguesas entre o público, assim como cachecóis e camisolas referentes à equipa das quinas. Bruce Dickinson ainda passeou com um desses cachecóis e o baixista Steve Harris acabaria por atuar com uma t-shirt da seleção vestida já na reta final do concerto. Os cânticos de apoio a Portugal, por sua vez, foram uma constante durante as pausas entre temas desde o início, tendo o vocalista feito várias referências ao jogo de domingo.

Futebol à parte, “The Trooper” foi o primeiro momento verdadeiramente alto da noite. Aos primeiros acordes, o público identificou imediatamente o tema que ali vinha e começou a saltar. Dali para a frente seria sempre a crescer, com “Powerslave” a arrancar de novo os pés do chão da plateia. A calmaria só regressou à MEO Arena, aliás, durante “Death or Glory” e “The Book of Souls”, os últimos temas que tocaram do novo álbum.

Após uma breve pausa, seguiu-se uma verdadeira “rajada” de êxitos da banda, que só parou no final do concerto: “Hallowed Be Thy Name”, “Fear of the Dark” – aqui sim o grande pico da noite -, “Iron Maiden” e “The Number of the Beast”.

Depois deste clássico de 1982, Dickinson fez aquela que seria a verdadeira despedida da banda. Olhou à sua volta e identificou os países das várias bandeiras que se viam na plateia. Mostrou-se feliz por a música dos Iron Maiden conseguir juntar várias culturas na mesma sala, agradeceu a todos os presentes por estarem ali, mas acima de tudo “por serem como são”. Palavras que serviriam de entrada para “Blood Brothers” (Irmãos de sangue, em tradução livre), que, por sua vez, antecedeu “Wasted Years”, a última da noite.

Os milhares de pessoas que ficaram de frente para o palco à espera que a banda regressasse para tocar mais um tema diz muito sobre o concerto, mas também sobre o estilo de música que o grupo representa. O heavy metal continua de boa saúde, os Iron Maiden que o digam.

 

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