Prince Rogers Nelson, nascido a 7 de junho de 1958 em Minneapolis, Minnesota, morreu esta quinta-feira de causas ainda desconhecidas. O cantor, bailarino, compositor norte-americano, que era conhecido apenas pelo seu primeiro nome e foi considerado um ícone na música pop por mais de três décadas, morreu numa altura em que se encontrava em digressão do último álbum, já a gravar o próximo e a escrever um livro de memórias, cujo título provisório era "The Beautiful Ones".
Imagens do último concerto que deu, em Atlanta, a 14 de abril, a partir de vídeos das redes sociais
Nos anos 80, músicas como "Purple Rain" e "Kiss" levaram-no ao estrelato. Filho de Mattie Shaw e de John Nelson, que tinha a sua própria banda, a Prince Rogers Jazz Trio, o cantor cedo começou a dar cartas na música. Com apenas sete anos, Prince escreveu a sua primeira canção e, 12 anos mais tarde, lançou-se na carreira de cantor a solo. Antes disso, chegou a gravar algumas músicas para a banda dos primos, a 94 East.
No entanto, nem sempre a vida foi fácil para a família do cantor, apesar da mesma se saber pouco. Segundo a revista NME, quando se iniciou no mundo da música, Prince tinha tão pouco dinheiro que chegava a ficar fora do McDonalds, em Minneapolis, apenas para cheirar a comida.
No campo dos relacionamentos amorosos, Prince foi homem de muitas mulheres. Nos anos 80 namorou com Sheila E., Vanity, Apollonia Kotero - com quem contracenou em "Purple Rain" -, Kim Basinger, Madonna e Carmen Electra. Antes de se casar pela primeira vez, o cantor namorou ainda com Heidi Mark e Nona Gaye. Iniciou depois um romance com Mayte Garcia, sua corista, com quem casou em 1996 em Minneapolis. O casal foi pai de um menino, Boy Gregory, que morreu uma semana após o parto devido a uma deficiência rara no crânio. Em 2000, Mayte Garcia e Prince separaram-se e o casamento foi anulado.
Já em 2001, Prince casou-se com Manuela Testolini, que conheceu enquanto esta trabalhava numa das suas associações de solidariedade. No entanto, o casamento viria a terminar em 2006, "contra a vontade do cantor", segundo conta a People.
Refeito do coração partido, Prince namorou ainda com Bria Valente em 2007, a última relação pública. Recentemente, o cantor chegou a ser associado a Misty Copeland.
Uma carreia, um ícone
Antes de chegar ao estrelato, o músico gravou várias demos sem sucesso antes de chegar ao álbum "For You" em 1978. No entanto, foi apenas com o álbum "Prince" que o artista entrou no Bilboard 200, muito graças ao sucesso das músicas "Why You Wanna Treat Me So Bad?" e "I Wanna Be Your Lover".
Os três álbuns seguintes - "Dirty Mind" (1980), "Controversy" (1981) e 1999 (1982) - transformaram Prince num cantor aclamado pelas massas, reconhecido pelas suas letras ousadas e de cariz sexual ( chegou a escandalizar com uma música sobre masturbação), uma faceta que conciliou com o seu lado mais espiritual, sendo conhecido por ser a mais famosa testemunha de Jeová, fé que veio a professar e da qual não se inibiu de falar em várias entrevistas já mais recentemente.
Em 1984, lança "Purple Rain", que serviu de banda sonora para a sua estreia na sétima arte.
Compositor e multi-instrumentista, Prince chegou a escrever temas e a produzir música para outros artistas, várias vezes sob pseudónimos.
7 Grammys e um concerto surpresa
Em 2004, após vários anos afastado do seu registo habitual, Prince regressa em grande ao subir ao palco nos Grammy Awards ao lado de Beyoncé e ao ficar em 27º na lista dos 100 Melhores Artistas de Sempre da revista Rolling Stone. Nesse mesmo ano, lança o álbum "Musicology", com o qual vence dois Grammy e protagoniza aquela que foi aclamada como a melhor digressão dos EUA.
Segue-se o álbum "3121", em 2006, ano em que escreve e dá voz à música "Song of the Heart" para o filme "Happy Feet", com a qual vence o Globo de Ouro de Melhor Canção Original.
Ao longo da sua carreira, Prince ganhou sete Grammy Awards, um Globo de Ouro, um Óscar e lançou 39 álbuns, incluindo o último - "HITnRUN Phase One" - que foi divulgado em exclusivo no Tidal em setembro de 2015, antes de ser lançado em CD uma semana depois.
Apesar de ter lançado o seu último álbum num serviço de streaming, a sua relação com as novas tecnologias nem sempre foi a melhor e, em 2015, chegou mesmo a mandar retirar do Tidal todas as suas músicas. Meses mais tarde, voltou atrás na decisão e regressou ao streaming.
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Também a sua presença nas redes sociais não foi pacífica e, depois de ter criticado a Internet, em 2010, e de ter apagado as contas do Facebook e do Twitter, o cantor aderiu ao Instagram em outubro de 2015.
O conceituado cantor atuou pela primeira vez em Portugal no antigo Estádio José Alvalade, em Lisboa, em 1993, e regressou para um concerto no Pavilhão Atlântico, também na capital, em 1998, seguido pelo espetáculo no Meco, em 2010, onde surpreendeu a subir ao palco durante um concerto de Ana Moura. O seu último concerto em terras lusas data de 2013 e aconteceu, de surpresa, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
A amizade entre Ana Moura e Prince foi sempre vista como algo muito especial pela fadista. Em entrevista à Blitz, em 2012, Ana Moura confessou que, quando ouvia o músico a tocar piano ou um solo de guitarra, pensava o seguinte: "Que privilégio, que honra isto ter-me acontecido a mim".
Lembro-me de ter lido que ele tinha convidado a Amy Winehouse, de quem eu gostava imenso, para passar o Natal com ele; queria ajudá-la. Pensei para mim mesma que, se calhar, aquilo me poderia ter acontecido a mim se tivesse nascido noutro sítio que não Portugal (risos). Um ano depois, contactou-me".
Pouco depois de ser conhecida a morte do artista, Ana Moura alterou a sua foto de perfil e de capa na sua página oficial do Facebook para imagens a negro, numa clara mensagem de luto pela morte do amigo.