Morreu Leonard Cohen - TVI

Morreu Leonard Cohen

  • Sofia Santana
  • atualizada às 03:27
  • 11 nov 2016, 01:59

A sua morte surge apenas três semanas depois de ter lançado o último trabalho, intitulado "You Want it Darker". Na canção que dá nome ao disco, ouve-se "I'm ready my Lord" (Estou preparado Senhor). Aos 82 anos, Leonard Cohen estava preparado para morrer

Morreu Leonard Cohen, foi anunciado nesta quinta-feira. A morte do músico canadiano foi confirmada pela sua editora na página oficial do Facebook. Morre três semanas depois de ter lançado o último trabalho, intitulado "You Want it Darker". Na canção que dá nome ao disco, ouve-se "I'm ready my Lord" (Estou preparado Senhor). À revista New Yorker disse-o com todas as letras. Aos 82 anos, Leonard Cohen estava preparado para morrer. 

Ainda que as causas da morte do músico não tenham sido reveladas pela editora, a Sony Music do Canadá, sabe-se que a saúde de Leonard Cohen era frágil.

"É com profundo pesar que informamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen morreu. Perdemos um dos músicos mais admirados e um visionário. Um memorial terá lugar em Los Angeles. A família pede privacidade neste momento de dor", lê-se na mensagem partilhada na rede social.

 

Cantor, compositor, poeta, romancista, Leonard Cohen é mais de que uma lenda da folk, é um artista ímpar cuja influência atravessa gerações.

Morre apenas três semanas depois de ter lançado o último disco, "You Want it Darker", um álbum onde a poesia melancólica das suas canções adquire o tom de uma viagem espiritual: Deus, a velhice, a morte. E Cohen assume-o: estava preparado para morrer. "I'm ready, my lord" (estou preparado, senhor), afirma-o em inglês e em hebraico com "Hineni, hineni", uma expressão biblíca usada na passagem em que Abraão é chamado a sacrificar o filho.

A ideia foi repetida, com todas as letras, à revista New Yorker, que, por ocasião do lançamento do álbum, a 21 de outubro, publicou uma grande entrevista com o músico. Um artigo onde Cohen explicou que a fragilidade do seu estado de saúde o restringia à rotina no apartamento em que vivia, em Los Angeles - razão pela qual não iria apresentar o disco em digressão.

"Estou pronto para morrer. Espero que não seja demasiado desconfortável", afirmou à publicação.

 

Poesia, romances e canções que ficarão para a história

Leonard Cohen nasceu em Westmount, no Quebec, no seio de uma família de judeus, oriunda da Polónia. Frequentou a Universidade McGill e formou uma banda de folk chamada Buckskin Boys na adolescência. Mas depois, inspirado pela obra do autor espanhol Federico Garcia Lorca, foi à literatura que se dedicou.

É autor de livros de poesia e romances, incluindo as obras que escreveu na ilha grega de Hydra, "Flowers for Hitler" (1964), "The Favourite Game" (1963) e "Beautiful Losers" (1966). Mas o reconhecimento literário só veio mais tarde - em 2011 ganhou mesmo o Prémio Príncipe das Astúrias - e, na altura frustrado com as fracas vendas das suas obras, acabou por mudar de rumo ainda na década de 60.

Foi para Nova Iorque em 1966, onde conheceu figuras da cena cultural e artística da cidade como Judy Collins, Nico ou Andy Wharol. E foi a partir daí que se dedicou à composição de canções, inspirado no universo da folk e no do rock.

Editou o primeiro álbum "Songs of Leonard Cohen" em 1967, em 1969 lançou "Songs from a Room" e em 1971 "Songs of Love and Hate".

No total, lançou 14 discos e dezenas de canções que ficarão para a história: “So Long, Marianne”, “Famous Blue Raincoat”, “Avalanche”, "Suzanne". E um hino a distinguir-se dos demais, pela sua tremenda popularidade: "Hallelujah", do álbum "Various Positions" (1984).

 

 

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