Morreu o compositor Filipe Pires - TVI

Morreu o compositor Filipe Pires

Eletroácustica (Reprodução)

Pioneiro da música eletroacústica em Portugal tinha 80 anos e estava hospitalizado no Porto

O compositor português Filipe Pires, um dos pioneiros da música eletroacústica em Portugal, morreu este domingo, no Hospital de São João, no Porto, aos 80 anos, confirmou à Lusa uma fonte da família.

Nascido em junho de 1934, em Lisboa, Filipe Pires completou os cursos superiores de Piano e de Composição no Conservatório Nacional, tendo continuado os estudos em Hannover e em Salzburgo, de 1957 a 1960, segundo a biografia do Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa.

O também professor visitou os cursos de Darmstadt, entre 1963 e 1965, onde lecionavam compositores como Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen, e foi, mais tarde, bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, sob direção de Pierre Schaeffer, criador da designada «música concreta».

De volta a Portugal, Filipe Pires deu aulas em diversos estabelecimentos de ensino como o Conservatório de Música do Porto, o Conservatório de Lisboa (onde introduziu a disciplina de Eletroacústica), o Conservatório Regional de Braga, entre outros, além de ter feito parte da equipa fundadora da agora Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE) do Porto.

«É um dos compositores portugueses mais importantes do século XX, foi pioneiro da música eletroacústica em Portugal», disse à Lusa a pianista Madalena Soveral, que interpretou várias das composições de Filipe Pires.

Também a Casa da Música lamentou a morte de Filipe Pires, recordando que o compositor apresentou, em 2011, uma obra encomendada pela instituição, de nome “Imagens Sonoras”.

Madalena Soveral sublinhou que Filipe Pires é dos compositores que possuem «uma linguagem extremamente maleável e musical» e que integrou no seu trabalho «quase todas as técnicas do século XX».

Por seu lado, a professora Maria Teresa Macedo, que com Filipe Pires fez parte da equipa fundadora da ESMAE, referiu à Lusa que o compositor desenvolveu o seu talento «até se tornar num dos maiores compositores portugueses», ainda que a sua obra não esteja divulgada.

«O Porto deve-lhe muito e os compositores portugueses devem-lhe muito e a música portuguesa deve-lhe muito», declarou a professora.

A missa de corpo presente do compositor vai realizar-se na segunda-feira, às 10:30, na Igreja da Areosa, no Porto, de onde, em seguida, o funeral partirá, para Penafiel.
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