Músico de jazz Ellis Marsalis morreu infetado com Covid-19 - TVI

Músico de jazz Ellis Marsalis morreu infetado com Covid-19

  • CE
  • 2 abr 2020, 09:10
Ellis Marsalis

Tinha 85 anos e estava hospitalizado desde sábado

O pianista de jazz Ellis Marsalis, nome histórico de Nova Orleães, professor de gerações e pai dos músicos Wynton e Branford Marsalis, morreu na quarta-feira, aos 85 anos, infetado com a Covid-19, anunciou o filho Branford.

Ellis Marsalis, pianista e compositor com mais de 20 discos gravados nas últimas décadas, é pai do trompetista Wynton Marsalis e do saxofonista Brandford Marsalis.

É com grande tristeza que anuncio a morte do meu pai, Ellis Marsalis Jr., após complicações de saúde devido ao coronavírus", escreveu o filho numa nota publicada na internet.

Ellis Marsalis estava internado desde sábado num hospital de Nova Orleães, no Louisiana.

O meu pai era um génio da música e um pai extraordinário" acrescenta Brandford Marsalis na mesma nota.

O trompetista  Wynton Marsalis publicou na conta que mantém na rede social Twitter fotografias do pai com o epitáfio "Ellis Marsalis, 1934-2020 / Morreu como viveu: aceitando a realidade".

Nascido em novembro de 1934, em Nova Orleães, filho de um dos primeiros proprietários negros da cidade, Ellis Marsalis frequentou o ensino particular e teve a formação clássica de música, arredada do jazz que dominava a cidade, naquela década.

O apelo pelo som das 'big bands' foi maior, e o jovem Ellis Marsalis acabou a acompanhar músicos locais, com o seu primeiro instrumento, o saxofone tenor.

A opção pelo piano viria mais tarde, na década de 1950, quando estudava música, na Universidade Dillard, no Louisiana, e se afirmava admirador dos heróis do 'bebop', como o saxofonista Charlie Parker e o pianista Thelonious Monk.

Data dessa época o encontro com o baterista Ed Blackwell e o saxofonista Harold Battiste. A etapa seguinte seria Los Angeles, onde se cruzou com Ornette Coleman.

Mobilizado para a Marinha, na Califórnia, passou a ser o pianista de The Corp Four. Terminado o serviço regressou à terra natal, onde se fixou e se cruzou com todos os gigantes do jazz, como músico e como professor, dos seus contemporâneos Cannonball e Nat Adderley, às novas gerações de Marcus Roberts e Courtney Pine.

Professor, durante décadas, no New Orleans Center for Creative Arts, da Universidade de Nova Orleães, e na Xavier University, teve por discípulos músicos como Terence Blanchard, Donald Harrison Jr. e Harry Connick Jr.

Os seus filhos Wynton, Branford, Delfeayo e Jason Marsalis, todos músicos, declararam a importância de Ellis Marsalis na sua formação, e na sua capacidade de adaptação da música erudita ao jazz.

O Lincoln Center, de Nova Iorque, que tem em Wynton Marsalis o diretor artístico, publicou no seu 'site' uma mensagem de "adeus, com tristeza e pesar a Ellis Marsalis, um dos artistas e mais importantes professores de música de todos os tempos". A câmara de Nova Orleães lamenta a morte de "uma lenda" da cidade,

Entre os álbuns de Ellis Marsalis destacam-se "Swingin' at Home", "Mozart'in", "Solo Piano Reflections", "A Night At Snug Harbor", "King Midas And The Golden Touch", "Return To The Wide Open Spaces", "A New Orleans Christmas Carols", "Pure Pleasure For The Piano". Entre os mais recentes contam-se "An 80th Birthday Celebration" e a gravação ao vivo no New Orleans Jazz & Heritage Festival, publicado em 2017.

Gravou com os filhos ("Fathers & Sons", "Loved Ones", "Joe Cool's Blues"), também com gigantes do jazz como o baterista Art Blakey, e músicos de outras áreas como o violoncelista Yo Yo Ma.

"Um som luminoso e uma compreensão profunda do piano", escreve o Dicionário de Jazz da Bouquins, que reconhece em Ellis Marsalis "o melhor pianista de Nova Orleães".

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