Carlos Paredes reeditado internacionalmente 40 anos depois - TVI

Carlos Paredes reeditado internacionalmente 40 anos depois

«Movimento Perpétuo», de Carlos Paredes

«Guitarra Portuguesa» e «Movimento Perpétuo» chegam com o selo da Drag City Records

Os dois primeiros álbuns de Carlos Paredes, «Guitarra Portuguesa» e «Movimento Perpétuo» são reeditados nesta segunda-feira a nível internacional. Esta reedição em vinil, pela editora Drag City Records, acontece mais de 40 anos depois da primeira edição internacional

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Apesar de incluírem as versões remasterizadas das gravações do guitarrista, as capas serão reproduções fiéis das originais, o que exigiu um esforço adicional à editora independente norte-americana. «Tivemos alguns problemas em obter as fotografias originais», disse à agência Lusa o responsável pela editora da Europa, Fred Somsen, que coordenou este projeto.



Para o «Movimento Perpétuo», de 1971, as fotografias foram encontradas nos arquivos da Valentim de Carvalho, em Portugal, mas para o disco de estreia, mais antigo, datado de 1967, foi mais difícil. «Tivemos de comprar uma cópia original do «Guitarra Portuguesa» na Internet e digitalizar com a melhor qualidade possível», contou.

O objetivo foi respeitar as primeiras edições destes álbuns, que se tornaram uma raridade e são difíceis de comprar. Nas capas estarão autocolantes com uma apresentação bilingue em inglês e português ao «Homem dos Mil Dedos». Todos os encartes serão também no português original e incluem um texto bilingue do compositor Alain Oulman, que saiu com «Guitarra Portuguesa«.

A escolha do lançamento em Novembro tem em mente a época de Natal, que pode proporcionar mais vendas, admitiu Somsen. Mas com uma tiragem de apenas mil cópias de cada e uma distribuição que será sobretudo feita em lojas especializadas, o retorno financeiro não é o mais importante.



«A editora é pequena e não o faz para ganhar dinheiro, mas pelo prestígio e porque temos alguns artistas que são admiradores», justificou. Um dos promotores da ideia foi Ben Chasny, guitarrista dos Six Organs of Admittance, que conheceu o trabalho do guitarrista conimbricense durante uma passagem por Lisboa.

«Penso que os álbuns ainda são relevantes porque, desde a altura em que foram lançados, mais ninguém fez álbuns ou escreveu melodias como as de Paredes», afirmou à Lusa. Para este artista, «há um estado de espírito» criado pela música do mestre da guitarra portuguesa que identifica como o «eco do próprio Portugal, uma repercussão que se manifesta nas cordas da sua guitarra».

Apreciado por Will Oldham e Richard Bishop, entre outros guitarristas, o trabalho de Carlos Paredes, que morreu em 2004, ganhará uma nova projeção com esta reedição dos discos. A revista «Mojo» tem prevista uma crítica num dos próximos números sobre esta edição e há interesse das publicações especializadas «Record Collector» e «Wire».

Apesar de estar mais ligada ao rock independente, a Drag City tem, à semelhança do que faz agora com Paredes, reeditado álbuns em vinil de outros artistas internacionais.
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