O cantor Roberto Leal morreu na madrugada deste domingo em São Paulo, no Brasil, disse à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Tinha 67 anos.
Queria dizer que se trata de uma perda profunda para a comunidade portuguesa, para a que vive no Brasil e mais especificamente em São Paulo”, disse à Lusa José Luís Carneiro, adiantando que Roberto Leal era um símbolo da simbiose entre a música tradicional e popular portuguesas e as várias manifestações culturais existentes no Brasil.
O artista lutava há dois anos contra um cancro, que lhe afetava a visão e o andar.
Estava internado num hospital de São Paulo, no Brasil, desde quarta-feira.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas recordou uma conversa que teve recentemente com o cantor, que lhe contou o seu percurso de vida.
Para José Luís Carneiro, a história de vida de Roberto Leal revela um homem determinado que viveu o preconceito quando chegou ao Brasil, tendo conseguido impor-se.
Conseguiu afirmar-se pelo seu mérito e trabalho e ganhar respeito da comunidade brasileira e o respeito e admiração de muitos portugueses de diferentes gerações que estão atentos à sua criação cultural e artística”, disse.
José Luís Carneiro considera que Roberto Leal é um símbolo de uma geração de portugueses que saíram do país na década de 50 e 60, viveram muitas dificuldades e conseguiram vencer o preconceito tornando-se um exemplo em vários planos.
O secretário de Estado disse ainda ter apresentado as condolências do governo português à família do cantor, que considera ser “um símbolo para os que passaram as mesmas dificuldades e conseguiram vencer todos os obstáculos”.
O cantor Roberto Leal - nome artístico de António Joaquim Fernandes - emigrou para o Brasil aos 11 anos, em 1962, juntamente com os pais e nove irmãos.
Em São Paulo, após trabalhar como sapateiro e vendedor de doces, iniciou a carreira de cantor.
O velório do cantor vai decorrer na segunda-feira, na Casa de Portugal, na região central de São Paulo, no Brasil, a partir das 07:00 (11:00 em Lisboa), segundo o Jornal Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal brasileiro, o velório decorre até às 14:00 e o funeral está marcado para as 15 horas, no Cemitério Congonhas, na zona sul de São Paulo.
Ainda segundo o Folha de S. Paulo, que cita o empresário do cantor, Roberto Leal estava internado desde o dia 9 de setembro e teve falência múltipla de órgãos.
Casado há 45 anos com Marcia Lucia, Roberto Leal é pai de três filhos nascidos no Brasil, e tem dois netos.
Dividiu a sua carreira entre Portugal e o Brasil, mas teve ainda passagens na política, no cinema e na televisão.
O cantor nasceu em Portugal, na aldeia transmontana Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros, de onde em 1962 emigrou aos onze anos para o Brasil, com os pais e os nove irmãos.
Gravou o seu primeiro disco em 1970.
Um ano depois, alcançou o seu primeiro grande êxito com “Arrebita” e teve a sua primeira experiência na televisão brasileira, vindo a repeti-la em 2011, em Portugal, ao participar no programa da RTP “O Último a Sair”.
"Arrebenta a Festa" foi o último disco editado em 2016 de uma discografia com mais de 50 discos.
Vendeu mais de 17 milhões de discos, conseguiu 30 Discos de Ouro e cinco de platina e ganhou vários prémios, entre os quais o Troféu Globo de Ouro, da TV Globo, em 1972.
Em 1979, protagoniza o filme “O Milagre – o Poder da Fé”, uma história autobiográfica sobre a sua família e o culto pela fé.
Em 2011, publicou a sua autobiografia em Portugal e no Brasil.
Roberto Leal passou também pela política. Em 2018, candidatou-se a deputado estadual em São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro.
Em Portugal, aderiu ao PSD em 1991 e deu espetáculos durante a campanha para as eleições legislativas de 1991 e participou em comícios nas de 1995.
A sua carreira foi repartida entre Portugal e o Brasil, onde residia, apresentando-se como embaixador da cultura portuguesa no Brasil.
Deu também espetáculos em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.