«É um disco onde tentamos objectivar um bocadinho mais nas canções, ser mais directos, mais simples, fazer um esforço de concisão que nunca fomos muito capazes de fazer. E foi esse, se calhar, o grande desafio para este disco: fazer mais canções, com maior respeito pela melodia, com alguma luz, com algum divertimento. O ambiente dos Blind Zero, ao longo dos anos, sempre foi muito negro e eu acho que nós, de certa forma, agora conseguimos acinzentar o negro», revelou o vocalista Miguel Guedes ao IOL Música.
Após um arranque difícil, em que a banda chegou a temer o fim, a vontade de fazer coisas diferentes acabou por resultar num novo projecto, que chegou a ser anunciado para 2009.
«Nós falávamos placidamente sobre a morte. Tivemos uma espécie de impasse criativo no início do disco... Andámos muito tempo sem saber muito bem o que fazer ou como fazer. Quando voltávamos ao estúdio as coisas não aconteciam como nós queríamos e tínhamos muita dose de arrependimento e incerteza. Mas é um disco também muito feliz nesse sentido, porque é um disco onde nós acabamos por nos reencontrar. E agora estamos muito contentes por nos termos arrependido muitas vezes do que estávamos a fazer», confessou.
Juntos há cerca de 16 anos, o segredo dos Blind Zero passa por não se repetirem e tentarem sempre surpreender o público.
«As pessoas que se habituaram a ouvir Blind Zero sabem que nós vamos mudando muito de disco para disco e fazemos questão disso. Não quero que as pessoas nos revejam no passado. Não é que nós sejamos uma banda camaleão, mas acho que temos obrigação de tentar ser vitais. E por isso não lutamos contra o tempo, mas sim contra a nossa inspiração ou falta dela», afirmou o vocalista.
Satisfeita com o resultado final deste disco, a banda volta agora aos palcos para apresentar os novos temas.
«Andámos cinco anos a tocar músicas de 2003 e 2005... Mas agora apetece-me tocar o disco novo todo, apesar de termos noção de que as pessoas querem ouvir algumas coisas passadas e nós também queremos tocar algumas coisas passadas», adiantou.
Mas será «Luna Park» o melhor álbum dos Blind Zero?
«Não sei, não sei... Posso dizer que nunca saí tão satisfeito de um disco como deste. Acho que vai ser um disco que vou conseguir transportar comigo, sem grande dose de arrependimento, durante uns anos. Depois... espero arrepender-me», concluiu, em tom de brincadeira, Miguel Guedes.
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