Super Bock Super Rock dançou com os Arctic Monkeys - TVI

Super Bock Super Rock dançou com os Arctic Monkeys

Primeiro dia do festival contou com o regresso bem sucedido da banda britânica ao Meco. Em contraste, Azealia Banks foi um tiro ao lado

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«Meco, sol e rock 'n' roll» é o lema do festival. É certo que sol foi coisa que não vimos neste primeiro dia do 19º Super Bock Super Rock, mas o rock voltou definitivamente à Herdade do Cabeço da Flauta, perto da praia do Meco.

Os Arctic Monkeys regressaram ao local do crime, dois anos depois, para assinarem mais uma vibrante e competente atuação. Foram eles, afinal, os principais responsáveis pelo avolumar da plateia em frente ao palco principal quando já passava da 1h00 da manhã.

Perante grande parte dos 27 mil festivaleiros presentes no recinto (números da organização), a banda britânica apresentou algumas novidades a incluir em «AM», o álbum que chega às lojas em setembro, e recordou êxitos de outros tempos.

O compasso vagaroso, mas sedutor, de «Do I Wanna Know?» abriu lentamente as portas para 80 minutos de alguma da melhor música rock feita na última década. O single de apresentação do novo álbum já está espalhado o suficiente entre os fãs mais devotos, que entoaram nas gargantas os riffs da guitarra de Turner e souberam acompanhar o vocalista no refrão.

Não tardou para que os Arctic Monkeys fizessem do Meco a sua pista de dança, disparando tiros certeiros com «Brianstorm» e «Dancing Shoes». A resposta entusiasmada do público incluiu uma tocha vermelha que coloriu por alguns segundos o escuro da plateia.

«Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair», «Crying Lightning» e «Brick By Brick» foram alguns dos temas que a banda trouxe dos dois mais recentes discos, influenciados pelo deserto do sul da Califórnia e pelo «tio» Josh Homme, dos Queens of the Stone Age.

Um rock mais maduro e mais trabalhado na guitarra solo, em contraste com os primeiros anos de adolescência dos Arctic Monkeys que continuam a acordar qualquer festival com a juventude vibrante de «I Bet You Look Good On The Dancefloor» ou «Fluorescent Adolescent».

«R U Mine?», a anteceder o encore, e «Mad Sounds», a abri-lo, voltaram a servir de aperitivo para o novo álbum que aí vem. A fechar, uma última explosão de energia com «When The Sun Goes Down» e a despedida final com «505», a convidar a névoa que depois das 2h00 começou a cobrir o recinto.

Mais falador do que o habitual, Alex Turner é o espelho vivo da evolução e maturação dos Arctic Monkeys - continua com cara de miúdo, mas as roupas (fato impecável) e o cabelo (moldado com brilhantina) revelam influências de décadas longínquas que alimentam, e bem, o rock feito em 2013.

Também entre o passado e o presente, mas neste caso vivido pelo próprio, Johnny Marr foi outra das atrações neste primeiro dia de Super Bock Super Rock. O guitarrista dos extintos The Smiths trouxe consigo aquele que é o seu primeiro álbum a solo, «The Messenger», tocando metade das 12 canções, e acrescentou-lhes quatro temas resgatados à prolífica dupla criativa que manteve com Morrissey.

Foram, portanto, as chamadas aos anos 1980, como «Stop Me If You Think You've Heard This One Before» e «How Soon Is Now», que mantiveram realmente o interesse de um público pouco conhecedor do trabalho a solo do guitarrista.

Os fãs dos The Smiths que perderam o concerto (cancelado) de Morrissey em Cascais, em 2012, foram recompensados com o ressuscitar, por exemplo, de «There Is a Light That Never Goes Out», pela voz de Johnny Marr.

O périplo pelo rock também se fez em português (cantado em inglês) com as Anarchicks e Mazgani. As primeiras abriram o Palco Super Bock com energia punk, enquanto que o blues e a soul do luso-iraniano foram uma boa alternativa no Palco Antena 3 @Meco a quem quis evitar Azealia Banks.

A norte-americana não se encaixou, claramente, na toada mais rock do festival, e nem sequer convenceu enquanto artista ao vivo. A mistura de hip-hop com eletrónica tem resultado bem nos singles já conhecidos (alguns deles celebrados com dança na plateia), mas em palco terá ficado mais na memória o revelador vestido (podemos chamar-lhe vestido?) de Azealia do que os 40 minutos de concerto.
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