Paredes de Coura 2010: dia quente, noite de rock à inglesa - TVI

Paredes de Coura 2010: dia quente, noite de rock à inglesa

  • João Silva
  • Manuel Lino (fotos) e Luís Silva (vídeo)
  • 30 jul 2010, 06:42

The Cult recordaram êxitos e Gallows e Enter Shikari incendiaram os ânimos dos festivaleiros

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Calor, muito calor, marcou a segunda etapa do Paredes de Coura 2010. Depois do arranque com a «noite de recepção ao campista» reservada apenas ao Palco After-Hours, o recinto abriu esta quinta-feira na sua totalidade e o anfiteatro natural do festival voltou a receber uma pequena multidão sob um sol abrasador e temperaturas a rondar os 40ºC.

Os festivaleiros preferiram as margens do rio durante as primeiras horas de concertos. O Palco IberoSounds esteve praticamente «às moscas» e tanto os Lost Park (17h45) como os Nouvelle Cuisine (16h45) não chegaram a actuar perante mais do que algumas dezenas de pessoas.

No palco principal, já depois das 18h30, as norte-americanas Vivian Girls lidaram com o mesmo problema, mas não pareceram incomodadas com a falta de público à sua frente. De postura tímida mas simpática, as três miúdas de Brooklyn trouxeram canções indie pop simples e despretensiosas, que pecam apenas pelo repetitivo registo vocal monocórdico.

Eli 'Paperboy' Reed foi a primeira boa surpresa do festival, animando a jovem plateia com música soul de outros tempos. Se o músico de 26 anos é uma autêntica personagem por si só - não lhe faltando a popa, os óculos escuros Ray Ban e a voz cheia de alma -, também a sua banda, The True Loves, deu nas vistas pela qualidade musical e por ter entrado em palco em roupa interior.

«(Doin' The) Boom Boom», «Name Calling» e «Come And Get It» marcaram um concerto que merece repetição futura no nosso país numa sala de espectáculos.

Outra das várias estreias em Portugal neste festival, os britânicos Gallows deram luz verde ao mosh e crowd surfing. Punk hardcore raivoso com os dentes à mostra e pronto a instigar a plateia.

Em menos de uma hora, a banda liderada pelo franzino mas temível Frank Carter apresentou dois discos de estúdio, com passagens por «London Is The Reason» e «Abandon Ship», e criou uma das maiores zonas de mosh alguma vez vistas em Paredes de Coura.

Do hardcore mais puro dos Gallows passou-se para o cruzamento com a música electrónica pelas mãos dos Enter Shikari. Na segunda actuação no nosso país, o grupo inglês revelou que a máquina de palco está bem oleada e recomenda-se na hora de incendiar um público que já parece esperar ansiosamente pelos The Prodigy.

De facto, foi em momentos de pura rave tecno que os Enter Shikari fizeram levantar muita poeira à sua frente, como em «Mothership», «Zzzonked» ou «Juggernauts». Mas foi com «Sorry You're Not a Winner» que os Enter Shikari provaram já ter bastantes fãs portugueses atentos ao seu trabalho - o single de 2006 continua a ser o preferido de quem os segue com palmas compassadas no momento certo.

Com mais 20 anos de concertos nos pés do que os seus antecessores, os The Cult assumiram o título de cabeças-de-cartaz da noite sem grandes vedetismos. Ian Astbury foi discreto e competente no seu papel de frontman, sempre apoiado pelo companheiro de longa data, o guitarrista Billy Duffy.

Apesar da juventude nas fileiras da frente da plateia, clássicos como «She Sells Sanctuary», «Rain» e «Fire Woman» são suficientemente intemporais para agitarem novos e velhos fãs de uma das mais conhecidas bandas de hard rock inglesas do anos 1990.

A recepção calorosa valeu um sincero «obri-fucking-gado» de Billy, que aos 49 anos continua a fazer as delícias dos amantes de uma boa guitarrada rock.

Em anti-clímax roqueiro surgiu o canadiano Caribou e a sua electrónica com contornos psicadélicos. Durante cerca de uma hora, o canadiano e a sua banda levaram os mais resistentes por uma viagem intensa para uns e sonolenta para outros.

Para os que não quiseram regressar às tendas ainda houve mais música no Palco After-Hours a partir das 02h00 da manhã com We Have Band, Best Coast e DJ Coco. O recinto do festival esteve longe de estar cheio, mas ainda assim a organização do Paredes de Coura falou em 18 mil pessoas neste segundo dia de música.
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