Os discos «do tempo do vinil» (vídeo) - TVI

Os discos «do tempo do vinil» (vídeo)

Recorda os discos «do tempo do vinil» PLAY_VIDEO

Colecção recupera clássicos dos UHF, Quarteto 1111, Telectu e Quinteto Académico

Na era do digital, em que o MP3 ameaça seriamente o reinado de duas décadas do CD, os jornalistas Jorge Mourinha ( Público) e Miguel Francisco Cadete ( Blitz) decidiram ressuscitar alguns dos clássicos da música portuguesa que até agora apenas tinham sido editados em vinil.

Depois de uma primeira «fornada» com discos de Jorge Palma, GNR, Manuel Moura Guedes, e Tantra, a colecção «Do Tempo do Vinil» editou em Maio obras do Quarteto 1111, Quinteto Académico, Telecto e UHF.

«Sabíamos que as pessoas andavam com alguma curiosidade em ouvir [os discos], mas por uma razão ou por outra não os conseguiam encontrar», explicou Jorge Mourinha ao IOL Música.

«Quisémos trazê-los cá para fora e mostrar às pessoas que existia alguma coisa antes do Rui Veloso, dos Tantra e dos UHF», acrescentou.



O período-chave dos UHF

Talvez o disco mais esperado desta segunda edição da colecção «Do Tempo do Vinil», «Os Anos Valentim de Carvalho», dos UHF, reúne todas as gravações realizadas entre 1980 e 1982, por muitos considerado como o período-chave da carreira da banda. Do disco duplo faz parte uma versão nunca editada de «Cavalos de Corrida» gravada em 24 pistas.

«Esta edição explica muito bem porque é que os UHF tiveram o peso que tiveram no rock português dos anos 1980. Até porque depois do Rui Veloso eles foram a segunda banda a disparar em termos de vendas, antes dos Táxi e dos Trabalhadores do Comércio. Eles foram a segunda banda a vender discos muito a sério», resumiu Jorge Mourinha.

O vanguardismo do Quarteto 1111 e dos Telectu

Lançado em 1975, «Onde Quando Como Porquê Cantamos Pessoas Vivas», a obra-ensaio de José Cid e do Quarteto 1111, é composta por uma única longa peça de 30 minutos. «Em plena altura da música de intervenção e pós-25 de Abril, as pessoas não estavam viradas para um disco de rock progressivo cantado em português», contou o co-coordenador do projecto editado pela iPlay.

Igualmente à frente do seu tempo, os Telectu - banda formada por Jorge Lima Barreto e o então guitarrista dos GNR Vítor Rua - lançaram em 1982 «Ctu Telectu», um LP «de vanguarda» e «claramente experimental».

«É um álbum que tem um estatuto verdadeiramente seminal na música moderna portuguesa porque é o ponto em que se prova que havia também espaço para construir música diferente, de vanguarda e com um outro impacto e longevidade do que apenas a mera cançãozinha de três minutos para tocar na rádio.»

A «escola de músicos» Quinteto Académico

Quanto ao Quinteto Académico, uma autêntica «escola de músicos», é agora recordado através de «Train», que recupera a totalidade das gravações realizadas para a Valentim de Carvalho entre 1966 e 1968.

Para Jorge Mourinha, este é um disco que poderá surpreender muitas pessoas: «Ao contrário daquela estética Yé-Yé que as pessoas identificam com os Sheiks ou com o Conjunto Académico João Paulo, o Quinteto Académico tinha uma abordagem mais dura, muito mais próxima do jazz, da soul e do rock n roll mais básico».

Petrus Castrus, Né Ladeiras, Rockivarius, Lena d'Água e Conjunto Académico João Paula deverão ser os próximos artistas a ser recordados na terceira colecção «Do Tempo do Vinil».

Vê aqui o vídeo da reportagem «Do Tempo do Vinil».
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